Anos 80! Prestei vestibular na Fuvest. Minha primeira opção: Odontologia e a segunda: Filosofia. Se para o curso de Odontologia, apenas um pontinho não me permitiu ser aprovada, para Filosofia, para a minha satisfação, sobraram muitos pontos. Diante disso, vi que o meu destino não seria cuidar de dentes, mas fazer as pessoas – os alunos – pensar! Ah! uma informação, sem dúvida, relevante. Prestei vestibular, com sucesso, em 8 universidades, nas áreas de humanas, exatas e biológicas. Desnecessário dizer que a minha opção seria cursar Filosofia na USP. Mas, nem sempre, as coisas acontecem do modo que sonhamos, desejamos, queremos…
Por isso, não quis, sem antes pensar, avaliar, pesquisar sobre a decisão que iria tomar: matricular-me no curso de Filosofia da USP. Morando nas Perdizes, tendo que trabalhar durante o dia – necessidade, não opção – estava ciente das dificuldades que teria que enfrentar, como, por exemplo, tomar ônibus, todas as noites, para ir e voltar da Universidade. Para estar mais segura da decisão que iria tomar, conversei com alunos que estudavam, à noite, na USP. Dito isso, fiz o que seria mais adequado para mim, o que o meu bom senso me indicava, na época: matricular-me no curso de Filosofia na PUC-SP, que ficava a dois quarteirões de onde eu morava.
Assim o fiz. Minha vida de estudante estava nos trilhos. Importante, no entanto, ressaltar um fato preocupante que se repetia, todo fim de mês: a falta de dinheiro, Por morar e trabalhar no mesmo bairro, eu ia contornando, “driblando” essa dificuldade. Terminada a graduação, o próximo desafio: o mestrado, que foi feito lá na PUC mesmo. Depois de muito trabalho, dedicação e determinação, eu o defendi com louvor, distinção: nota Dez! Dois anos de esforço recompensado – 1995/1997. Em 1999, a minha dissertação de mestrado foi publicada pela editora UEL/PR.
Ah! E a USP? Ela voltou a fazer parte da minha vida de estudante somente 20 anos depois. Cursei uma disciplina no EDA. Não foi por diletantismo “para fazer um curso na USP!” Já trabalhando há muito anos no ensino superior, na área da Filosofia, senti vontade e necessidade de aprofundar meus conhecimentos na área da Educação. E fui, conscientemente, em busca desse objetivo. E foi justamente no EDA que eu encontrei aquilo de que, realmente, necessitava: professores com enorme conhecimento sobre a Educação e, além disso, possuidores de uma visão ampla e crítica da Educação no Brasil, também tratada por eles, com muita seriedade mesmo.
Pude sentir e ver que tinham, de modo geral, também conhecimento da Educação que ia pelo mundo. Outro momento em minha vida de estudante. Eu me envolvi tanto, me empolguei tanto estudando no EDA, que, quando dei por mim, estava fazendo doutorado na USP. Mais um desafio na minha vida de eterna aprendiz. Isso ocorreu de 2000 a 2004. Mesmo tomada pela empolgação, pela alegria de estar fazendo doutorado… na USP, não posso deixar de me lembrar de que esse período foi muito difícil para mim. Momentos difíceis, sobretudo, porque conflitantes, mas importantíssimos na minha vida, como pessoa e como estudante. Graças a esses momentos difíceis, no entanto, é que pude aprender mais, a dialogar, a negociar e a recomeçar sempre que fosse necessário.
Ensinamentos que trago comigo e deles me valho até hoje. Terminei o curso de doutorado, aprovada com distinção. Posso dizer, sem medo de errar, que o meu doutorado na FE-USP foi um divisor de águas na minha vida pessoal, assim como, na minha vida acadêmica. Depois de algum tempo, era notório que a minha vida acadêmica começava a ter mais espaço, ganhava dimensão, importância. Estava em ascensão.
Trabalhei com a reitora em uma universidade em Moema/Interlagos. Depois, ingressei em programas do Stricto Sensu na saudosa Universidade Metodista de Piracicaba – Unimep – , onde fiquei durante o período de 2010 a 2015, orientei alunos de iniciação científica, mestrados e doutorados. A crise financeira pela qual ela passou levou-a à falência. Parêntese. Enquanto estive na Unimpe, tive apoio para fazer um pós-doutorado na Universidade de Borgonha – Dijon França. Diz o ditado que o bom filho à casa torna! Voltei à PUC-SP (2010-2013) para fazer o supracitado pós-doutorado em parceria com a Universidade de Borgonha – Dijon-FR,(2011-2012). O resultado da pesquisa de pós-doutorado foi publicado em 2013 – primeira edição – pela editora CRV e a segunda edição, revista e ampliada pela Editora Livraria da Física, em 2023. Da Unimep, fui para a USF-Itatiba, onde permaneci até 02/2022. Nessa universidade, também orientei alunos de iniciação científica, mestrados, doutorados e supervisionei pós-doutorados. Nessa universidade, encerrei minha carreira no Stricto Sensu.
Durante o meu percurso como educadora, no contato diário com as pessoas – especial, os alunos – sempre procurei observar, incentivar, valorizar o aspecto imaginativo, a criatividade e a sensibilidade delas, assim como, observar sua afetividade para consigo mesmas e para com o outro. Isso nem sempre foi fácil, visto que, na maioria das vezes, tive que fazer atividades, trabalhos burocráticos, técnicos que exigiam que eu pusesse em prática o meu lado racionalista; trabalhos que tinham pouco ou nada a ver com o ser educadora.
Mais uma vez, em outro momento de minha vida, fui posta à prova, como ser humano, professora e educadora depois de ser demitida. Isso ocorreu em 2022. Felizmente, aquilo que, em tese, poderia ser algo ruim, negativo para mim, foi, de fato, a minha “libertação”. Pude, enfim, depois de muitos anos, ter a sempre sonhada, desejada, liberdade para criar. Exorcizei o que era ruim e pude “pôr pra fora” o meu lado desenhista, deixando expressar a poesia que estava “sufocada” dentro de mim, a minha “veia” de narradora, de contadora de história – contos, crônicas, ensaios – Ah! Tenho 5 livros publicados pela Editora Livraria da Física, esgotados na Amazon, poucos dias após a sua publicação. E há outros que já estão a caminho…
Depois do relato de momentos significativos de minha vida, vividos intensamente, seguem, como informação, minhas produções acadêmicas, livros de contos, crônicas e ensaios, assim como, um livro de poesia e livros organizados com colegas da Academia, com amigos e orientandos; seguem, também, alguns desenhos de minha autoria. Enfim… ponto final neste meu relato que – me permitam – termino com o refrão da música de Vandré: “Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.”
Abaixo, fotos de capa de livros autorais e em parcerias e desenhos autorais.