Wolfgang Fischer e o seu laboratório de ideias

Wolfgang Fischer dá um nó na ditadura do relógio. Pai, músico e funcionário da USP em tempo integral, dedica seu tempo para projetos ambientais, que ganham também o status de hobby.

Trabalhar em período integral, cuidar da casa e da família são tarefas que poderiam consumir quase o dia inteiro de uma pessoa comum. Na vida agitada de São Paulo, com sorte, as poucas horas vagas costumam ser dedicadas a um passatempo, uma atividade relaxante – e quase não sobra tempo para colocar outras ideias em prática.

Wolfgang Fischer, aparentemente, consegue dar um nó nesta ditadura do relógio. Sempre com uma nova ideia na cabeça, o especialista de laboratório – que mora com as duas filhas – trabalha, estuda música, se diverte e ainda dedica seu tempo para projetos ambientais, que ganham também o status de hobby.

Fischer ingressou na USP em 1981, como aluno do Instituto de Biociências (IB). Já trabalhava no Instituto Butantan e conseguiu passar em um concurso para ser técnico de laboratório do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB), em 1988, onde atualmente ocupa o cargo de técnico especialista.

Ele atua como único funcionário no Laboratório de Biologia Molecular do Plasmodium falciparum. Assim, ficam a cargo do técnico atividades diferenciadas: limpeza e preparo de vidros, preparo de meios de cultura, de amostras para sequenciamento de DNA, compra de materiais, auxílio aos alunos de pós-graduação na execução das pesquisas, e orientação das práticas do laboratório.

“O contato com os alunos torna o trabalho sempre uma novidade, mesmo depois de 26 anos aqui”, afirma Fischer. Além disso, as técnicas utilizadas estão sempre sendo alteradas e o profissional precisa estar constantemente se atualizando de acordo com as novas metodologias.

Sistema “home made” para captação e armazenamento de água da chuva
Sistema “home made” para captação e armazenamento de água da chuva

 

 

Fascínio pela natureza

Nascido no Rio Grande do Sul, com pais catarinenses, o biólogo veio para São Paulo ainda na infância. Desde essa época, conta, já gostava das Ciências Naturais: “o mundo natural sempre me fascinou”. Quando começou a pensar em uma profissão a seguir, seus gostos se afunilaram e, por volta dos 15 anos, já sabia que queria Biologia.“Nunca tive uma segunda opção”, relata.

Há três anos, o funcionário da USP começou a preparar a casa onde atualmente mora. Foi preciso uma grande reforma e, já no seu início, percebeu que havia a possibilidade de captar a água da chuva que caía sobre a edícula – portanto instalou uma plataforma para futuramente colocar um tambor.

Em 2014, a ameaça da falta d’água começou a atingir São Paulo. Foi quando Wolfgang colocou em funcionamento o projeto. No início, havia apenas um tambor para armazenamento; agora, o sistema de captação de água já foi ampliado, juntando algumas ideias que ele encontrou na internet.

A água armazenada é utilizada para regar as plantas, lavar o chão e, eventualmente, quando está mais cristalina, para lavar a roupa. Além da captação, Wolfgang também possui uma composteira em casa. Todo o lixo orgânico produzido pelos moradores vira composto para seu jardim de vasos. E no ICB também foi responsável pela implantação de um jardim. Ah, e na hora de vir trabalhar, o transporte são os pés ou sua bicicleta.

O prazer de projetar

Gandalf, ou melhor, Wolfgang, na Comic Con Experience
Gandalf, ou melhor, Wolfgang, na Comic Con Experience

Fischer é divorciado e tem duas filhas que moram com ele. A mais velha é caloura de Geografia da Unifesp de Rio Claro, a mais nova ainda está no Ensino Médio. Além da paixão pela natureza, Fischer guarda outros hobbies e histórias singulares.

Ele é estudante de violino e gosta de estar sempre envolvido em um projeto diferente. “Pensar em realizar uma atividade nova com alguma finalidade específica, como estudar música para ser músico, principalmente quando se é mais velho, pode ser frustrante. Mas o processo de estudar e aprender é gratificante”, diz Wolfgang, garantindo que colocar a ênfase mais no processo e menos no resultado é o que faz do projeto um prazer.

 

 

 

 

O processo de estudar e aprender é gratificante. Colocar a ênfase no processo torna o projeto um prazer.

Recentemente, por influência de sua irmã e de suas filhas, o técnico levou a família toda para a Comic Con Experience, um evento para fãs de quadrinhos, cinema, televisão e outros elementos da cultura pop do qual participam produtores, escritores, atores e empresas – que levam aos seus estandes inúmeros conteúdos para atrair o público da convenção.

Na ocasião, a família Fischer decidiu entrar no clima e fez cosplay, fantasiados de acordo com seus personagens favoritos. Eles incorporaram a saga Senhor dos Anéis, como bons fãs da obra do escritor J. R. Tolkien. “Foi a primeira vez que me envolvi com cosplay, foi muito divertido”.

Wolfgang Fischer acredita que um dos fatores de sua personalidade que contribuiu para sua formação foi a persistência, porque sempre que mira um alvo o persegue até atingi-lo. Vale então o seguinte lema, parafraseado do ex-presidente dos Estados Unidos, Dwight Eisenhower: “planos são úteis, mas o planejar é fundamental”.

 

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