Projeto de São Carlos participa de disputa internacional

Microrganismo geneticamente modificado será capaz de acelerar a degradação da borracha de pneus.

Da Assessoria de Comunicação do IFSC

Após ter recebido a medalha de bronze no International Genetically Engineered Machine – iGEM 2014, o time iGEM – Brasil – USP 2015, que agora é formado por cerca de 20 estudantes oriundos de grupos de pesquisa do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, prepara-se para participar da edição deste ano do evento, de 24 a 28 de setembro em Boston, nos Estados Unidos. A competição anual, que reúne equipes de universidades do mundo todo, estimula a criação de projetos envolvendo Biologia Sintética, que consiste na aplicação de conhecimentos biotecnológicos e de engenharia. Para participar da competição, os pesquisadores estão desenvolvendo um microrganismo geneticamente modificado, que será capaz de acelerar a degradação da borracha, em particular do pneu, que poderá ser reutilizado para novas finalidades.

Com isso, será possível a criação de biorreatores capazes de diminuir drasticamente o tempo de degradação natural da borracha, que varia entre 500 e 1000 anos. No Brasil, estima-se que 17 milhões de pneus são descartados anualmente, o que representa 70% do descarte total de borracha no país. Tal quantidade descartada já supera a capacidade de reciclagem, reutilização e até mesmo de armazenamento apropriado desse material. Esta realidade propicia o crescimento de mosquitos vetores, disseminando doenças como dengue e malária.

Laís Ribovski, estudante de doutorado do Grupo de Nanomedicina e Nanotoxicologia (GNano) do IFSC e membro do time, explica que desde a criação do primeiro pneu no mundo, nenhum outro foi completamente degradado: “Pensamos em uma forma de degradá-lo mais rápido. Existem várias maneiras de reciclá-lo, mas isso representa uma parcela muito pequena do total da produção de pneu. Além disso, os métodos atuais de reciclagem apresentam um gasto energético elevado”.

A proposta dos pesquisadores é unir enzimas capazes de quebrar ligações químicas e superexpressá-las em um microrganismo, permitindo que elas interajam com o polímero do pneu, quebrando as ligações da borracha e originando novas moléculas químicas, ou polímeros, que poderão ser utilizados para outros fins. Após a montagem do circuito genético, os pesquisadores planejam testar os organismos em biorreatores para otimização do processo.

Bactérias

A pesquisadora Laís Brazaca, outra aluna de doutorado do GNano e que também integra a referida equipe, diz que ambas as bactérias das quais são retiradas as enzimas que são inseridas em um terceiro microrganismo têm capacidade de degradar a borracha, mas cada uma faz isso de maneira diferente e, além disso, apenas pequenas quantidades das enzimas são produzidas, daí a necessidade de unir e superexpressar essas moléculas.

A equipe está na fase final de elaboração do circuito para que possa iniciar sua montagem e em seguida os testes efetivos no polímero. As enzimas tratadas já são reportadas individualmente na literatura quanto a sua eficiência na degradação do látex. Assim, o grupo almeja otimizar os resultados que, de acordo com Laís Ribovski, têm apresentado boas perspectivas. Nós esperamos construir o circuito biológico em breve, para que possamos fazer outros testes e toda a sua caracterização, conclui.

Para que o projeto seja concretizado e o esforço desses jovens estudantes seja reconhecido durante o iGEM 2015 – e não só ao longo da competição -, o time brasileiro necessita de financiamento, pelo que decidiu fazer uma campanha de crowdfunding – “vaquinha” – para custear o projeto com a ajuda de todos que queiram cooperar, as contribuições podem ser feitas aqui. Além disso, o vídeo promocional feito pelos próprios pesquisadores pode ser assistido neste link. Outras informações podem ser obtidas na página do Facebook do time ou no folder do grupo. O time é formado por pesquisadores dos seguintes grupos: Nanomedicina e Nanotoxicologia (GNano), Biofísica Molecular Sérgio Mascarenhas, Cristalografia (Laboratórios de Química Medicinal e Computacional, e de Cristalografia e Biologia Estrutural), Física Computacional (Laboratório de Neurobiofísica) e do Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (CEPOF).

Mais Informações: (16) 3373-9770, email comunic.ifsc@usp.br

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