Estudo busca alternativas para resíduos de arborização urbana

Graduanda Mariana Cerca apresentou projeto sobre gestão de resíduos da arborização urbana em pequenos municípios.

Alicia Nascimento Aguiar / Assessoria de comunicação da Esalq

O gerenciamento inadequado da gestão dos resíduos de arborização urbana tem resultado em elevados custos para os municípios, comprometimento de grandes áreas para disposição, degradação e poluição do meio ambiente, além do desperdício de materiais com potencial de aproveitamento. A questão está relacionada a um dos principais desafios dos centros urbanos – a correta destinação dos resíduos sólidos.

O trabalho realizado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, pela graduanda em Gestão Ambiental, Mariana Cerca, e apresentado no mês de novembro, no 19º Simpósio de Iniciação Científica / Agropecuária, tratou da realização de um diagnóstico sobre a gestão de resíduos da arborização urbana nos pequenos municípios do Estado de São Paulo. De acordo com a autora, “a falta de modelos adequados para o gerenciamento dos resíduos tem contribuído para agravar os problemas ambientais, sociais e econômicos resultantes da disposição inadequada desses materiais, terrenos baldios, lixões e vias públicas”.

O envolvimento da aluna com essa questão teve início em 2010, pouco antes de participar do Curso de Formação de Gestores Públicos: Gestão de Resíduos da Arborização Urbana nos Municípios do Estado de São Paulo, financiado pelo Fundo de Cultura e Extensão da Universidade de São Paulo (USP). Ao final do curso, cada município teve um plano base para ser posteriormente discutido e implementado e, os municípios com menos de 35 mil habitantes do Estado começaram a ser analisados por Mariana em seu projeto de iniciação científica Gestão de Resíduos da Arborização Urbana em Pequenos Municípios do Estado de São Paulo, orientado pela professora Adriana Nolasco, do Departamento de Ciências Florestais (LCF).

No desenvolvimento do projeto foram entrevistados técnicos, secretários e diretores da área ambiental das prefeituras municipais das regionais administrativas do Estado, com população inferior a 35.000 habitantes, que contabilizam a maioria das cidades de São Paulo (74%). Dos 472 municípios nessa categoria, obteve-se retorno de 100, ou seja, uma amostra de 21%.

Os resultados relacionados à poda e remoção em relação a autorização e realização do serviço assim ficaram expressos:

* Autorização – prefeitura (94%), morador (2%), outros (4%);
* Realização do serviço – prefeitura (42%), morador (14%), prefeitura e morador (21%), terceirizado (10%), outros (13%);
* Responsável pela destinação do resíduo – prefeitura (93%), empresa terceirizada (3%), prefeitura e morador (4%);
* Destinação – terrenos a céu aberto (32%), aterro (24%), valorização (33%), outros (11%).

Diante da estatística, conclui-se que a prefeitura é o principal responsável pelos serviços de poda e remoção e pela gestão dos resíduos da arborização urbana. Entretanto, a maioria dos municípios  (95%) não possuem qualquer estimativa quanto aos custos com esses serviços e quanto ao volume de resíduos gerados (56%), informações fundamentais para a elaboração e implementação de políticas públicas e planos de gerenciamento.

Quanto a ações para a redução da geração de resíduos da arborização urbana normalmente adotadas, somente 30% indicou alguma ação nesse sentido (controle e fiscalização da poda, planejamento da arborização e promoção de ações educativas).

Entre as formas de valorização, a mais citada foi a compostagem, em 19% dos municípios, seguida pelas parcerias com padarias, olarias, cerâmicas ou indústrias de região que usam o resíduo como fonte de energia (15%). Já a falta de mão de obra qualificada para a realização dos serviços de poda e remoção, foram apontados como os principais problemas na gestão de resíduos.

Em linhas gerais, o trabalho de Mariana chega a conclusão de que a gestão da arborização urbana ainda é realizada de forma inadequada na maioria dos pequenos municípios do Estado. “A capacitação dos técnicos/responsáveis para elaboração de planos de gerenciamento de resíduos é um dos principais desafios para a correta destinação”, finaliza a graduanda.

Vale destacar que o projeto apresentado pela acadêmica durante o Curso de Formação de Gestores Públicos foi um dos quatro brasileiros premiados pelo Programa Bayer Jovens Embaixadores Ambientais. Os ganhadores apresentaram, em outubro deste ano na Alemanha, seus projetos para jovens de 17 países e discutiram diferenças entre as questões ambientais e soluções para problemas comuns.

Mais informações: email acom@esalq.usp.br

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