Edusp dá salto internacional com participação na Feira de Frankfurt

O público teve a oportunidade de apreciar os livros de arte, literatura, música, história, arquitetura, economia e, ao mesmo tempo, participar das palestras e das conversas com alguns dos autores dos 150 títulos apresentados.

Leila Kyomura/ Jornal da USP

Foto: Carla Fontana Nádia Batella Gotlib
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Edusp na Feira do Livro de Frankfurt: Mayra Laudanna, do IEB, apresenta palestra

A pesquisa, criatividade e o primor editorial que caracterizam os livros da Editora da USP (Edusp) surpreenderam os 300 mil leitores que se reuniram, de 9 a 13 de outubro, na Feira do Livro de Frankfurt, a maior vitrine literária do mundo. O público teve a oportunidade de apreciar os livros de arte, literatura, música, história, arquitetura, economia e, ao mesmo tempo, participar das palestras e das conversas com alguns dos autores dos 150 títulos apresentados.

“Foi muito bom acompanhar o interesse das pessoas folheando os livros e se reunindo para acompanhar a nossa programação”, observa Plinio Martins Filho, presidente da Edusp. “Pude constatar o interesse pelo nosso país e por sua cultura. Todos os temas brasileiros chamaram a atenção. Editores e pesquisadores do mundo inteiro elogiaram a qualidade editorial dos nossos livros.”

O embaixador Renato Prado Guimarães, coordenador do Programa USP Internacional, também acompanhou satisfeito o interesse do público pelos livros publicados na Universidade. “A participação da Edusp é uma estratégia importante na internacionalização da Universidade”, diz. “Foi uma oportunidade de mostrar a produção dos pesquisadores da Universidade e, ao mesmo tempo, apresentar a USP como uma das mais importantes universidades do mundo.”

O evento reuniu 7.500 expositores de 110 países e o Brasil foi o país que os organizadores da Feira de Frankfurt escolheram para homenagear. “Espero que os autores e pesquisadores aproveitem essa boa maré, pesquisando e divulgando a nossa cultura”, incentiva Martins.

Programação

Foto: Carla Fontana Rubens Ricupero e Nádia Batella Gotlib
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Marisa Midori Deaecto, da ECA

A Edusp levou para Frankfurt livros representativos da cultura e da sociedade brasileira e discutiu reflexões que estão no cotidiano das pesquisas da Universidade. Marisa Midori Deaecto, professora da Escola de Comunicações e Artes (ECA), abriu a programação apresentando o papel das editoras universitárias, o catálogo da Edusp e o mercado editorial.

O ex-reitor e professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) Jacques Marcovitch apresentou o tema O quão factível é a administração da Amazônia?. Ele observou que a floresta tropical amazônica, assunto de interesse mundial, proporciona bens e serviços de valor incalculável para o planeta, como a reciclagem de nutrientes, a formação do solo, o balanceamento do ciclo das águas, o controle da poluição e a regulação do clima global. “Ainda que seja controverso definir preços para tais serviços, estudos científicos estimam altos valores para a flora, a fauna e a humanidade, e grande parte do valor global e regional da floresta tropical é associada ao papel vital que desempenha na regulação do ciclo de águas da América Latina, bem como sua reserva de carbono, dentre outros processos de importância ambiental”, explicou Marcovitch.

Também o embaixador Rubens Ricupero, presidente da Comissão Editorial da Edusp, traçou um panorama do cenário econômico e político do País nos dias atuais e nos últimos anos, e apontou alguns dos desafios que o País deverá enfrentar: a redução dos déficits educacionais e os investimentos em áreas específicas como a de energia. “Os protestos de junho no Brasil tiveram, entre outras bandeiras, a de redução dos gastos com as obras de infraestrutura para a Copa do Mundo em 2014. Além da Copa, também será um ano de eleições, e esse é mais um desafio colocado para o futuro próximo”, comentou.

