Prinutha: uma abordagem interdisciplinar da nutrição

Estado nutricional, qualidade de vida e mercado alimentar estão entre os temas de pesquisa de grupo interdisciplinar.
Foto: Marcos Santos / USP Imagens
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Um levantamento do estado nutricional de funcionários da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP inaugurou, em 2003, o Projeto Integrado de Nutrição Humana Aplicada, o Prinutha.

O primeiro estudo deste grupo de pesquisa registrado no CNPq valeu-se de medidas antropométricas, do levantamento socioeconômico – para avaliar as variáveis econômicas e de educação que influenciam o balanço energético do consumo – e do acompanhamento do recordatório de 24 horas para avaliar o consumo alimentar dos participantes.

A partir daí, o grupo reproduziu o estudo, com recursos da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão, em outras unidades da Universidade, inclusive na Reitoria, onde também foram dadas palestras sobre obesidade e alimentação saudável.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
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Professora Denise Cyrill

O Prinutha nasceu nas discussões da disciplina “Economia da Alimentação e da Nutrição” na pós-graduação do Programa Interunidades em Nutrição Humana Aplicada, o Pronut, sob o comando da professora Denise Cyrill. Além de envolver os três pilares da universidade – ensino, pesquisa e extensão – o grupo tem uma característica interdisciplinar, contando com economistas, nutricionistas, educadores físicos, psicólogos e farmacêuticos.

Atualmente, entre outras atividades, o grupo mantém um convênio com a prefeitura do município de Indaiatuba, onde o Prinutha desenvolve uma pesquisa sobre o impacto de um programa público no estado nutricional, na qualidade de vida e no rendimento escolar de crianças.

Com esse estudo, foi possível aferir uma melhora no rendimento escolar daqueles que participavam do programa PRIA (Programa de Recreação, Iniciação e Aperfeiçoamento). “Esse é um resultado que considero muito importante. É algo que o governo pode fazer e que já tem toda uma infraestrutura, porque é ministério do esporte, secretaria estadual do esporte, secretaria municipal do esporte e pode ter um impacto sobre melhorar, por exemplo, o rendimento escolar”, comenta a professora.

No que diz respeito ao estado nutricional e à qualidade de vida, Denise considera a necessidade de um estudo mais longo, dado que “para se ter impacto sobre essas variáveis, especialmente sobre estado nutricional, depende-se de toda uma mudança no organismo e no comportamento do indivíduo”. Estes aspectos serão avaliados com a continuidade do estudo, inclusive considerando como variável o relacionamento familiar, que pode ter influência no estado nutricional .

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
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Interunidades

Integram o Pronut, além da FEA, a Faculdade de Saúde Pública (FSP) e a Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP. Enquanto programa de pós-graduação interunidades, o Pronut procura dar um conhecimento interdisciplinar para o aluno. Deste modo, o pesquisador constitui um conhecimento básico de nutrição, de bioquímica, de saúde pública e de economia. “A partir desse conhecimento básico, nós esperamos que trabalhos voltados às questões nutricionais e alimentares sejam desenvolvidos com uma visão mais ampla”, comenta Denise.

Para exemplificar o caráter do programa, a professora cita uma tese de doutorado sobre o Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Bovinos e Bubalinos (SISBOV). O SISBOV é uma sistema de rastreabilidade da carne bovina e de búfalo que é preconizado aos produtores que pretendam exportar a carne ao mercado europeu, condição de rastreabilidade, esta, imposta pela própria Europa com vistas a coibir casos de encefalopatia espongiforme bovina, mais conhecida como a doença da vaca louca.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
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Denise explica que esta é, na verdade, uma barreira não tarifária ao comércio internacional e, assim, dentro do Pronut, passou-se a analisar a legislação que foi desenvolvida, chegando-se à conclusão de que ela responde às exigências internacionais. O que, entretanto, foi descoberto para além do esperado, foi que não houve grande adesão dos produtores ao SISBOV, por tratar-se de um sistema caro. Ainda, os produtores dependem dos frigoríficos para revender a carne, que, eventualmente, pode sequer ir para o mercado internacional, o que não compensaria os gastos investidos.

Esse tema denota, assim, um grande campo para a atuação interdisciplinar, além de, conforme a professora, merecer estudos adicionais, bem ao estilo do Pronut: buscar um conhecimento mais holístico e respeitar os pilares da Universidade.

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