Pesquisadores do IFSC criam “Rede de diabetes” para diagnóstico precoce da doença

A detecção será feita por meio de cálculos da quantidade do hormônio adiponectina presente no corpo, que pode indicar a ocorrência futura da doença.

Da Assessoria de Comunicação do IFSC

No Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, pesquisadores do Laboratório de Nanomedicina e Nanotoxicologia do grupo de Biofísica elaboraram uma “Rede de Diabetes” para fazer a identificação precoce de diabetes tipo 2. A detecção será feita por meio de cálculos da quantidade no organismo de adiponectina, substância que pode indicar a ocorrência futura da doença. Os cientistas desenvolvem um sistema de diagnóstico baseado em nanotecnologia para realizar as medicões.

A ideia da Rede surgiu a partir de uma chamada do Ministério da Saúde, por intermédio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), para grupos de pesquisa interessados em estudar diagnóstico, prevenção ou tratamento da diabetes, em nível nacional, realizada em 2010. De acordo com o professor do IFSC, Valtencir Zucolotto, coordenador da Rede, estudos anteriores já indicavam a relação entre variação dos níveis de adiponectinas com a incidência de resistência à insulina, ou de diabetes tipo 2. “Antes de contrair a diabetes tipo 2, o paciente pode já ter apresentado níveis de adiponectina alterados”, conta.

Esse dado levou os pesquisadores a pensar que os números referentes a essa produção podem estar diretamente ligados à incidência da diabetes tipo 2. Partindo desse princípio, ter conhecimento sobre a quantidade de adiponectina produzida no corpo humano pode ser um método de prevenir a doença.

Através de nanotecnologia, a Rede produzirá em um futuro próximo sistemas integrados de diagnóstico (chips parecidos com as fitinhas vendidas em farmácias, que medem a quantidade de insulina no corpo) para monitorar a quantidade de adiponectina produzida no organismo. “O objetivo da Rede é produzir, pela primeira vez, um dispositivo que monitore a adiponectina e relacionar essa quantidade com a obesidade e aparecimento de resistência à insulina e diabetes tipo 2″, explica o professor Zucolotto.

Amostras

A pesquisa coletará amostras de grupos de pacientes obesos, hipertensos e normais e medirá a quantidade de adiponectina em cada um deles. O próximo passo é encontrar a possibilidade do uso dos chips para monitorar o hormônio em questão. “No momento dos testes, verificando-se a variação dos níveis de adiponectina, será possível fazer associações dessa quantidade com a incidência de diabetes tipo 2”, explica o professor. “Um paciente com níveis baixos do hormônio pode ter tendência em desenvolver a diabetes tipo 2, no futuro. Aí entra a parte de prevenção”.

Zucolotto conta que essa é a primeira vez em que um aparelho é desenvolvido para fazer tal medição. Os testes, que se iniciam até o meio do ano, serão feitos diretamente em humanos. A parceria é feita com pesquisadores da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, que coletarão as amostras de pacientes, enviando-as posteriormente ao IFSC, para análise.

A “Rede de Diabetes”, que, em princípio deve vigorar por três anos, acaba de ser aprovada pelo CNPq. “Para fazer a chamada de pacientes, coletar amostras e analisá-las, esse é o tempo mínimo que uma “Rede” deve valer para trazer resultados mais concretos”, conta Zucolotto.

De acordo com a Federação Internacional de Diabetes, a cada oito segundos, a diabetes mata uma pessoa no mundo. No Brasil, a situação não é menos grave. A Sociedade Brasileira de Diabetes chegou ao número de sete milhões de brasileiros infectados pela doença no ano passado, sendo que 90% sofre de diabetes tipo 2, causada, principalmente, pela obesidade e sedentarismo.

Mais informações: (16) 3373-9825; email zuco@ifsc.usp.br, com o professor Valtencir Zucolotto 

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