Jornada extensa de trabalho provoca estresse em enfermeiros

Segundo pesquisa realizada na EERP, profissionais de enfermagem que trabalham mais que 30 horas semanais têm maior chance de sofrer com estresse.

Marcela Baggini / Serviço de Comunicação Social da Prefeitura USP do Campus de Ribeirão Preto

Pesquisa realizada na Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto (EERP) da USP alerta: profissionais de enfermagem que trabalham mais que 30 horas semanais têm maior chance de sofrer com estresse. Outro fator que pode estar relacionado ao estresse é a presença de dois ou mais vínculos empregatícios, detectado em 44,1% dos entrevistados. Para a pesquisadora Márcia Teles Gouveia, esse dado pode ser explicado pelo fato de que a maioria dos profissionais recebe entre um e dois salários mínimos.

A afirmação é baseada em dados estatísticos presentes na tese de doutorado Estresse e jornada laboral dos trabalhadores de enfermagem. Com 145 entrevistados, a pesquisa foi desenvolvida em duas fases. A primeira, que analisou os fatores de risco no ambiente de trabalho e os problemas de saúde dos trabalhadores, foi desenvolvida entre os meses de janeiro a abril de 2013, com 145 trabalhadores, dentre eles enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. “Depois, avaliamos os sintomas de estresse e coletamos amostras de saliva dos trabalhadores, para mensurar o cortisol, o ‘hormônio do estresse’”, conta a pesquisadora.

Expostos a riscos ocupacionais biológicos, químicos, físicos e mecânicos do ambiente hospitalar, esses profissionais da saúde são responsáveis pelo cuidado direto do paciente. “Com isso, eles convivem com processos de dor, morte, sofrimento e limitações técnicas e materiais”, lembra Márcia.

Perfil

Realizado no Hospital Getúlio Vargas (HGV), no Estado do Piauí, o estudo traz o perfil dos profissionais da enfermagem. Apesar de a pesquisa ser regional, Márcia diz que dados como sexo, idade e categoria profissional são semelhantes aos dos demais estados do País. O sexo feminino predomina, assim como a formação técnica. A idade média é de 44,4 anos e apenas 13,1% mencionaram trabalhar na central de materiais esterilizados. Já referente à carga horária, a maioria (69,7%) realiza 30 horas semanais ou menos.

Os problemas de saúde mais comuns entre esses trabalhadores são varizes (56,5%), lombalgias (46,9%), estresse ou depressão (41,4%) e lesões por acidentes (32,4%). “Alguns entrevistados apresentaram sintomas de estresse, mas a maioria ainda está em fase de resistência e alerta”, conta a enfermeira. Fatores de risco no ambiente de trabalho também foram analisados e, segundo Márcia, as chances de contrair infecções ou doenças é de 77,2%. Lesões por material cortante e risco de sobrecarga no trabalho também foram contabilizados, representando 55,9% e 53,8%.

Impacto negativo

“O estresse excessivo tem consequências diretas na qualidade de vida dos trabalhadores, podendo influenciar de forma intensa no bem estar físico e gerar problemas de ajustamento social, familiar, de saúde e profissional”, ressalta a pesquisadora, que afirma que é necessário evitar que o estresse chegue a níveis elevados.

Conhecer os sintomas, bem como os agentes causadores da irritação são os primeiros passos que devem ser dados por esses profissionais. A enfermeira indica que ser paciente e otimista minimiza os impactos dos agentes estressores. “Eles precisam tentar melhorar a qualidade de vida e manter o equilíbrio para ter uma vida saudável.”

Mais informações: (86) 8832-0906 / 9982-5712, email marcia06@gmail.com, com Márcia Teles Gouveia

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