Programa de Extensão da FEA comemora dez anos prestando serviços

O Programa de Extensão de Serviços à Comunidade (PESC) é um programa de voluntariado dos alunos da FEA, criado em 2001.

Renata Hirota / Assessoria de Comunicação da FEA

O Programa de Extensão de Serviços à Comunidade (Pesc), da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, comemorou este mês seus dez anos e a mudança de gestão. Desde a sua primeira edição, em 2002, até 2010, o Pesc realizou cerca de 77 projetos, envolvendo mais de 400 alunos. Tais projetos são desenvolvidos junto a ONGs, entidades sem fins lucrativos  e outras instituições que promovem ações sociais.

De acordo com a professora Rosa Fischer, idealizadora do programa em 2001, um dos objetivos do Pesc é levar conhecimentos adquiridos para fora da faculdade, principalmente para aquelas organizações que não teriam recursos humanos especializados e condições financeiras para aplicar tais procedimentos, visando que essas organizações conseguissem um upgrade na área de gestão.

O professor Nicolau Reinhard, vice-diretor da FEA, destaca a importância do nascimento e do crescimento do Pesc, “uma das organizações da FEA que mais alegria nos dá, porque representa o que há de melhor de motivação na escola, que é a realização de serviços à comunidade.” Para ele, o programa é um contraponto extremamente importante dentro da FEA, que realiza um serviço importante para a sociedade e na escola, em relação à sua imagem. “É muito gratificante ver a diferença que [os alunos] fazem na sociedade”, elogia.

O surgimento do PESC

“Há dez anos, muitas coisas aconteceram na FEA que podem ser consideradas significativas na forma da faculdade se ver, ver seus alunos e o seu entorno”, explica a professora Rosa Maria Fischer, sobre as circunstâncias em que o Pesc nasceu. “Havia uma grande preocupação com temas que não entravam na pauta dos estudos de Administração, Economia e Ciências Contábeis, como responsabilidade social, hoje um tema da moda. Mas, há 15 anos, isso era absolutamente omitido nas empresas e dentro da escola, o que incomodava alguns professores e alunos. Nossos alunos não sabiam desenvolver o conceito, e muito menos a prática”, diz a professora. Segundo ela, a preocupação de professores e pesquisadores era de que não se enxergava essa realidade externa. “Não estávamos formando os nossos alunos só para o mercado de capitais, mas para a sociedade também.”

“Os alunos começaram a se perguntar por que ficávamos só na teoria, por que não poderíamos partir para a prática. Foi isso que motivou a criação desse programa”, conta Rosa. Além dos serviços à comunidade, a professora define uma das metas do programa como “egoísta”: a integração dos alunos dos diferentes cursos da FEA. “Era um objetivo egoísta porque a integração é capaz de fortalecer muito a nossa FEA. Não podemos ficar divididos em departamentos. Os nossos alunos são os mesmos, quer eles estejam escolhendo uma carreira ou outra. E, para constituírem sua visão social, nada como fazer isso de forma colaborativa”, conclui.

Universidade e América Latina

Além de uma cerimônia comemorativa no último dia 5, houve uma palestra para a qual foi convidado Ricardo Montero, diretor social da ONG Um Teto Para Meu País, formada por universitários. A organização, que atua na construção de casas emergenciais e programas de habilitação social, nasceu no Chile e hoje está presente em 17 países, mobilizando mais de 400 mil voluntários.

Montero falou do grande problema comum à América Latina: a pobreza. “Hoje, na América Latina, há 500 milhões de habitantes. 73 milhões deles vivem em situação de pobreza extrema, e 16,2 deles são brasileiros. É a região mais rica e desigual do mundo. A América Latina não é pobre, é profundamente injusta na repartição dos seus recursos.” Segundo o IDH-D, Índice de Desenvolvimento Humano ajustado pela desigualdade realizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), 10 dos 15 países mais desiguais do mundo estão na América Latina.

“Acabou a época em que nós dávamos a solução para esse grupo pobre. Eles também são protagonistas. Queremos dar soluções para a pobreza, mas sem incluirmos as pessoas que vivem nessa situação”, critica.

Ele também discute a posição das empresas em relação à responsabilidade social. “A maioria das empresas hoje faz um evento no final do ano, vai a uma creche, faz uma doação, mas são poucas que realmente participam disso. Poucas repensam a remuneração do funcionário, se o seu processo produtivo é sustentável. De que adianta doar três milhões de dólares por ano, se a perda na sociedade por causa dessa empresa vai ser muito maior? Ver como são os processos dentro da empresa é fundamental”, defende.

Quanto aos universitários, ele diz que os estudantes devem ser protagonistas da sua própria formação. “A formação universitária não está só na aula”, afirma. “Participem do poder público em geral. Criticamos tanto, mas não participamos. De que adianta ficar chorando que não gostamos, se ficamos de fora? A formação universitária tem que ser integral, e isso depende de cada um”, pondera.

Mais informações: site www.fea.usp.br/conteudo.php?i=448

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