Técnica usada em análise de plantas melhora identificação de cisto bucal

Imagens microscópicas permitem analisar tipos de cisto bucal, patologia derivada de processos inflamatórios.

Pesquisa do pós-doutorando João Batista Florindo, do Grupo de Computação Interdisciplinar do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) da USP, utiliza imagens microscópicas para analisar tipos de cisto bucal, patologia derivada de processos inflamatórios.

A identificação do cisto, que pode ser radicular ou queratocisto, é fundamental para aplicação do tratamento adequado. A técnica de análise de imagem aplicada pelo pesquisador alcançou precisão sensivelmente melhor do que o diagnóstico obtido por outras técnicas automatizadas.

O pesquisador já utilizava esse método para a verificação de plantas, na qual executava um corte na folha de uma determinada espécie de vegetal para observar as suas estruturas complexas através das imagens ampliadas.

Durante o período em que realizou parte de seu pós-doutorado, no Oral Pathology Unit, da School of Dentistry da University of Birmingham, Reino Unido, sob orientação do professor Gabriel Landini, Florindo arriscou aplicar – só por mera experiência – essa mesma técnica aplicada nas plantas no diagnóstico de cistos bucais.

A exemplo do que ocorre nas plantas, o método permitiu observar a forma como as células da pele se distribuem pelo tecido da área afetada e isso acabou por determinar o tipo de lesão envolvido. “É importante saber qual o tipo de cisto que o indivíduo tem, para determinar o tratamento adequado”, explica o pesquisador.

Análise por camadas

De acordo com Florindo, o tecido humano é formado por várias camadas e, com isso, além de analisar a posição das células, ele teve contato com métodos desenvolvidos pelo professor Landini, que focavam em uma análise por camadas, em vez da abordagem tradicional que leva em conta apenas as células individualmente.

“Decidi regressar às experiências com plantas e, por intermédio das técnicas utilizadas, observei que nelas também era possível analisar as camadas, ou seja, dessa vez, o método de imagem utilizado na pele foi aplicado na planta. Aplicamos a mesma abordagem do tecido humano na análise das plantas, fortalecendo essa simbiose entre imagem médica e vegetal e deu certo”, diz ele.

Além das imagens de cistos, Florindo se dedicada ao desenvolvimento de novas técnicas para análise de plantas. Neste momento, ele trabalha com descritores fractais, um método que permitirá conhecer uma espécie de planta a partir de um banco de dados que apresenta um vasto número de espécies vegetais. Essa técnica, que envolve matemática avançada e Inteligência Artificial (sistemas “treinados” para exercerem determinadas funções, simulando o raciocínio humano), transforma a imagem em um conjunto de números.

Segundo o pesquisador, essa metodologia à base de descritores fractais também poderá ser utilizada tanto na análise de plantas quanto no diagnóstico de cistos e muitas outras patologias, como tumores malignos.

“A literatura reporta o uso de ferramentas semelhantes de análise de imagens microscópicas na busca por possíveis padrões irregulares. Há indícios de que tais padrões poderiam estar relacionados com conjuntos de células que apresentam maiores potenciais para gerarem o câncer, de acordo com a forma como essas células se replicam”, explica ele, cuja meta final será aplicar o método para um diagnóstico mais preciso, que permita, assim, a aplicação de um tratamento que regrida a evolução do cisto bucal, por meio de imagens microscópicas.

Rui Sintra / Assessoria de Comunicação do IFSC

Mais informações: (16) 3373-9770

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