Parque Tecnológico é primeiro passo de projeto para “Vale do Silício paulista”

Foi inaugurada neste dia 2 de julho a primeira parte do projeto que quer reindustrializar a região do Jaguaré na Zona Oeste de São Paulo.
Foto: Marcos Santos / USP Imagens
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Foi inaugurado neste dia 2 de julho, em cerimônia com a presença do governador Geraldo Alckmin, o Parque Tecnológico do Jaguaré. Trata-se da primeira etapa de um projeto para reindustrializar a região e transformá-la em área de desenvolvimento de produtos de alta tecnologia, inspirada em grandes centros do mundo como o Vale do Silício, nos EUA.

A área vai fazer parte de uma rede de parques que abrangem todo o estado. No município de São Paulo há também o projeto de um parque na Zona Leste da cidade.

Para dar início aos trabalhos que contam com a parceria da Agência USP de Inovação, foi organizado, no dia 30 de junho, o workshop Relevância imobiliária e ambiental do Parque Tecnológico do Estado de São Paulo. O evento ocorreu na sede da Associação Brasileira de Cimentos Portland (ABCP), ao lado do campus da USP na capital – e que faz parte da área destinada ao Parque Tecnológico do Jaguaré. O professor Vanderlei Salvador Bagnato, coordenador da Agência, contou um pouco sobre as atividades do grupo e a oferta de um espaço de inovação dentro da Universidade, avaliada como fundamental. “Uma das coisas importantes é organizar e promover o empreendedorismo na comunidade universitária, temos uma filosofia muito simples: todo mundo é um grande inovador”, disse.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
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Segundo o coordenador, o Parque Tecnológico vai ser um marco para a cidade de São Paulo, e a sua inserção nesta região é estratégica, garante. Isso porque ela está, literalmente, ao lado da USP e de unidades de pesquisa do Governo do Estado, como o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). “Queremos trabalhar junto com as iniciativas do Governo de São Paulo”, prosseguiu Bagnato. “Ir além da capacidade do Governo e da Universidade, unindo ambas”.

Para o professor, é necessário que tanto a academia quanto os próprios empreendedores comecem a entender a personalidade da região e suas características. ”Nós sabemos que Parque não é galpão. Parque é o uso da capacitação tecnológica em prol da economia”, defendeu o coordenador da Agência. Bagnato revelou também que será organizada uma sequência de reuniões sobre a ocupação do espaço. Isso, pois, ao lidar com uma cidade tão complexa quanto São Paulo, qualquer alteração em sua dinâmica deve ser planejada. “Não dá para pensar em nenhuma vertente sem pensar no urbanismo e na imobiliária”, foco desta reunião inicial, explicou.

Um Parque para todos

Apesar da presença constante da USP na organização deste espaço, Bagnato ressaltou que o desejo é atrair também outras universidades e instituições de nível superior para que tomem parte dele. Como marco para o início das atividades do Parque, a Agência USP de Inovação vai ser transferida para a ABCP que, em parceria com a USP, liberou sua estrutura para as atividades.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
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José Eduardo Krieger, pró-reitor de Pesquisa da USP, esteve presente no workshop em nome do reitor Marco Antonio Zago. “Esta cerimônia é bastante simbólica para a USP”, afirmou, revelando que o desejo de reconstruir o Parque Tecnológico é de toda a sociedade. Krieger afirmou que além de incentivar os processos de inovação, a Universidade tem que educar os empreendedores. “A USP não pode se furtar desta atividade, e como o Parque é adjacente ao campus, isso cria oportunidades e desafios muito grandes”. O pró-reitor garantiu que o Parque será uma prioridade da USP. “O reitor não medirá esforços para que nós tenhamos sucesso da mesma maneira que nossos parceiros e o IPT, envolvidos com estas ações”.

Papel do governo

Marcos Cintra, subsecretário de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de São Paulo, reafirmou que este Parque é especial por estar situado em uma região de alta influência da USP. “O que nós estamos tentando fazer com os Parques Tecnológicos do Estado de São Paulo é reproduzir o que aconteceu com outros parques que evoluíram”, disse.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
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De acordo com o economista, o Governo de São Paulo, através do Sistema Paulista de Parques Tecnológicos, tem induzido a criação de espaços como este por todo o estado a partir de incentivos para investimentos iniciais e estímulos fiscais para que as empresas comecem a se instalar. “Um Parque é um projeto de longo prazo, que envolve as instituições participantes com grande intensidade”.

O subsecretário reconheceu que não é função, nem mesmo desejo do governo, ser o gestor do Parque. “Ele se vê como fomentador desse movimento”, explicou, detalhando que em função de algumas dificuldades operacionais, é de responsabilidade do governo do estado assumir provisoriamente o Parque. “O governador enviou um projeto de lei para a Assembleia que autoriza o funcionamento de organizações sociais também na área de Ciência e Tecnologia”, disse, reforçando o caráter provisório desta decisão.

Transformações

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
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Na cidade de São Paulo, como em outras, qualquer mudança tem que ser pensada a partir de sua transformação urbana. Para Regina Meyer, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) da USP, a presença de uma universidade numa metrópole é fundamental, e ter este enorme território ao lado da universidade é excelente. Isso porque a proximidade dos centros de produção de conhecimento com os produtores de tecnologia são fundamentais para a existência de um Parque.

De acordo com a especialista, os Parques sempre são uma iniciativa para as condições de inovação que seu território possui. “A instalação de um Parque tecnológico é, antes de tudo, uma estratégia de desenvolvimento”, ressaltou. “Se é uma estratégia, é por excelência um projeto de planejamento”.

Regina comparou o projeto do Parque no Jaguaré a outros de sucesso no mundo, como é o caso do Vale do Silício. Para a região norte-americana, observou, houve um aprimoramento das indústrias que se prepararam para atender a nova demanda. Em resumo, elas usaram um espaço pré-existente. “O novo não é o desconhecimento daquilo que já estava presente e que produziu a riqueza daquela cidade”.

A pesquisadora acredita também que este ambiente de inovação vai aumentar as oportunidades da Universidade se abrir para a comunidade. “Nós vamos ter que transformar esse campus através do Parque Tecnológico”, explicou. “Vamos eliminar as características de enclave que o campus possui”. Para ela, a ideia do Parque repetir o modelo USP, seria um erro ampliado, já que o Parque Tecnológico pode e deve corrigir este aspecto “enclausurado” que a Universidade apresenta.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
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