Engenheiros da Poli desenvolvem simulador virtual que treina operadores de navios petroleiros

Sistema reproduz com exatidão as dificuldades de uma embarcação petroleira em alto mar, como condições de tempo, ondas, ventos e correntes marítimas.

Antonio Carlos Quinto / Agência USP de Notícias

Utilizando-se de tecnologia 100% nacional, engenheiros do Tanque de Provas Numérico (TPN) da Escola Politécnica (Poli) da USP desenvolveram um Simulador Virtual Offshore para treinamento de operadores de navios que atuam em operações de alívio de petróleo — transferência de óleo da plataforma para o navio petroleiro. O sistema reproduz, virtualmente e com exatidão, as dificuldades de uma embarcação petroleira em alto mar, como condições de tempo, ondas, ventos e correntes marítimas.

Segundo o professor Eduardo Aoun Tannuri, docente do Departamento de Engenharia Mecatrônica e um dos coordenadores do TPN, o projeto resulta de uma parceria da USP com a Petrobras Transportes S.A. — Transpetro. “O simulador foi desenvolvido para atender as necessidades da empresa, que já possui em sua sede, no Rio de Janeiro, três outros equipamentos semelhantes a este, também desenvolvidos e construídos em nossos laboratórios”, lembra Tannuri. O professor conta que operações de alívio exigem precisão e devem ser extremamente seguras. O simulador deverá atender a demanda da empresa, que vem expandindo seus serviços e, para isso, irá necessitar de mais operadores especializados e devidamente treinados.

O simulador offshore traz consigo toda a tecnologia desenvolvida em outro produto especialmente projetado para a Transpetro, que é o Simulador de Navegação de Comboios Fluviais concebido para treinar operadores de embarcações de transporte de combustíveis na hidrovia Tietê-Paraná. Ambos utilizam modelos matemáticos que são resultado de estudos de mais de 20 anos. “Uma das principais evoluções deste novo simulador é em relação ao grau de qualidade gráfica”, antecipa o professor. Segundo ele, não se pode estimar custos num projeto como este, justamente porque toda a tecnologia vem sendo desenvolvida há tempos nos laboratórios do TPN. “Todos os softwares foram concebidos aqui mesmo. Por isso, não temos como calcular os custos. O que sabemos é que sistemas semelhantes importados teriam um custo elevado”, assegura.

Simulação

O equipamento possui três grandes telas e uma bancada com todos os controles de um navio petroleiro, reproduzindo a cabine da embarcação. Ao todo, são cinco manches e um joystick que permitem ao operador o controle de posicionamento do navio. O simulador, que pode ser controlado por um “instrutor”, tem a capacidade de simular todas as condições possíveis de mar e de tempo, como chuvas, altura de ondas, etc. “Além disso, o programa também permite que sejam simuladas avarias no navio para que o operador tome decisões rápidas e acertadas”, descreve Tannuri.

O simulador tem já configurado em seu sistema modelos virtuais de três gerações de navios petroleiros da Petrobras: Ataulfo Alves, Stavanger e os novos navios que irão operar na Bacia de Santos. Tannuri informa que as novas embarcações possuem sistemas de posicionamento específicos para as condições do mar de Santos, que são mais severas. Além dos navios, o simulador offshore possui modelos virtuais das plataformas da Petrobras P-50, P-35, localizadas a mais de 100 quilômetros da costa, e de monobóias, que são pequenas estações de alivio de petróleo que ficam mais próximas ao litoral.no Brasil são bastantes críticas e específicas. “Ou seja, numa operação completa, pode haver inversões de direção de ondas e ventos, chuvas, etc.”, descreve o professor. Ele explica que além dos modelos matemáticos dos navios que estão inseridos no software, o sistema também possui parâmetros ambientais das locações simuladas. “Isso foi possível graças aos dados meteorológicos disponibilizados pela própria Petrobras. São modelos matemáticos robustos e com informações de longos espaços de tempo que estão inseridas no modelo virtual”, informa Tannuri.

O projeto do Simulador Virtual Offshore teve início em agosto de 2011 e foi totalmente concluído no último mês de março. De acordo com o professor, o equipamento poderá substituir horas de treinamento dos operadores no mar. O sistema também já está instalado na Transpetro.

Participaram do desenvolvimento do projeto, além dos pesquisadores, alunos e ex-alunos da Poli que acabaram constituindo uma empresa. Tannuri explica que o empreendimento foi incubado no próprio TPN. “A Petrobras/Transpetro necessita de manutenção permanente deste tipo de sistema, daí a viabilidade de constituição da empresa. A Universidade gera produtos inovadores e abre espaço para empresas de tecnologia se desenvolverem no mercado nacional.”, justifica o professor. Assim, com o apoio do Cietec foi criada a Technomar, que é gerida por ex-alunos da Poli. A equipe principal de desenvolvimento do projeto é formada pelo professor Kazuo Nishimoto, pelos pesquisadores Carlos H. Fucatu e Humberto S. Makiyama, pelos alunos de pós-graduação Felipe Rateiro, Denis Taniguchi, Leonardo I. Abe, Michel R. Miyazaki, e com a colaboração de Antonio A. Russo.

Mais informações: (11) 3091-5414 ou 3091-1704, ramal 239, com o professor Eduardo Aoun Tannuri; email eduat@usp.br 

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