Estação Meteorológica aproxima comunidade dos fenômenos do clima

Além do serviço meteorológico, a Estação recebe visitas de escolas, atende pesquisadores e empresas, organiza cursos e também é utilizada nas aulas práticas do curso de Bacharelado em Meteorologia da USP.
Foto: Marcos Santos / USP Imagens
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Embora a agitação dos alunos tome conta dos primeiros momentos da visita à Estação Meteorológica, a apresentação do Termômetro de Galileu – e a possibilidade de tocá-lo – capta a atenção do grupo. As bolhas coloridas do instrumento sobem e descem de acordo com a mudança na temperatura causada pelo contato das mãos dos alunos no tubo de vidro. Quem explica o funcionamento do termômetro é Mario Festa, um dos especialistas do local e responsável pelo Museu de Meteorologia da Estação, que é do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP.

Localizada no Parque de Ciência e Tecnologia (CienTec) da USP, a Estação Meteorológica já foi sede do IAG há alguns anos atrás e desde 1932 vem registrando as observações meteorológicas do local – ao contrário do que muitos pensam, uma estação meteorológica não faz a previsão do tempo, mas coleta dados de onde está instalada que alimentam o serviço de previsão. Além de coletar, tratar e divulgar estes dados, a Estação recebe visitas de escolas, atende pesquisadores e empresas, organiza cursos e também é utilizada nas aulas práticas do curso de Bacharelado em Meteorologia da USP.

Uma das alunas do curso, inclusive, se tornou a primeira meteorologista da Estação. A especialista de laboratório Samantha Martins conta que, como o curso na USP foi criado apenas no final da década de 70, os profissionais que trabalhavam com meteorologia até então eram, em sua maioria, físicos ou engenheiros que se especializavam na área. Durante a visita dos alunos, ela fala sobre a profissão ainda pouco conhecida do público. “Envolve conhecimentos da física, da matemática, de programação, química. E mesmo da biologia, pois os fenômenos da atmosfera afetam a vida na Terra”, explica.

Um dia na Estação

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
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A rotina dos funcionários da Estação é intensa. O trabalho é diário e acontece das 7 horas até à meia noite. De hora em hora, um dos observadores registra em uma caderneta os dados de pressão atmosférica apontados pelo barômetro de Torricelli que fica em uma sala no terraço do edifício. Saindo da sala, ele avalia o tipo, quantidade e localização das nuvens e também a visibilidade no momento, ou seja, a partir de objetos previamente conhecidos, ele classifica em uma escala de zero a sete a distância que sua visão alcança sem o auxílio de equipamentos. “Em um dia com visibilidade cinco, por exemplo, é possível enxergar a avenida Jabaquara. Já em um dia com visibilidade sete, é possível ver também as antenas da avenida Paulista e os contornos da Serra da Cantareira”, explica Samantha.

Após esses registros, o observador desce até o cercado meteorológico, uma espécie de laboratório sem paredes, onde ficam diversos instrumentos de medição. Lá são registrados, por exemplo, a umidade relativa do ar, as temperaturas mínima e máxima e a temperatura do solo. A intensidade e a direção do vento também são registradas na Estação, mas os dados vão direto do anemógrafo, que fica na torre do edifício, para um diagrama que fica na sala do observador.

Ao terminar a coleta de todos os dados, o observador passa as informações de sua caderneta para um diagrama e, depois, do diagrama para uma planilha no computador. Mesmo com os dados registrados digitalmente, todos os diagramas em papel, desde 1933, são guardados em um arquivo. Após essa fase, é Samantha quem vai cuidar das informações colhidas, verificando possíveis erros de leitura e adicionando os dados no sistema.

Ao inserir os dados nesse banco, as informações são automaticamente divulgadas no site da Estação e nas redes sociais, onde os funcionários também respondem perguntas do público e divulgam curiosidades sobre meteorologia.

Meteorologista Amador

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Um dos projetos desenvolvidos pela Estação é o Meteorologista Amador, cujo objetivo é reunir as observações realizadas, principalmente, por escolas, mas também por interessados no assunto. Ao cadastrar-se na página, é possível enviar diversos dados meteorológicos e, depois, compará-los com outras observações feitas no mesmo horário em todo o país. “É interessante para professores desenvolverem atividades com alunos e também uma forma dessas escolas estabelecerem contato conosco”, conta Samantha Martins.

Os professores representam boa parte dos interessados nos cursos que a Estação promove. No começo de 2014, acontecem mais dois cursos de extensão: “Explorando a Meteorologia” e “Treinamento em Observações Meteorológicas de Superfície”, ambos acessíveis ao público geral.

Para quem se interessa por meteorologia, a Estação dispõe também de Museu, que funciona de segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas, e aos sábados, das 9 às 16 horas. O local abriga um acervo instrumental, bibliográfico e iconográfico sobre meteorologia, além de móveis e objetos que revelam a história do Serviço Meteorológico em São Paulo, desde a época em que as medições eram feitas em um observatório na Avenida Paulista. É possível ver, por exemplo, instrumentos de medição antigos, da década de 20. O responsável pelo museu, Mario Festa, explica que muitos deles permanecem praticamente os mesmos hoje em relação à tecnologia. “E a maioria não tem limite de idade. Quando mais nós pudermos explorar o mesmo instrumento, melhor, porque mantemos a homogeneidade das informações”.

A Estação Meteorológica do IAG fica Parque de CienTec, localizado na Av. Miguel Stéfano, 4200, no bairro da Água Funda, em São Paulo. Mais informações na página http://www.estacao.iag.usp.br.

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