Albinismo em primatas não altera distinção de cores, revela estudo do IP

Apesar de comuns as alterações na visão de albinos, testes mostram que a doença não afetou a visão dos animais

Fernando Pivetti / Agência USP de Notícias

Um estudo desenvolvido no Instituto de Psicologia (IP) da USP observou que os macacos-prego que apresentam a alteração genética de albinismo, apesar de desenvolverem uma série de deficiências no conjunto da visão, como a falta de concentração de fotorreceptores e problemas de fixação do olhar em um ponto, não sofrem com problemas relacionados à identificação de diferenciação de cores. O projeto observou que macacos normais e albinos conseguem discriminar cores de forma satisfatória.

A dissertação de mestrado do biólogo Leonardo Dutra Henriques, sob orientação de Dora Selma Fix Ventura, buscava compreender se as alterações gênicas derivadas do albinismo interfeririam na capacidade do animal identificar e tocar um alvo que pudesse distinguir apenas pela visão de cores. Segundo o pesquisador, a visão de cores depende da interação entre células capazes de absorver a luz (fotorreceptores), entre as quais se destacam os cones, como os principais responsáveis pela percepção das cores. Esses fotorreceptores ficam numa região da retina chamada fóvea, que possui uma grande densidade de cones e uma depressão na mácula que permite uma melhor passagem da luz.

O albinismo é o nome que se dá a um conjunto de alterações que tem em comum a falta de pigmentação em alguns órgãos. “Em casos de albinos, tanto humanos como primatas não-humanos, com ausência de pigmentação no olho, temos diversos problemas. Além do nistagmo, ausência da fóvea e menor concentração de fotorreceptores na região onde comumente se localiza a fóvea”.

Durante o estudo, Henriques treinou a espécie de macaco (Sapajus sp) para tocar na região alvo. A cada acerto ele recebia uma recompensa, como ração de sabor banana em formato de pelota, estimulando-o a continuar tocando no alvo, quando conseguisse distingui-lo”.

Por meio de um teste computadorizado, foram avaliadas 20 cores distintas diferentes, comparadas a um fundo acromático com a cor branca, e chegando aos limiares em que cada cor se distinguia da cor do fundo. “Recentes avanços realizados em nosso laboratório na identificação das variações de genes que afetam a visão de cores de macacos-prego normais também nos permitiram comparar o resultado da análise genética do DNA, para identificar os genes que afetam a visão de cores entre animais normais e animais albinos para este gênero e comparar esses dados com os que obtivemos no teste comportamental”, afirma Henriques.

Alteração em humanos

Tanto em humanos, como em primatas não-humanos, a alteração gênica do albinismo é um fenômeno raro. O pesquisador ressalta que os estudos que exploram a questão do albinismo, ainda que estejam focados em um âmbito não-humano, contribuem de forma positiva para o auxílio na compreensão das características e limitações dessa alteração no homem. “Essas pesquisas ajudam a ampliar o conhecimento do homem sobre os limiares do albinismo, e com avanços no estudo esperamos também poder utilizar esses macacos como um modelo animal para outras pesquisas relacionadas ao albinismo”.

Mais informações: email leosukita@gmail.com, com Leonardo Henriques

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