USP debate seus canais de comunicação com a sociedade

Foram levantados desafios e gargalos de comunicação da Universidade, como o relacionamento de pesquisadores com a imprensa e vice-versa, e também questões de ordem prática, relativas ao acesso virtual e físico aos campi da Universidade.

Sylvia Miguel / do Jornal da USP

Foto: Francisco Emolo / Jornal da USP
Foto: Francisco Emolo / Jornal da USP

A USP e os meios de comunicação foi o tema debatido nesta segunda-feira, dia 10, em mais um evento do ciclo A USP e a Sociedade, realizado na sala do Conselho Universitário. Participaram do encontro os jornalistas Marcelo Leite, da Folha de S. Paulo, Roberto Godoy, de O Estado de S. Paulo, e Álvaro Pereira Júnior, do Grupo Globo. Com a mediação do professor Eugênio Bucci, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, o debate contou com a participação do reitor Marco Antonio Zago e do ex-reitor e presidente da Comissão Comemorativa dos 80 Anos da USP, professor José Goldemberg. O evento integra a agenda de aniversário de 80 anos da USP. Os próximos encontros do ciclo A USP e a Sociedade ocorrerão nos dias 17 e 24 de novembro.

Não só desafios e gargalos de comunicação da Universidade foram levantados – entre eles, o relacionamento dos professores com a imprensa e vice-versa –, mas também questões de ordem prática, relativas ao acesso virtual e físico aos campi da Universidade. Por exemplo, como uma simples visita ao Portal da USP na internet ou mesmo uma ida ao campus do Butantã podem ser complicados para quem não conhece esses lugares, citaram os jornalistas Leite e Pereira Júnior.

“Se amanhã houver aqui um Prêmio Nobel de Física e um jornalista estrangeiro tiver que encontrá-lo no site da USP, garanto que ele não vai conseguir”, disse Álvaro Pereira Junior. A hierarquização de informações no Portal da USP e a necessidade de páginas de fácil acesso com os contatos dos professores e pesquisadores são alguns dos gargalos a serem enfrentados para abrir os canais de comunicação da USP com a sociedade, apontaram Pereira Júnior e Leite.

“É ótimo que tenha uma parte do conteúdo em inglês, mas em dois cliques o internauta é direcionado para páginas em português. Além disso, há um excesso de informações de cunho meramente institucional. A comunicação é relevante inclusive porque mostra a transparência que se pretende passar como instituição”, disse o editor-chefe e repórter especial do Fantástico. Pereira Júnior disse ainda que hoje vê a USP com uma imagem “mais cosmopolita, menos aristocrata e mais classe média, no sentido de que muita gente ascendeu socialmente por ter estudado na USP”. Para o jornalista, “a USP está mais antenada com o que acontece no mundo”. Mas “infelizmente ainda é coadjuvante” no cenário global, disse Pereira Júnior.

Contraponto

Foto: Francisco Emolo / Jornal da USP
Foto: Francisco Emolo / Jornal da USP

Bucci e Pereira Júnior levantaram a importância das redes sociais na construção da imagem externa das instituições. “Há uma fronteira que passa por fora da imprensa, que é importantíssima, que são as redes sociais”, disse Bucci.

“Representamos aqui o modelo antigo de redações, que imaginam o mundo de determinada maneira e que refletem isso no noticiário que produzem. Talvez daqui a dez anos não sejamos nós representando essas instituições. Porque essa ideia de filtro e hierarquia, que é basilar no jornalismo, está sendo despedaçada pelas redes sociais, que hoje ainda são uma enorme cacofonia e veículos de boatos e informação de má qualidade. No entanto, as redes também circulam informação de muito boa qualidade e esse deve ser um nicho para o qual as instituições precisam ficar atentas”, disse Pereira Júnior.

Bucci descreveu o evento como “uma aula de imenso valor para que a Universidade possa refletir sobre sua própria condição”. Para o professor da ECA, o debate foi uma demonstração e uma prática de abertura da Universidade. “É muito expressivo que tenhamos aqui uma discussão desse nível, com essa informalidade e com a presença do reitor e do professor Goldemberg. Isso significa ouvidos da Universidade. Tudo o que ouvimos de críticas muito pertinentes aponta que a Universidade ouve pouco e se abre pouco, física e simbolicamente falando, tanto para brasileiros quanto para estrangeiros. Esse exercício de escutar é uma demonstração da vontade de ouvir a sociedade”, finalizou Bucci.

Veja a cobertura completa de todos os eventos do ciclo no Jornal da USP.

Scroll to top