Trabalho premiado da Poli propõe tecnologia mais sustentável para produção de telhas

A iniciativa foi premiada e traz soluções mais baratas e saudáveis para a fabricação de fibrocimentos.

Embora apresente propriedades interessantes para a produção de telhas, como resistência, qualidade e durabilidade, o amianto pode ocasionar sérios problemas de saúde, como alguns tipos de câncer, por exemplo. Uma alternativa ao amianto é a utilização de fibras sintéticas que, no entanto, possuem um alto valor no mercado, encarecendo o preço final da telha. Com o objetivo otimizar o uso das fibras sintéticas na construção civil, a tese de doutorado defendida por Cleber Marcos Ribeiro Dias propôs uma maneira mais sustentável de produzir esse tipo de telha. O trabalho recebeu Menção Honrosa no Prêmio Tese Destaque USP de 2013.

A pesquisa, financiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), desenvolveu uma maneira de reduzir a quantidade de fibras no fibrocimento. “Focamos em desenvolver uma forma de otimizar o emprego das fibras sem alterar o desempenho. Obtivemos o conhecimento de que a natureza já faz isso. Alguns organismos naturais são otimizados dessa forma, o que fizemos foi imitar o que a natureza já faz”, explica Dias.

Inicialmente foram estudadas quais tensões – durante a ação do vento, por exemplo – eram sofridas pelas telhas de fibrocimento, chegando à conclusão de que elas não eram uniformes, ou seja, não as atingiam de maneira igual. Desse modo, a homogeneidade das fibras do produto foi questionada, visto que as tensões sofridas não são regulares. Contudo, verificou-se que em seu modo de produção atual apenas as telhas com fibras homogêneas eram possíveis. “Até o momento não tínhamos disponível tecnologia capaz de produzir fibrocimentos com gradação funcional”, explica o pesquisador.

O próximo passo do estudo foi produzir em escala laboratorial os fibrocimentos com estas características, denominados de fibrocimentos com gradação funcional, ou seja, materiais que possuem a resistência adequada de acordo com as suas necessidades. Nesta fase do estudo, o pesquisador concluiu que é possível produzi-los dessa maneira, de modo a apresentar baixos teores de fibras e desempenho melhorado, o que levou a um pedido de patente. Segundo Cleber, “os fibrocimentos com gradação funcional podem apresentar diferentes teores de fibras e de cimento em distintas partes do produto, e isso pode ser feito para qualquer matéria-prima da composição”. Após alguns testes, foi comprovado que esse tipo de telha pode ser produzido em escala industrial de maneira relativamente simples.

Essa pesquisa fez parte do projeto Cimento-Celulose, elaborado pelos professores da Poli Holmer Savastano e Vanderley John. Ele conta com o apoio de indústrias nacionais, como a Infibra/Permatex e Imbralit, e surgiu da necessidade de desenvolver e implantar a tecnologia de produção de fibrocimentos sem amianto no país.

Com informações da Assessoria de Imprensa da Poli

Mais informações: (11) 3091-5295, email jornalismo@poli.usp.br

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