Curso de odontologia veterinária marca tradição da FMVZ na área

O Laboratório de Odontologia Comparada da FMVZ completa 12 anos de pesquisas clínicas e prestação de serviços.

Estão abertas as inscrições para a seleção do Curso de Odontologia Veterinária na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia (FMVZ) da USP, que terá início em maio. Se hoje a área avança ao ponto de ter um curso de especialização, há alguns anos atrás, na década de 1990, muitas incertezas cercavam a odontologia animal. Afinal, quem deveria atuar nessa área, dentistas ou veterinários? A época foi marcada por essa polêmica, já que a especialização não era oficializada no Brasil.

No período, Marco Antonio Gioso, médico veterinário, cirurgião dentista e professor da FMVZ, estava fazendo residência na área nos EUA. Quando voltou ao país, em 1996, trouxe suas técnicas e presidiu, em 2002, a Assembleia Geral que culminou com a criação da Associação Brasileira de Odontologia Veterinária (ABOV), pioneira na América Latina. Hoje, a associação cresceu e realiza um Congresso anual, já tendo trazido para o Brasil um evento mundial de Odontologia Animal, em 2007.

Segundo Gioso, com a criação da ABOV, além da realização de congressos e cursos de especialização, a discussão perdeu a força. “Naquela época, os dentistas viram uma coisa nova e acharam que podiam fazer. Mas animal é muito diferente de ser humano. Quem quer trabalhar com animais, tem que ser veterinário”. Apesar disso, ele não descarta a possibilidade de um trabalho de mão-dupla. “Os dentistas sabem coisas que não sabemos, e podem colaborar com estudos de caso e pesquisa”, completa.

Na graduação da USP, o professor oferece uma disciplina de pós-graduação e uma optativa de odontologia animal, assim como ensina o básico em algumas disciplinas de cirurgia. De acordo com ele, tanto na USP quanto na maioria das universidades a área ainda não está inserida na grade obrigatória dos cursos de medicina veterinária.

Laboratório

Hoje, além de professor da FMVZ, Gioso é orientador do Laboratório de Odontologia Comparada (LOC) da USP, núcleo criado no ano 2000 que faz pesquisas clínicas, comparadas com seres humanos, em três áreas: cavalos, pequenos animais e animais selvagens. “Acreditamos que 90% dos profissionais que hoje fazem odontologia de animais passaram por aqui, direta ou indiretamente”, aponta o professor.

A equipe é formada por seis pós-graduandos, além de técnicos, enfermeiros e anestesistas. Residentes do hospital da área clínica e cirúrgica também costumam passar pelo laboratório para aprofundar os conhecimentos na área. Pensando nisso, desde 1993 o professor ministra um curso prático de quatro dias com toda a equipe, destinado também para profissionais e estudantes brasileiros e estrangeiros.

O LOC recebe apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), que financia os projetos e cede os aparelhos necessários. Ele está situado no Hospital Veterinário (Hovet) da USP, e também presta atendimento diário, das 8 às 14 horas.

Pesquisa

Entre os projetos desenvolvidos no laboratório com a orientação do professor Gioso, está o mestrado do pesquisador Roberto Fecchio, que realizou a análise da aderência de resinas no bico do tucano-toco. Já o mestrando Sérgio Camargo desenvolveu dentes artificiais de resina para fazer simulações de tratamento.

Juliana Kowaleski pesquisou sobre a doença periodontal, afecção responsável pela inflamação da gengiva (gengivite) e destruição dos tecidos de sustentação do dente (periodontite), causada pela placa bacteriana. O estudo analisou algumas substâncias que são produzidas durante a ocorrência da doença para tentar medir se o aumento dessa substância pode ser uma indicação da gravidade da doença.

Nesse sentido, Samira Abdalla pesquisou em seu doutorado o uso de uma substância natural para combater a doença periodontal, que atinge cerca de 85% dos cães acima de três anos de idade.

Lenin Villamizar, pós-graduando da Colômbia, vem estudando a mandíbula de animais pelo método tomográfico, que utiliza o processamento digital para gerar imagens tridimensionais do interior de objetos. Além desses, há também um projeto desenvolvido em parceria com o Instituto Butantan, feito por Cristina de Albuquerque, que realizou um estudo sobre a dentição das serpentes.

Enquanto isso, Daniel Ferro, em seu doutorado, fez uma parceria com a Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP e inovou em um estudo de métodos de captação de referências, baseando-se na elaboração de trabalhos científicos dos alunos de pós-graduação.

O LOC possui diversas outras pesquisas de mestrado e doutorado, além de publicar artigos científicos, organizar palestras e oferecer o curso de Pós-graduação em nível de Especialização, cuja próxima turma tem início em maio de 2012. As informações completas do curso podem ser acessadas neste link.

Mais informações: site www.loc.fmvz.usp.br

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