Foto: Divulgação
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Rubens Ricupero e Nádia Batella Gotlib

Entre os destaques da literatura brasileira, a programação apresentou a vida e a obra de Clarice Lispector, abordada pela pesquisadora Nádia Batella Gotlib, que percorreu os locais que tiveram significado na trajetória da autora, em busca de documentos e fotos. Em uma mostra da arte brasileira, Mayra Laudanna, professora do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB), apresentou a palestra Uma visão da gravura brasileira do início do século 20 aos anos 60, com ilustrações de obras representativas dos artistas. Falou sobre o início da gravura brasileira com Carlos Oswald, no decênio de 1930, e da emergência da gravura como arte, entre os decênios de 1930 e 1960, a partir de várias iniciativas de instituições e de artistas.

Também Luis Krausz, professor da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH), abordou em sua palestra um gênero analisado em seu livro Passagens: Literatura Judaico-Alemã entre Gueto e Metrópole. “Trata-se da Ghettoliteratur, gênero literário do mundo de língua alemã que tem como tema central os conflitos que resultaram da emancipação judaica, quando esse povo deixou de lado os guetos e aldeias isoladas e integrou-se na cultura urbana e liberal do século 19 e início do 20”, observou. Krausz mostrou como a Ghettoliteratur antecipou temas que ocupam lugares centrais na literatura judaica de todo o século 20, como a crise de valores do mundo moderno, o abandono dos princípios e dos parâmetros religiosos e o exílio. O estudo do tema traz um novo olhar sobre a obra de autores importantes, como Alfred Döblin, Arthur Schnitzler, S. Y. Agnon e Franz Kafka.

A viola caipira de Ivan Vilela, professor da ECA, encerrou a programação da Edusp. “Fiquei impressionado e emocionado com a reação do público. Todos ouviram com muita atenção Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira, e Viola Quebrada, de Ary Kerney e Mário de Andrade, entre outras composições”, lembrou o professor.

Vilela, mineiro de Itajubá, apresentou também a história da música e viola caipiras. E lançou seu livro Cantando a Própria História: Música Caipira e Enraizamento, no qual estuda a evolução da viola desde suas origens árabes e ibéricas até os dias atuais, detalhando aspectos técnicos do instrumento, a riqueza de variações, as afinações, para em seguida voltar seu olhar para o violeiro em seu processo de passagem da zona rural para a urbana. O livro é acompanhado do CD Paisagens, com músicas de sua autoria e de outros compositores.

Prêmio Jabuti

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Foto: Divulgação
Obra ganhou prêmio na categoria Artes e Fotografia

O brio da Edusp está na conquista do Prêmio Jabuti 2013. “A editora foi reconhecida com a indicação em diversas áreas e premiada nas categorias Arquitetura e Urbanismo, Artes e Fotografia, Ciências Humanas, Ciências Naturais e Teoria e Crítica Literária”, comemora o professor Plinio Martins Filho, presidente da Edusp. “A história da Edusp é pontuada pelo Jabuti e desde a criação de seu departamento editorial próprio, em 1988, já publicou mais de 1.300 títulos, recebendo inúmeros prêmios.”

Os livros e autores premiados são: Design sem Fronteiras: A Relação entre o Nomadismo e a Sustentabilidade, de Lara Leite Barbosa (categoria Arquitetura e Urbanismo); Estou Aqui. Sempre Estive. Sempre Estarei. Indígenas do Brasil. Suas Imagens (1505-1955), de Carlos Eugênio Marcondes de Moura (Artes e Fotografia); O Profeta e o Principal: A Ação Política Ameríndia e seus Personagens, de Renato Sztutman (Ciências Humanas); Polinizadores no Brasil: Contribuição e Perspectivas para a Biodiversidade, Uso Sustentável, Conservação e Serviços Ambientais, com a organização de Vera Lucia Imperatriz-Fonseca, Dora Ann Lange Canhos, Denise de Araujo Alves e Antonio Mauro Saraiva (Ciências Naturais); Crítica em Tempos de Violência, de Jaime Ginzburg (Teoria e Crítica Literária) e A Narrativa Engenhosa de Miguel de Cervantes: Estudos Cervantinos e Recepção do Quixote no Brasil, de Maria Augusta da Costa Vieira (Teoria e Crítica Literária).

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