IEA lança EngenhariaData, portal com informações sobre a Engenharia no Brasil

Projeto do IEA centraliza análises e dados sobre o mercado, a formação, as empresas de serviços e a produção científica do setor no Brasil, além de estabelecer comparações internacionais.
Bruno Capelas / Agência USP

Um portal com grande diversidade de informações sobre a área de Engenharia no Brasil. Essa é a proposta do EngenhariaData, um projeto desenvolvido pelo Observatório de Inovação e Competitividade, grupo de pesquisa ligado ao Instituto de Estudos Avançados (IEA) da USP. “Queremos desenvolver um lugar que centralize análises e dados sobre o mercado, a formação, as empresas de serviços e a produção científica do setor no Brasil, e também estabelecer comparações internacionais”, conta o professor Mario Sérgio Salerno, da Escola Politécnica (Poli) da USP. Ele coordena o sistema que foi lançado nesta terça-feira (6), às 10 horas, no anfiteatro do Departamento de Engenharia de Produção da Poli.

De acordo com Salerno, o projeto tem caráter único no mundo, por ser digital e pela sua abrangência. “É um conjunto de informações qualificadas, em um local só. O [projeto] mais próximo que existe hoje é o Science and Engineering Indicators, feito pela National Science Foundation, nos Estados Unidos. Entretanto, ela é publicada apenas em papel, o que é algo muito trabalhoso se você precisar de uma captação rápida de dados”, diz o pesquisador. Ele prevê que o site do EngenhariaData disponibilizará esse tipo de análise a apenas alguns cliques de distância: “por exemplo, se você quiser saber onde tem mais engenheiros, no Sudeste ou no Nordeste, isso poderá ser feito imediatamente”.

Três, na visão do professor, serão os principais usuários do sistema. “O setor público tende a ser o maior cliente, que usará as ferramentas para direcionar seu planejamento. O setor privado, de maneira coletiva, como as federações de indústrias, também, para compreender demandas e movimentos do mercado. E,  por fim, a imprensa, que hoje tem dado bastante destaque ao setor”, pondera Salerno. Ele ainda explica que a origem do projeto está relacionada à discussão de que o Brasil tem formado poucos engenheiros nos últimos anos. “Tem se visto bastante na imprensa a ideia de que haverá um apagão de profissionais para sustentar o desenvolvimento do País. Nosso sistema está no bojo desse assunto, fornecendo dados e análises para qualquer pessoa interessada”.

Perspectivas e captação de dados

O EngenhariaData terá duas fases, uma agora e a outra em 2012. “A partir do dia 6, lançaremos o sistema de uma maneira mais simples, mas já com muitas informações reunidas. Ano que vem, hospedaremos o site no Centro de Computação Eletrônica (CCE) da USP, porque é um sistema bem pesado. Disponibilizaremos mais dados e será possível cruzá-los de maneira mais eficiente”, explica. “Faz parte de um processo evolutivo”.

Quatro são as fontes principais das estatísticas que comporão o EngenhariaData: o Ministério da Educação (MEC-Inep), no que diz respeito à formação de engenheiros, ensino superior e ensino médio; o Relatório Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério do Trabalho e Emprego, que fornece detalhes sobre os profissionais contratados na área; as bases do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), além de publicações científicas nacionais e do exterior, que atestam melhor a produção científica do setor; e, por fim, alguns dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), que darão base às comparações da engenharia brasileira com a de outros países, com indicadores como número de engenheiros formados, ou quantidade de profissionais em cada 10 mil habitantes. “O número absoluto brasileiro é grande, porque a nossa população é grande. No entanto, temos poucos engenheiros”, adianta o professor.

Financiamento e inovação

Salerno conta que a viabilização do EngenhariaData surgiu a partir de um edital da Pró-Reitoria de Pesquisa da USP, realizado em 2010. “A proposta do Observatório, que nasceu em 2007, é também realizar um projeto de indicadores não tecnológicos da inovação, como estrutura organizacional e economia criativa, o que é algo muito difícil”. Ele acrescenta que o projeto é financiado totalmente pela USP, e que existem negociações para um auxílio da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), bancada pela União. “Não temos nenhum contato com a iniciativa privada, mas ela é bem vinda”, ressalta.

Quando questionado sobre o que significa o conceito de “inovação”, que permeia seu trabalho, Salerno explica: “Existem três palavras que se misturam: descoberta, invenção e inovação. Descoberta é algo que esteve em seu lugar desde sempre e foi encontrado, como o Brasil, ou uma nova espécie de borboleta. Invenção é algo que alguém cria, como uma receita de um doce, ou o avião do Santos Dumont. A inovação, por sua vez, é um conceito econômico. Ela não é invenção, mas pode estar baseado nela: trata-se de algo que tem um diferencial, com valor econômico. Abrir uma pizzaria comum não é inovação, é apenas um negócio. Se eu desenvolver uma engenhoca, mas não fazer nada com ela, é só uma invenção, não é uma inovação”.

Mais informações: msalerno@usp.br, site www.engenhariadata.com.br

Scroll to top