No ano de 1934 nasceu a USP, e em abril do mesmo ano também nasceu um menino simples em Monte Santo, interior de Minas Gerais. Esse menino se chamava Roberto Braga, e alguns anos depois a sua vida iria cruzar com esta Universidade, assim como a minha cruzou com ambos, ele é meu pai, engenheiro civil formado na Poli-USP e eu sou Fernanda, administradora formada pela FEA-USP.
Meu pai, falecido em 2016, foi meu grande ídolo e inspiração para a vida acadêmica e profissional. Um cara que, com poucos meses de vida, foi afastado de seu pai que sofria com uma doença tão temida na época, a “lepra”, e foi criado por minha avó sozinha, sendo o caçula de quatro irmãos. Ele que não tinha sapato para ir para a escola, logo se destacou se alfabetizando sozinho e por ter um raciocínio lógico diferenciado. E aí começou o sonho de se tornar engenheiro, sonho este que foi possível quando sua irmã mais velha se casou e se mudou para São Paulo, e o levou consigo para trabalhar como contador, pois havia terminado o ensino técnico.
E assim, trabalhando de dia e fazendo cursinho a noite em São Paulo, ele prestou vestibular com prova, inclusive oral, para engenheiro no ITA e na Politécnica, passou em ambos, e optou pela última. Foi “bixo” de Mario Covas, Paulo Maluf, entre outros politécnicos famosos. Tinha o dom do esporte, remou no Tietê, correu, jogou futebol, se formou em 1960 e trabalhou com muita paixão pela engenharia civil por mais de 50 anos.
Em 1996, chegou a minha hora de prestar vestibular, assim como meu pai eu sempre fui boa aluna na escola, e estava adiantada, portanto, aos 16 anos passei na Fuvest e foi uma das maiores alegrias da minha vida. Inicialmente, fui para o campus de Ribeirão Preto, na FEA-RP e fiquei 3 anos lá, depois transferi o curso para São Paulo por ter conseguido um estágio em uma grande multinacional de consultoria. Ao final do curso, sofri para me formar, não conseguia finalizar uma matéria e fiquei 1 ano e meio a mais na faculdade, hoje acredito que eu precisava desse tempo para amadurecer, e também para deixar de ser universitária. É muita paixão por essa faculdade, tanto que participei das formaturas de Ribeirão e de São Paulo.
Enfim, me alonguei um pouco, mas para dizer que a USP foi um sonho realizado para nós dois, e hoje eu ostento o meu diploma ao lado do dele, como uma referência de seu legado e dos bons exemplos que me deixou. Ser filha dele e ser USPiana é sem dúvida dos maiores orgulhos da minha vida, e era da dele também.