Flexibilização de currículo é aprovada pela Comissão de Graduação da Poli

Proposta de flexibilização curricular da Poli foi aprovada pela Comissão de Graduação em novembro.

A Escola Politécnica (Poli) da USP tem estudado há algum tempo maneiras de flexibilizar seu currículo, de modo que o aluno possa cursar disciplinas fora de sua área de origem. A proposta entrou em discussão nos departamentos, nos conselhos de curso e, finalmente, na Comissão de Graduação da Poli, que a aprovou no dia 25 de novembro. Agora, o próximo passo é que seja aprovada na Congregação da Poli.

As atuais condições do mercado de trabalho têm exigido profissionais que saibam lidar com uma diversidade de problemas e situações. O número de formandos no ensino superior cresce, o que aumenta a necessidade do profissional se diferenciar para obter uma colocação. Assim, a interdisciplinaridade e a integração didática de disciplinas são um caminho possível para complemento do currículo e ampliação da área de conhecimento do aluno.

Para o professor Felipe Pait, do Departamento de Engenharia de Telecomunicações e Controle (PTC) da Poli, “os currículos na Poli, e de uma maneira geral da USP, são muito rígidos. O aluno entra e segue uma lista de disciplinas pré-determinada, que é a mesma para todos os alunos do mesmo curso.”

Ele conta que foram formados diversos grupos de trabalho para discutir essas questões. Um deles, coordenado pelo professor Francisco Cardoso, do Departamento de Engenharia de Construção Civil (PCC) da Poli, discutiu a flexibilização curricular. O grupo fez um relatório em dezembro do ano passado e apresentou uma proposta de flexibilização, que contou com a participação de professores como o próprio Felipe Pait e Antonio Carlos Seabra.

Além disso, foi realizada uma consulta pública online, através do site da Poli. Para a aluna da Engenharia Civil, Haydée Svab, foi um processo bastante democrático, em que os alunos e qualquer pessoa interessada puderam contribuir com ideias. Dentro desse grupo, quatro alunos participaram ativamente das discussões, levando em consideração as sugestões obtidas pelo site. “Acreditamos que essa possiblidade de conhecer outras áreas nos motiva. Partimos de um princípio em que o estudante deve ter uma formação ampla, para no futuro se tornar um profissional mais transdisciplinar”, comenta Haydée.

Proposta

A Poli possui 17 cursos de graduação em quatro grandes áreas da engenharia. Segundo o coordenador do projeto, Francisco Cardoso, a proposta de flexibilização da estrutura curricular dá mais liberdade aos alunos para traçar suas trajetórias dentro do curso.

A proposta se baseia em duas vertentes. A primeira é a integração entre os diferentes cursos da Poli através do oferecimento de disciplinas optativas livres em todos os cursos. A ideia é que pouco mais de 10% das disciplinas oferecidas estejam abertas a alunos tanto de outras habilitações da engenharia quanto de qualquer unidade da USP.

Para ele, a Poli ganharia uma grande diversidade de alunos, o que já se comprovou ser muito eficiente e vantajoso na experiência da Engenharia Civil, que recebe alunos da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP. “Essa presença de alunos da FAU que acontece desde 2004 tem mudado o curso e influenciado a aula”, comenta.

A segunda vertente é que os cursos da Poli terminem no quarto ano. No quinto ano, o aluno poderia fazer um bloco de disciplinas em outra habilitação, já que durante o curso ele pode perceber a necessidade de se especializar mais em outra área, ou mesmo em unir duas especializações diferentes. Além disso, ele teria a oportunidade de começar um curso de pós-graduação e mestrado mais cedo. Esses pacotes seriam oferecidos para todos os alunos da Escola.

“Queremos que desde o primeiro ano o aluno comece a ter um contato maior com as engenharias, e tenha a oportunidade de explorar não só a sua modalidade, mas também as outras”.

Para o professor Pait, a flexibilização é também ferramenta benéfica para o futuro profissional dos alunos. “Em um curso mais flexível, o aluno começa desde cedo a procurar seu próprio caminho. É importante que ele comece a tomar as próprias decisões”, comenta.

Além disso, ele afirma que o currículo atual pode muitas vezes se tornar pesado e desmotivante, o que acaba gerando acomodação tanto dos alunos quanto do próprio departamento. Com a possibilidade de procurar disciplinas que ele considere mais interessantes, o estudante pode tanto se aprofundar em sua especialização quanto descobrir novas áreas. “Cada aluno é diferente, então é difícil ter um pacote de disciplinas que funciona para todos”, completa.

Automação e controle

Uma das ênfases da Engenharia Elétrica oferecida pela Poli é na área de Automação e Controle. Segundo o professor José Jaime da Cruz, do Departamento de Telecomunicações e Controle (PTC) da Poli, essa é uma área de trabalho bastante abrangente, que permeia vários ramos da engenharia, assim como sistemas biológicos, econômicos e sociais.

Portanto, existem disciplinas em outros cursos da Poli que também oferecem essa teoria, porém com pontos de vista e abordagens diferentes. Com isso, surgiu a ideia de realizar o Workshop de Integração Didática das Disciplinas de Controle e Automação, que aconteceu no último dia 15 de setembro. Segundo Jaime, um dos organizadores do evento,  “a ideia seria unificar algo que está presente em diversos departamentos, aumentando assim a troca de informações entre os professores e o trânsito de alunos por toda a Escola”.

O evento contou com uma palestra do professor Plinio Castrucci, idealizador do workshop, e com a apresentação das disciplinas oferecidas nessa área por cada departamento. Além disso, foram formados grupos de discussão. O relatório final do evento aprovou resoluções que contemplam o aprendizado mínimo necessário na área de controle, a definição de grupos de disciplinas complementares e sugestões para garantir seu oferecimento, levando em consideração desde os horários das aulas e tamanhos das turmas até a disponibilidade de vagas para alunos de outros cursos.

Deste modo, o workshop veio para reforçar a tendência atual de integrar e intercambiar alunos entre as diversas áreas. “As discussões foram coerentes com o projeto da Poli para uma formação mais flexível”, completa Jaime.

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