Ex-aluno da FEA é um dos criadores do site de caronas Tripda

Em palestra na FEA, Eduardo Prota falou sobre o funcionamento do site e sua inserção na chamada economia colaborativa.
Foto: Reprodução
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Nicolas Gunkel / Assessoria de Imprensa da FEA

Melhorar a mobilidade urbana, integrar viajantes e trazer economia para o bolso de seus usuários são algumas das propostas do Tripda, projeto idealizado por um grupo de jovens brasileiros para organizar caronas intermunicipais. Em palestra realizada na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) da USP, no dia 2 de setembro, o ex-aluno da FEA, Eduardo Prota, falou sobre o funcionamento do site e sua inserção na chamada economia colaborativa, modelo bastante desenvolvido na Europa e nos Estados Unidos, mas ainda incipiente na América Latina.

“A economia colaborativa é um sistema socioeconômico construído para favorecer seres humanos e recursos físicos”, explica. “Em outras palavras, você não precisa ter um ativo para usufruir do serviço que ele proporciona. No caso da Tripda, [o serviço] é a carona interurbana. Você usa o serviço sem necessariamente ser o dono do recurso, e motorista e passageiro ganham compartilhando os gastos”.

O sistema funciona da seguinte maneira: um motorista que for realizar uma viagem informa seu trajeto, data e horário de partida. Para angariar mais passageiros, ele também pode estabelecer sua flexibilidade quanto a desvios. Quem procura a carona indica localidade e destino e, imediatamente, recebe as opções de trajeto em ordem cronológica.

Assim que o trajeto é calculado, o motorista recebe uma sugestão de preço a cobrar de seus passageiros, incluindo gastos com combustível e pedágios. “A pessoa pode zerar ou aumentar o preço da carona até certo preço. Há um limite em que travamos, porque o objetivo não é que a pessoa lucre, mas sim, que compartilhe custos”, defende.

Tanto motorista quanto passageiro podem indicar suas preferências quanto à viagem, o que inclui a possibilidade de aceitar ou não transportar animais, ouvir música, conversar, comer, fumar e até o nível de conforto do veículo. “Mulheres também têm a possibilidade de viajar apenas com mulheres se assim quiserem”, acrescenta.

A preocupação com a segurança dos passageiros, aliás, é uma das grandes vitrines da Tripda. Todo usuário precisa ter seu perfil vinculado a uma conta no Facebook, e seu perfil no aplicativo é avaliado após a viagem, seja como condutor ou como passageiro. “Esse é o principal recurso que temos. Conforme as pessoas começam a se avaliar, fica mais claro se elas são confiáveis ou não”, explica Eduardo.

Apesar do sucesso da Tripda, ele acredita que os brasileiros ainda são “receosos” em relação a caronas. “Até evitamos usar esse termo para distanciar daquela ideia perigosa de acenar na estrada para desconhecidos. No nosso sistema, as pessoas se conhecem e se organizam de maneira segura”.

Origem e estratégia

Assim como a maior parte das startups, a Tripda surgiu da identificação de uma demanda no mercado. Segundo Eduardo, uma colega e cofundadora do projeto dirigia com frequência de São Paulo a Campinas, onde fazia seu MBA, e percebeu que seu meio de transporte era extremamente ineficiente. “Ela pensou: não é possível que não tenha outra opção, que não tenham pessoas que façam esse mesmo trajeto”.

Foi então que eles conheceram a Rocket, incubadora de internet alemã que leva modelos de startups europeus e americanos para países emergentes. Após estudos, o Brasil se mostrou um mercado interessante para o serviço. Entre as razões, conta Eduardo, estão sua grande frota de veículos, altos custos de manutenção, extensa malha rodoviária, grande número de cidades populosas e elevado número de internautas.

O projeto começou a funcionar em maio deste ano e o site já recebeu mais de 70 mil visitas. Cerca de 20 mil trajetos foram oferecidos. De acordo com Eduardo, a Tripda atua hoje em quatro dimensões: sustentável, com redução do fluxo de carros e emissão de gás carbônico; econômica, por meio do compartilhamento de custos da viagem; social, com interação entre pessoas; e cultural, pela promoção do modelo de economia colaborativa, menos consumista.

Eduardo considera que os próximos desafios da startup são integrar os aplicativos e comunidades de mobilidade urbana e firmar parcerias e convênios com empresas e veículos de comunicação. “Parece-me extremamente ineficiente que várias comunidades de carona funcionem paralelamente e que os meios de transporte não se comuniquem. Também estamos estudando projetos com o Catraca Livre e a Ambev”, declara.

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