Astrônomos pedem adesão oficial do Brasil ao Observatório Europeu do Sul

Adesão permitirá maior acesso ao observatório e participação em projeto de telescópio.

Júlio Bernardes / Agência USP de Notícias

Um grupo de jovens cientistas brasileiros, pós-graduandos e pós-doutores, divulgaram um manifesto em que pedem ao Congresso Nacional que aprove a adesão oficial do Brasil ao Observatório Europeu do Sul (ESO), centro de pesquisas sediado no Chile. A formalização da adesão permitirá que os brasileiros ampliem suas atividades de observação do ESO e participem da construção do Extremely Large Telescope (ELT), telescópio óptico com espelho de 39,2 metros de diâmetro. O projeto ainda se encontra nas Comissões do Congresso, sem prazo para ser votado no plenário. A Carta dos Jovens Astrônomos, divulgada em setembro, conta com as assinaturas de pesquisadores do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas (IAG) da USP.

“Os cientistas brasileiros têm submetido propostas de observação no ESO, mas as empresas nacionais não podem participar de editais e só poderão fazê-lo após a ratificação da adesão pelo Congresso”, diz a professora Beatriz Barbuy, do IAG, que realiza pesquisas relacionadas com o ELT. “Os pesquisadores têm submetido propostas de tempo e têm obtido uma fração de 34%. Ainda falta aumentar o numero de pedidos de tempo, o que deve acontecer à medida em que se vai conhecendo como funcionam os instrumentos”.

A adesão oficial do Brasil ao ESO, objeto do Projeto de Decreto Legislativo de Acordos, tratados ou atos internacionais (PDC) 1287/2013, já foi aprovada pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados e atualmente esta em analise nas Comissões de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTCI), Finanças e Tributação (CFT), e Constituição e Justiça (CCJ). Se aprovado, irá a votação no plenário do Congresso.

“O manifesto dos pós-graduandos e pós-doutores enfatiza seu apoio à adesão do Brasil ao ESO e demonstra a preocupação em ter acesso a todos os observatórios, vários telescópios e instrumentos daquele Observatório, que é o mais completo do planeta”, enfatiza a professora.

Observações

No IAG, as principais pesquisas feitas por meio do ESO são desenvolvidas com a coordenação do professor Jorge Melendez e envolvem estrelas gêmeas solares e busca de planetas nessas estrelas. “O professor conseguiu 88 noites de observação no telescópio de 3,6 metros, com o instrumento HARPS, considerado o melhor instrumento do mundo para detecção de planetas. Conseguiu também noites no Very Large Telescope (VLT), de 8 metros”, conta Beatriz. “Outros projetos tratam de abundâncias químicas em aglomerados globulares e estrelas de diferentes populações estelares na nossa galáxia, a Via Láctea”.

O ELT será o maior telescópio óptico jamais construído, com espelho de 39,2 metros de diâmetro. “Em telescópios, a área de espelho que colhe a luz vinda dos objetos, é um fator crucial na sua capacidade de observação”, explica a professora do IAG. “Com essa área coletora e toda a sofisticada óptica associada a ela, será possível observar objetos no universo distante, com qualidade de imagem superior a de qualquer instrumento da atualidade”.

No projeto do ELT, o grupo da professora Beatriz participa do desenvolvimento do instrumento MOSAIC, um espectrógrafo multi-objeto, que observara no óptico e no infravermelho. “É um instrumento extremamente sofisticado. Em 2014, a nova versão do instrumento será submetida ao ESO, e tem grandes chances de ser selecionado”, aponta. “Do ponto de vista da indústria, é discutida com engenheiros de automação a construção dos 3.000 atuadores que serão aplicados aos 800 espelhos do ELT e estudada a colaboração em óptica adaptativa”.

O ELT atualmente espera a ratificação da entrada do Brasil no ESO para começar a ser construído. “Os planos de construção já estão prontos e aprovados pelos comitês de estudo. A previsão é que o equipamento ficará pronto em 2024”, afirma Beatriz.  “A operação ocorrerá a partir das instalações do Very Large Telescope (VLT), no deserto do Atacama (Chile), e que se encontra a 20 quilômetros do local do ELT”.

Mais informações: (11) 3091-2771, na Assessoria de Comunicação do IAG

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