Aproxima-Ação é canal para diálogo da USP com comunidades do entorno

Projeto quer criar espaço privilegiado de conversas, onde a Universidade oferece ações e recebe as demandas da comunidade.
Foto: Arquivo / Projeto Girassol / Aproxima-Ação
Foto: Arquivo / Projeto Girassol / Aproxima-Ação

Ser um canal de interlocução entre as demandas comunitárias da sociedade e as ofertas de ações da universidade. Esse é o principal objetivo do programa Aproxima-Ação, um projeto social da USP que tenta, desta forma, facilitar o diálogo das comunidades próximas ao campus com a comunidade acadêmica.

Com atuação ao longo de 15 anos dentro da universidade, a educadora e coordenadora técnica do programa, Beatriz Rocha, define: “o que o Aproxima-Ação quer, dentro da linha dos direitos humanos, é criar um espaço privilegiado de conversas. Onde as pessoas se encontram. Onde a universidade oferece ações e onde recebemos as demandas da comunidade.”

Para facilitar os encontros, o programa desenvolveu uma atividade chamada “Rede de Aproximação”. A rede consiste em reuniões mensais frequentadas por instituições, serviços e pessoas das comunidades próximas, onde são apresentados problemas e demandas junto à USP. O projeto é vinculado ao Núcleo dos Direitos da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão Universitária (PRCEU) da USP e é derivado de um antigo programa que cuidava dos direitos da criança e do adolescente. Agora, a área de atuação é mais ampla.

“A abrangência desse novo projeto vai além da criança e do adolescente para questões sociais como um todo. Procuramos atores – tanto de um lado quanto do outro – que possam construir uma ação conjunta efetiva para ambos os lados. Nosso papel, enquanto programa de extensão, não pressupõe um atendimento direto, mas uma ação contínua”, explica Beatriz.

Equipe de atuação

Ao longo dos 18 meses de atuação do novo projeto, a equipe técnica realizou uma série de atividades e criou um vínculo forte, sobretudo com a comunidade do Jardim São Remo. “Nós fazemos uma abordagem diferente. A ideia é criar uma forma de se aproximar que seja mais afetiva e efetiva, onde se tenha uma criação de vínculo. Chegamos como pessoas que querem trocar experiências, não com a intenção de apresentar soluções prontas. Esse é o grande diferencial”, relatou André Castilho, aluno da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP e um dos estagiários do programa.

A ideia é criar uma forma de se aproximar que seja mais afetiva e efetiva, onde se tenha uma criação de vínculo.

Foto: Arquivo / Projeto Girassol / Aproxima-Ação
Foto: Arquivo / Projeto Girassol / Aproxima-Ação

Além dele, são mais quatro estagiários: outros dois da FFLCH, uma do Instituto de Matemática e Estatística (IME) e uma da Faculdade de Educação (FE) da USP compõem a equipe que auxilia na manutenção do projeto. “Essa é uma outra característica da linha do programa. Nós não temos uma única área específica de atuação. Para esse tipo de intervenção, a educação social, comunitária,  não tem uma área especializada. É uma coisa da educação, no seu sentido mais amplo”, afirma a coordenadora.

Atividades promovidas

Juntos, os participantes promoveram no ano passado um resgate documental buscando registrar a necessidade que a comunidade do Jardim São Remo tem de obter uma creche. Foram meses de trabalho e muita argumentação junto a várias instâncias do poder municipal, porém a prefeitura preferiu dedicar o espaço a um serviço de saúde. Apesar do insucesso, Beatriz não desanima. “Isso só mostra o quanto é complexo lidar com questão sociais que têm múltiplos atores da sociedade, do estado, do município e da própria Universidade. Porém, nós também tivemos interlocuções muito bem sucedidas. O Paço das Artes fez uma parceria através da nossa Rede de Aproxima-Ação, oferecendo oficinas de estêncil e artes para a comunidade”, conta.

A atividade, que resultou na exposição artística em um dos muros da comunidade do Jardim São Remo, foi fruto de uma política da Secretaria de Cultura de São Paulo de tornar o Paço das Artes um lugar mais frequentado. “Com o apoio da equipe foi possível chegar na São Remo, ajudar no transporte das pessoas e, de fato, produzir uma oficina com adultos e crianças envolvidas. Foram 15 pessoas que compareceram a todos os encontros, gostaram e terminaram fazendo uma intervenção artística na própria comunidade. Isso gera efeitos visuais e promove o vínculo dos moradores com a Universidade, que é o mais importante”, ressalta Beatriz.

A intervenção artística na própria comunidade gera efeitos visuais e promove o vínculo dos moradores com a Universidade, que é o mais importante.

Foto: Arquivo / Projeto Girassol / Aproxima-Ação
Foto: Arquivo / Projeto Girassol / Aproxima-Ação

Agora, a intenção do projeto é ir ainda mais longe. A equipe vem trabalhando em parceria com o Instituto de Psicologia (IP) da USP na formulação de um curso de educação em meio aberto. “Nós discutimos esse curso de Educação Social todo o segundo semestre do ano passado. O objetivo é fazer um curso piloto baseado na nossa experiência de todos esses anos. Um curso de difusão, especialização e aperfeiçoamento. Formalizado dentro da Universidade”, explica a educadora.

André acompanha o projeto de perto desde o começo e explica que “os participantes da elaboração desse curso somos nós, estagiários aqui do projeto, outros alunos da psicologia e também um professor que entra justamente para auxiliar na parte da teorização desse material que estamos tentando elaborar. Estamos pegando esse conhecimento acumulado e tentando extrair disso um material teórico e metodológico que possa ser aplicado no desenvolvimento desse curso.”

Ela aponta que o curso ainda não existe no Brasil, mas o entende como uma necessidade. “Esse debate é muito recente e está sendo inserido até internacionalmente. Alguns países estão tentando fomentar cursos de graduação na área, mas no nosso caso queremos colocar no nível técnico.”

A próxima reunião da Rede de Aproximação está marcada para o dia 10 de fevereiro, às 14 horas. As reuniões são abertas a qualquer pessoa interessada e acontecem na Rua do Anfiteatro, 181, Colmeia, Favo 3. Outras informações pelo telefone (11) 3091-9183, email aproxima@usp.br ou no site do projeto.

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