Pesquisa da FEA mostra viabilidade do social commerce no Brasil

O “social commerce” ainda não foi testado no Brasil, mas pesquisa mostrou que há espaço para as empresas investirem nesse tipo de vendas.

Hérika Dias / Agência USP de Notícias

Vender produtos pela internet é uma forma de comércio virtual ao qual os brasileiros já se habituaram. Contudo, há um modelo ainda não testado no Brasil: a mistura de comércio eletrônico (e-commerce) e mídias sociais, o chamado social commerce. Para saber a viabilidade desse negócio no País, uma pesquisa de doutorado da Faculdade de Administração, Economia e Contabilidade (FEA) da USP analisou alguns elementos necessários para que ele se desenvolva no mercado brasileiro e o resultado mostrou que há espaço para as empresas investirem nesse tipo de vendas.

De acordo com o autor do estudo Alexandre Sanches Magalhães, mestre em Administração, o social commerce já foi tema de artigos acadêmicos nos Estados Unidos, país onde o Facebook realizou alguns testes na área. Basicamente, esse tipo de comércio virtual funcionaria da seguinte forma: uma empresa oferece produtos a um usuário de mídia social, para que este presenteie um amigo ou conhecido, baseado nas declarações desse amigo ou conhecido nas redes sociais.

“Hoje, quando o usuário acessa a mídia social, ele já encontra atualizações sobre a vida de seus amigos, como o dia do aniversário, a conquista de um prêmio, a conclusão de um período escolar. A ideia do social commerce é que esse tipo de atualização venha acompanhada de indicações para presentear esse amigo. Essas indicações são baseadas no perfil, dados e preferências da pessoa. Quem vai presentear não precisa nem se preocupar com a entrega do presente, pois a mídia social tem o endereço e, pelo acordo com a empresa de e-commerce, fornece o endereço de quem vai receber a encomenda para a loja”, explica Magalhães.

No social commerce, as empresas fazem parcerias com a própria mídia social para a venda de suas mercadorias e, segundo o pesquisador, não haveria problemas de privacidade. “Os perfis dos usuários são públicos, então a mídia social precisa apenas sistematizar a venda e entrega dos produtos com a loja parceira”, afirma o pesquisador.

No entanto, para que esse tipo de comércio virtual funcione é preciso que as pessoas preencham seus dados nas redes sociais com informações verdadeiras e, consequentemente, confiem na mídia social. “O social commerce pode ser aplicado a qualquer mídia social em que os usuários necessitem preencher o perfil. Ele é um modelo de negócio totalmente adaptável”, garante o pesquisador. ” Entre as redes sociais existentes atualmente, o LinkedIn tem o ambiente mais favorável à implantação desse comércio virtual porque é uma rede ligada a dados profissionais e, portanto, com informações mais corretas sobre o perfil do usuário. Redes voltadas ao entretenimento são mais propensas a respostas não tão verdadeiras pelo usuário”, acredita Magalhães.

Pesquisa

Para analisar os elementos necessários para que o social commerce se desenvolva no Brasil, o pesquisador fez uma pesquisa qualitativa entre junho e julho do ano passado com 150 pessoas que estão em redes sociais. “Como analisamos informações fornecidas por quem já utiliza redes sociais, recebemos mais respostas positivas, por isso os resultados são válidos somente para a amostra estudada, não podendo, portanto, serem entendidos como representativos do universo dos internautas brasileiros e dos usuários de mídias sociais”, esclarece.

Por meio das respostas ao questionário aplicado, Magalhães chegou a outros fatores, além da confiança na mídia social, para que o social commerce ocorra. Os entrevistados afirmaram que o tipo de amizade, confiança na loja e no produto podem influenciar na decisão da compra ou não do presente para o amigo em uma mídia social. Uma amizade próxima, pessoal ou profissional também  influenciam.

Magalhães disse que, “de um modo geral, percebe-se que pessoas mais jovens, com mais acesso à tecnologia são mais propensas a usar esse mercado nas mídias sociais. Existe um espaço que poderia ser explorado por empresas”.

Mais informações: email asmag@usp.br

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