Pesquisadoras da USP ganham prêmio L´Oréal para mulheres na ciência

As pesquisas contempladas são da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto e do Instituto de Biociências.

Duas pesquisadoras da USP estão entre as ganhadoras da 10º edição do Prêmio L´Oréal Brasil – Para Mulheres na Ciência, organizado pela L’Oréal Brasil, pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciências e Cultura (Unesco) e pela Academia Brasileira de Ciências (ABC). O programa seleciona todo ano sete jovens cientistas brasileiras que se destacaram no cenário científico, considerando como critério a importância das pesquisas em seu campo de atuação.

Tábita HünemeirFoto: Divulgação / L'Oréal
Tábita Hünemeir
Foto: Divulgação / L’Oréal

Pela USP, as contempladas foram Alline Cristina de Campos, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP), com o projeto “A possível influência dos endocanabinóides nos efeitos comportamentais e plásticos dos antidepressivos”, e Tábita Hünemeir, do Instituto de Biociências (IB), com o projeto “Genômica e Evolução da Diversidade Craniofacial em Nativos Americanos”. Alline conduz uma pesquisa que busca produzir medicamentos com menos efeitos adversos para pacientes que sofrem de ansiedade e depressão. Tábita desenvolve um projeto que procura descobrir as bases genéticas de características morfológicas de nativos americanos, de forma a encontrar variações que os diferenciem das populações de outros continentes.

Até 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta que a depressão será uma das principais causas de incapacidade no mundo. Até o momento, os medicamentos prescritos para depressão e ansiedade trazem consigo inúmeros efeitos adversos (ânsia, vômito, alteração de apetite, alteração do sono) além de provocarem efeitos tardios no combate destes males. Os pacientes começam a sentir uma melhora depois de quatro a oito semanas de tratamento.

Alline Cristina de Campos Foto: Divulgação / L'Oréal
Alline Cristina de Campos
Foto: Divulgação / L’Oréal

Segundo Alline, uma substância que vem demonstrando potencial terapêutico para atenuar a ansiedade patológica e a depressão é o endocanabinóide, substância que nosso próprio organismo produz e que controla várias funções do cérebro: aumenta a produção de novos neurônios (neurogênese) e as conexões entre as células (neurônios) – funções que estariam modificadas no cérebro de pessoas com depressão ou ansiedade.

O trabalho de Alline investiga se os antidepressivos demoram para realizar seu efeito nesses transtornos porque precisariam ativar a produção desses endocanabinóides. Se estas hipóteses estiverem corretas, no futuro será possível associar os canabinóides com menores quantidades de antidepressivos, o que melhoraria não somente os efeitos colaterais, mas também o tempo para que estes fármacos façam efeito.

 

Já o projeto contemplado da pesquisadora Tábita traz importantes contribuições com relação ao estudo da genética de populações humanas, mais especificamente dos nativos americanos. O trabalho se dá nas bases genéticas que levam as diferenças existentes entre as populações humanas como africanos, europeus e nativos americanos (indígenas). O trabalho pretende encontrar quais conjuntos de variações genéticas estão levando a características que diferenciam fisicamente os nativos americanos das populações de outros continentes.

A importância da pesquisa no meio científico se dá também porque do ponto de vista genético, os nativos americanos são a população menos estudada no mundo, informa Tábita. Com o projeto, serão preenchidas lacunas existentes e geradas informações que ajudarão a entender melhor questões relacionadas à evolução e a saúde dos nativos americanos. Para Tábita, receber a premiação significa a consolidação de sua linha de pesquisa dentro e fora da comunidade acadêmica.

Membros titulares da ABC distribuídos por gênero – clique para ampliar
Fonte: Academia Brasileira de Ciências (ABC)

Para o professor Jacob Palis, presidente da ABC, o prêmio “é um incentivo para que haja mais equilíbrio de gêneros no campo científico brasileiro e nas carreiras acadêmicas”. Segundo Palis, por razões históricas, ainda há pouca participação feminina no setor. Um gráfico dos “Membros titulares da ABC, distribuídos por gênero” mostra este tímido crescimento da inserção da mulher nas atividades científicas. Em 2005 era de 7,87%, em 2011 foi para 11,16% e em 2015 chegou a 12,80%. (vide gráfico)

O prêmio, divulgado dia 10 de agosto, será entregue em uma cerimônia dia 21 de outubro, no Rio de Janeiro, e consiste em uma bolsa-auxílio no valor de 20 mil dólares.

Mais informações: Alline Campos – (16) 63315-3325, allinecampos@usp.br; Tábita Hünemeier – (11) 3091-7549, hunemeier@usp.br

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