Simulador de cabine da Poli avalia conforto de passageiros de avião

Equipamento permite simular as condições reais de voo em termos de vibração, ruído, variação de temperatura e sistema de condicionamento de ar.

Luciene Antunes, especial para o USP Online

Desde 2011, cerca de 150 pessoas já tiveram uma experiência de voo em um jato regional da Embraer um tanto inusitada. As viagens, com duração de até duas horas, acontecem no Centro de Engenharia de Conforto, na Escola Politécnica (Poli)  da USP.

No Departamento de Engenharia Mecânica, foi criado um laboratório para simular uma viagem aérea. O objetivo do projeto é  estudar como melhorar o conforto dentro da aeronave. As condições consideradas mais agradáveis para o ser humano são analisadas por meio dos questionários respondidos por voluntários que participam como passageiros dos ensaios.

A cada experimento, um conjunto diferente de condições no interior do avião é simulado: ruído, vibração, umidade, temperatura, pressão, iluminação, além da análise de atividades dos passageiros (ergonomia). “Trata-se de um projeto inovador, com um equipamento único no mundo. Existe apenas um mock-up [réplica de cabine em tamanho real] semelhante no mundo, no Instituto Fraunhofer, na Alemanha, construído em 2005”, diz o professor Jurandir Itizo Yanagihara, coordenador da pesquisa. “O nosso, por ser mais novo, inclui ainda mais recursos, que permitem simular as condições reais de voo com maior riqueza de detalhes, em termos de vibração, ruído, variação de temperatura, sistema de condicionamento de ar. Aqui conseguimos variar até a temperatura das paredes, por exemplo.”

O estudo, iniciado em 2008, é realizado pela Embraer em parceria com outras duas instituições: Universidade Federal de São Carlos e Universidade Federal de Santa Catarina. Da USP, estão envolvidos os departamentos de Engenharia Mecânica (responsável pelos aspectos térmicos, de pressão e de vibroacústica), de Engenharia de Produção (estudando questões relacionadas à ergonomia), o Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina (FMUSP) e o Departamento de Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) (ambos abordando os aspectos psicofísicos da experiência de voo).

À Universidade Federal de Santa Catarina couberam o levantamento de dados e estudos sobre níveis de níveis de vibração e de ruído em um único assento. O Departamento de Engenharia de Produção da UFScar tem atuado na área de ergonomia, fazendo levantamentos em voos reais e organizando um banco de dados de atividades. “Cada grupo de pesquisadores se dedicou inicialmente  aos tópicos de sua especialidade e posteriormente realizamos o estudo integrado nos ensaios no simulador”, diz Yanagihara. A fase atual, que inclui estes ensaios, deve ser concluída em agosto de 2012.

O simulador é feito com os mesmos materiais da aeronave real, réplica do interior dos modelos E-170 e E-190, da família E-Jet da Embraer. Tem bagageiros, saídas de ar individuais, banheiro funcional, e até uma aeromoça, contratada para participar dos ensaios, que oferece serviço de bordo. Serão estudados novos dispositivos e controles individuais de microclima, como saídas de ar a partir do banco da frente do passageiro, algo que ainda não existe nas aeronaves comerciais. Câmeras monitoram as atividades dos passageiros para municiar um banco de dados que auxiliará os pesquisadores e engenheiros da Embraer no desenvolvimento de espaços e instrumentos mais ergonômicos.

Os interessados em participar dos ensaios, que continuam a ocorrer durante todo o primeiro semestre de 2012, podem se cadastrar no banco de voluntários pelo site do projeto. Os participantes devem ser maiores de 18 anos e já terem viajado ao menos uma vez de avião. 

Scroll to top