NUPPs, FFLCH e IRI lançam Enciclopédia Internacional de Ciência Política

Parceria entre a USP e a International Political Science Association lança trabalho inétido e global.

O Núcleo de Pesquisas em Políticas Públicas (NUPPs), o Departamento de Ciência Política da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e o Instituto de Relações Internacionais (IRI), todos da USP, lançaram nesta-terça feira (7), na Livraria Cultura do Conjunto Nacional, a International Encyclopedia of Political Science (Enciclopédia Internacional de Ciência Política). Composta por oito volumes e mais de 80 verbetes, o conjunto, de acordo com a SAGE – editora americana que irá publicar o trabalho – “providencia uma imagem definitiva e abrangente de todos os aspectos da vida política”.

Organizada por Bertrand Badie, Dirk Berg-Schlosser e Leonardo Molino, conta com aproximadamente 600 contribuições dos principais estudiosos de Ciência Política, espalhados por mais de 60 países. Essa diversidade inédita em sua elaboração é um dos pontos que mais diferenciam essa enciclopédia de outras publicações na área. A obra é fruto do trabalho de cinco anos dos três editores e tem o envolvimento da International Political Science Association (IPSA). A professora Lourdes Sola, atual conselheira e coordenadora de pesquisas no NUPPs foi presidente da IPSA na época de elaboração do projeto. A entidade anunciou a condecoração da publicação com o Dartmouth Medal Honorable Mention Certificate de 2012, título de grande prestígio que homenageia a criação de obras de referência e qualidade.

Novos atores

Na segunda-feira (6), uma palestra foi realizada na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP para divulgação do trabalho. Dirk-Berg Schlosser esteve presente e definiu o projeto como “a primeira enciclopédia verdadeiramente internacional de ciência política no mundo”.

Em comparação com outros títulos de destaque, esse “é muito mais abrangente”, como afirma Sola, e inclui uma seleção de nações que não estavam entre as geralmente abordados em obras do gênero. O projeto foi até cada um destes países, que têm diferentes histórias e complexidade, para buscar explicações teóricas e empíricas sobre a vida política de suas sociedades. “Essa enciclopédia em particular foi feita para ser global”, esclarece Schlosser, que é professor da Philipps-University, de Marburg, na Alemanha.

Unir pesquisadores de todo o mundo em volta de um só projeto só foi possível, segundo ele, graças à internet. No processo de elaboração, os artigos eram enviados aos editores, mandados de volta com sugestões e melhorias, voltando de novo para os editores. Sem a revolução digital, reconhece, a conclusão “teria levado décadas para acontecer”.

Uma das dificuldades desse método é que a grande maioria dos contribuintes não tem inglês como sua primeira língua, de forma que na revisão final foi preciso se atentar não apenas ao conteúdo – se estava coerente e compreensivo – como também à redação dos artigos. Nesse aspecto, Schlosser parabeniza o trabalho da editora SAGE, e se diz “convencido de que um trabalho de alta qualidade foi lançado”.

Enciclopédia e informação

O colaborador Bruno Cautrès, professor da Sciences Po, de Paris, na França, aponta para outro diferencial ao revelar que a enciclopédia faz a comunicação entre conceitos mais dominantes e hegemônicos da ciência política com subdivisõoes extremamente especializadas, geralmente lançadas em revistas científicas, e que não têm alcance tão grande quanto o de conceitos gerais.

José Alvaro Moisés, professor de Ciências Políticas da FFLCH, que também contribuiu com um verbete, declara que a “política é multidimensional”, o que pode ser conflitante na hora de se estudar suas facetas. A solução da enciclopédia foi organizar as divisões tanto em temas centrais como em ordem alfabética. Dessa forma, ela pode ser usada com vários propósitos, seja para ter uma visão geral da área ou para se aprofundar em um assunto específico. Esse aspecto se mostra de grande utilidade para pesquisadores e estudantes.

Max Bergman, outro contribuinte, que já lecionou na Universidade de Cambridge, explica porque, num mundo em que segundos na internet nos trazem rios de informação, é mais vantajoso recorrer à um livro só, no formato de enciclopédia. Para ele, uma enciclopédia traz não apenas a definição de um tema, mas o envolve num contexto histórico, faz previsões e pontes com outros estudos e permite que o pesquisador tenha uma “visão rápida e superficial de sua área de pesquisa”, impulsionando o estudante à sua produção ao invés de o prender em milhares de textos e explicações já existentes. Além do mais, a organização da enciclopédia coloca seus assuntos numa sequência coerente, e serve de quia numa área tão vasta para estudo.

José Alvaro Moisés, que é também diretor científico do NUPPs, informa que o Núcleo já fez um pedido de importação dos volumes para a Livraria Cultura, que então ficarão disponíveis para os pesquisadores, e farão um requerimento para que a Biblioteca Central da USP obtenha uma cópia. Além de disso, segundo Dirk-Berg Schlosser, há uma versão digital que, uma vez comprada pela biblioteca da faculdade, estará disponível para download para todos os alunos com acesso ao sistema.

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