Núcleo de pesquisa avança nos intrincados caminhos das células

Descobrir e caracterizar os peptídeos – moléculas que resultam da degradação da proteína pelas enzimas – é o trabalho do Núcleo de Apoio à Pesquisa na Interface Proteólise-Sinalização Celular (NAPPS) da USP, que pode resultar em novas formas de tratamento do câncer e outras moléstias

Rotas metabólicas

Foto: Cecília Bastos / Jornal da USP
Foto: Cecília Bastos / Jornal da USP

O trabalho do NAPPS não se limita a descobrir, identificar, quantificar e fazer a caracterização química e bioquímica de peptídeos. Além disso, o núcleo busca desenvolver formulações farmacêuticas para a administração dessas moléculas no indivíduo. Essa tarefa cabe também ao professor Marco Antonio Stephano, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (FCF) da USP, outro co-coordenador do NAPPS.

Stephano explica que essa molécula, tanto nos seres humanos como nos animais, atua sobre todas as células. Em sua pesquisa, ele busca fazer com que esse processo se dirija especificamente às células cancerígenas. “Ao definir os mecanismos de formulação, conseguimos definir o quanto de peptídeos vai para uma célula”, explica.
Como exemplo, Stephano cita uma pesquisa voltada para testar o fornecimento de moléculas para as células de pulmão. “A pessoa com câncer no pulmão aspira o peptídeo com o fármaco específico e este vai direto para as células cancerígenas de pulmão. Se pudéssemos liofilizar (desidratar uma substância orgânica por meio do congelamento à vácuo), poderíamos fazer a entrega do fármaco via pulmonar, indo direto ao problema, poupando as células não comprometidas”, considera.

O professor Fábio Luís Forti explica que não é tão fácil quanto parece apontar os caminhos dos peptídeos na célula. Existem diferentes alvos intracelulares em diferentes tipos de células. Alguns são mais evidentes e expressos num tipo de célula do corpo e outros, menos evidentes e expressos em outros tipos de células. “Os efeitos de uma droga vão ser menores ou maiores dependendo de se esses alvos estão mais ou menos expressos num determinado tipo de célula.”

Segundo ele, os alvos perseguidos são proteínas que pertencem a vias metabólicas específicas, ou seja, conjuntos de reações químicas que ocorrem dentro da célula, que também são mais ou menos ativos, dependendo do tipo da célula. Por isso, uma determinada droga tem forte efeito num tipo celular e quase não tem efeito em outro tipo. “Tentamos associar essas rotas metabólicas em diferentes tipos celulares e depois tentamos identificar onde elas estão mais ou menos evidenciadas, para predizer se a droga terá maior ou menor efeito terapêutico.”

Depois desse processo entram os estudos de Stephano, que busca uma forma de administração, que atue melhor nesse tipo celular, a fim de que a droga seja liberada, resultando em um efeito biológico maior, com menos toxicidade.

A redução da toxicidade de um potencial fármaco é muito importante nesse processo de desenvolvimento de um novo medicamento, analisa o professor Emer Ferro. “Ao conseguirmos fazer com que a droga vá somente para a célula tumoral, o efeito tóxico colateral será mínimo e o efeito desejado da droga será potencializado no paciente.”

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