Estação Experimental de Itatinga é área de ocorrência de mamíferos ameaçados de extinção

Pesquisadores flagraram espécies como tamanduá-bandeira, onça-parda e lobo-guará.

Um estudo coordenado pela professora Katia Maria Paschoaletto Micchi de Barros Ferraz, responsável pelo Laboratório de Ecologia, Manejo e Conservação de Fauna Silvestre (LEMaC) do Departamento de Ciências Florestais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, constatou que a Estação Experimental de Ciências Florestais de Itatinga (EECF-Itatinga) é um excelente local para a conservação da fauna brasileira, especificamente das espécies Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) e onça-parda (Puma concolor) que são alguns dos animais na Lista Nacional de Espécies Ameaçadas de Extinção, elaborada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

Com o objetivo de realizar um inventário de mamíferos de médio e grande porte da Estação Experimental de Itatinga e verificar quais espécies ocorrem na área, a estudante de biologia da Universidade Metodista de Piracicaba (Unimep), Letícia Munhoes, orientada pela professora Katia, e com colaboração da doutoranda do Programa de Pós-graduação (PPG) em Recursos Florestais, Maísa Ziviani Alves, está desenvolvendo pesquisa para identificar os mamíferos que estão presentes e que utilizam as áreas de vegetação nativa e os plantios de eucalipto do local. Para isso, a estudante utiliza armadilhas fotográficas, método amplamente utilizado em estudos de mamíferos de médio e grande porte. “As armadilhas são distribuídas aos pares, em pontos amostrais, por toda a área da Estação”, explica Letícia.

O projeto teve início em maio deste ano e, com apenas 30 dias de amostragem, foi possível registrar diversas espécies. “A descoberta surpreendeu a todos, pois o tamanduá-bandeira, o lobo-guará e a onça-parda estão presentes em listas de espécies ameaçadas de extinção. Além disso, o tamanduá-bandeira e o lobo-guará são sensíveis à fragmentação de habitats, sendo sua ocorrência no local de extrema importância para a Estação”, conta Maísa.

Foto: Acervo LEMaC (Laboratório de Ecologia, Manejo e Conservação de Fauna Silvestre), do Departamento de Ciências Florestais da Esalq
Foto: Acervo LEMaC (Laboratório de Ecologia, Manejo e Conservação de Fauna Silvestre), do Departamento de Ciências Florestais da Esalq

Até o momento, foram registradas 11 espécies, sendo estas cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris), irara (Eira barbara), lobo-guará (Chrysocyon brachyurus), onça-parda (Puma concolor), quati (Nasua nasua), tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), tatu-galinha (Dasypus novemcinctus), tatu-peba (Euphractus sexcinctus) e veado-catingueiro (Mazama gouazoubira).

Segundo Katia, os resultados, ainda que parciais, evidenciam a importância da Estação para a conservação da biodiversidade local e regional, destacando-se como viável e compatível a interface entre sistema produtivo e conservação. “A presença de espécies em categoria de ameaça à extinção em área de vegetação nativa permeadas por plantio de eucalipto mostra a importância das florestas plantadas como conectoras de paisagem, permitindo o deslocamento de mamíferos de médio e grande porte”.

Para a professora, o estudo também demonstra que os plantios de eucalipto contribuem com espécies de menor porte, compondo uma significativa base de presas. “Os resultados deste estudo fornecerão informações para elaboração de planos de manejo para a área, visando à conservação das espécies presentes”, afirmou.

A pesquisa tem apoio da Superintendência de Gestão Ambiental (SGA) da USP, Plano Diretor Socioambiental Participativo do Campus Luiz de Queiroz e Departamento de Ciências Florestais da Esalq. A primeira amostragem deve ser finalizada no mês de setembro, mas, como afirma Katia, a intenção é dar continuidade ao estudo.

A Estação

Foto: Acervo LEMaC (Laboratório de Ecologia, Manejo e Conservação de Fauna Silvestre), do Departamento de Ciências Florestais da ESALQ
Foto: Acervo LEMaC (Laboratório de Ecologia, Manejo e Conservação de Fauna Silvestre), do Departamento de Ciências Florestais da ESALQ

O Departamento de Ciências Florestais da Esalq é responsável pela administração da Estação Experimental de Ciências Florestais de Itatinga desde 1988. O local é um patrimônio da sociedade, reconhecido como um dos mais importantes centros de pesquisa, ensino e extensão universitária do mundo.

A Estação Experimental possui 2.175,43 hectares às margens da Rodovia Castelo Branco (SP 280). Nos últimos 15 anos, atendeu 2.692 estudantes que complementaram o aprendizado teórico de 37 disciplinas de graduação, de pós-graduação e de colégios técnicos, sendo 17 disciplinas da Esalq; 10 da Universidade Estadual Paulista (Unesp); 1 da Universidade Federal do Paraná (UFPR), além de outras 5 disciplinas em faculdades e escolas técnicas do Estado de São Paulo. A Estação tem prestado ainda relevantes serviços ambientais à região onde está instalada e abriga remanescentes vegetais que constituem habitat para espécies de mamíferos e de aves.

Alessandra Postali / Assessoria de Comunicação da Esalq

Mais informações: email imprensa.esalq@usp.br

 

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