Concurso da Poli une ciência e arte em fotografias de microscópios

Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Poli promove competição de fotomicrografias.

portal_eletronica01Para desenvolverem seus estudos, muitos cientistas passam horas e horas observando os mais variados tipos de amostras em microscópios, à procura de evidências que comprovem suas hipóteses. Esse, porém, não é o único uso possível para o aparelho. Através das lentes cristalinas de aumento ou, no caso dos microscópios eletrônicos, das chamadas lentes eletromagnéticas, esses dispositivos conseguem formar imagens impressionantes de coisas extremamente pequenas. Tais imagens são chamadas de “fotomicrografias”.

“Muitas vezes as estruturas que observamos têm nomes científicos complicados, como ferrita, perlita, cementita. Mas, de repente, o pesquisador pode olhar para a imagem e reconhecer algo como, por exemplo, um quadro de um pintor famoso”, comenta André Tschiptschin, professor do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais (PMT) da Escola Politécnica (Poli) da USP.

Utilizando-se deste recurso justamente com a intenção de mostrar que a arte e a ciência podem estar próximas, será realizado neste dia 5 de dezembro a décima segunda edição do Concurso METMAT de Fotomicrografias.

Organizado pelo PMT, e com a liderança do professor André, o evento teve início em 2001 e continua até hoje.

“O departamento, tradicionalmente, já tinha como método de pesquisa a observação da estrutura interior de materiais através de técnicas de microscopia. Então nós começamos a fazer, internamente, exposições dessas imagens. Até que em 2001 resolvemos tornar o concurso oficial. Nós trabalhamos intensamente com essas técnicas de fotomicrografia, e essas fotografias que fazemos, além de terem suas informações técnicas, também possuem seu próprio aspecto artístico”, explica o docente.

Microscopia óptica e eletrônica

Para a inscrição no concurso, as fotomicrografias enviadas são divididas em duas categorias: “Microscopia Óptica” e “Microscopia Eletrônica”. A divisão é feita a partir do aparelho utilizado na produção da imagem, pois, dependendo do tipo de microscópio, tanto os resultados técnicos quanto estéticos sofrem alterações.

Uma imagem produzida com um microscópio óptico utiliza a luz para a sua formação. “Quando vemos a estrutura dos materiais em um microscópio que usa a luz – uma lampadinha comum como fonte luminosa – nós chamamos isso de microscopia ótica. A ampliação desse tipo de microscopia varia de 50 a até 1000 vezes de aumento”, diz André. Por utilizar a luz na sua composição, a imagem formada pelo microscópio óptico possui cor e é considerada uma imagem “real”.

Já as imagens produzidas por microscópios eletrônicos são, na maioria das vezes, em preto e branco. Isso porque no microscópio eletrônico não é usada a luz. “Ao invés da luz é utilizado um feixe de elétrons feito a partir do aquecimento de um filamento de tungstênio, que começa a soltar elétrons que são acelerados, em média, a 30 mil volts. Os elétrons se chocam com a amostra, gerando assim vários tipos de sinais que são lidos pelo processador do microscópio eletrônico”, detalha.

Um microscópio eletrônico comum pode aumentar uma amostra em até 200 mil vezes, mas existem variações do aparelho capazes de produzir imagens com aumento de até 500 mil vezes, por acelerarem os elétrons a voltagens maiores que 30 mil volts.

Avaliação

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O primeiro dos critérios para avaliação das fotos e decisão dos vencedores é a técnica de preparação. Existe todo um procedimento de preparo do material quando ele vai ser observado no microscópio, e essa técnica precisa ser muito bem executada. “O material deve estar bem polido e lixado para que a imagem tenha mais qualidade”, conta o professor André.

O segundo critério é voltado para a escolha do material fotografado. Visto que todo material existente possui uma microestrutura e, portanto, pode ser observado no microscópio, a apresentação da microestrutura de um material qualquer pode não gerar um interesse muito grande.

“Materiais que sofreram alguma transformação especial ou materiais considerados novos geralmente atraem mais atenção”, afirma André. Entre os exemplos de materiais com imagens interessantes, o professor cita os implantes dentários feitos a base de liga de titânio e os polímeros condutores utilizados para fazer o cristal líquido de relógios digitais. “São materiais que muitas vezes têm fotografias bonitas”, diz.

Por fim, o terceiro ponto analisado é relativo ao  teor artístico. “A beleza da fotografia é também um critério. Fotografias de estruturas de metais, polímeros, cerâmicas, entre outros, têm imagens super interessantes esteticamente”, cita o docente. Por este motivo, a composição da comissão avaliadora inclui, além de dois professores do próprio Departamento, o professor de fotografia da Escola de Comunicações e Artes (ECA), João Luiz Musa.

Os prêmios serão distribuídos no dia 5 de dezembro, a partir das 17 horas, durante solenidade de abertura da exposição no Prédio do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Poli (Av. Professor Mello Moraes, 2463, Cidade Universitária, São Paulo), e com a presença de representantes da Gerdau, patrocinadora do concurso.

 

Mais informações: (11) 3091-5656, email antschip@usp.br, site http://www.pmt.usp.br/Concurso2013

Confira nos quadros as fotos vencedoras da última edição concurso. Detalhes abaixo, na ordem das imagens:

Microscopia Eletrônica

1º lugar: Liga Eutética NiAl-Mo Solidificada Direcionalmente Vista transversal, de Rubens Caram Junior (UNICAMP)

2º lugar: Aurora Boreal, de Leonardo Sales Araujo (UFRJ)

3º lugar: FLOR, de Vanessa Nascimento dos Santos (USP)

Menção Honrosa: Esbugalhado Parabéns, de Sheila Schuindt do Carmo (USP)

Microscopia Óptica

1º lugar: Crescimento orientado de K, de Edison Roberto Corrêa (IPT)

2ºlugar: Espinha de peixe austenítico no mar ferrítico, de Victor Caso Moreira
(USP)

3º lugar: Abstração Azul, de Fernanda de Sá Teixeira (USP)

Menção Honrosa: Labirinto de cores, de Leonardo Sales Araujo (UFRJ)

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