Esalq apresenta flora brasileira em congresso na Áustria

Trabalhos apontam que Brasil é o país mais rico em biodiversidade e quais espécies vegetais brasileiras são empregadas na fabricação de medicamentos e quais poderiam ser também empregadas para esse fim.

Alicia Nascimento Aguiar / Assessoria de Comunicação da Esalq

A flora brasileira é imensa e muito diversa. Este tem sido um dos objetos de estudo do Grupo de Estudos Walter Accorsi (Gewa), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP. Para divulgar esse trabalho e aprofundar conhecimentos na área, dois alunos do curso de Gestão Ambiental, Jorge Luiz Cambui Melli, atualmente cursando o 6º semestre, e Guilherme Aleoni, aluno do 4º semestre, participaram de congresso internacional realizado na Áustria, entre os dias 2 e 6 de setembro, onde foram apresentados resultados de trabalhos desse grupo.

No evento denominado 13º International Congress of the Society for Ethnopharmacology, realizado em colaboração com a Society for Medicinal Plant and Natural Product Research and Eurasia Pacific Uninet, os alunos expuseram as pesquisas Medicinal Plants Ethnobotanical Knowledge: An Overview at Vale do Ribeira (Registro/SP) – Brasil, e Potencial Aspects from Brazilian Medicinal.

A primeira, apresentada por Melli, exibiu quais espécies vegetais brasileiras são empregadas na fabricação de medicamentos e quais poderiam ser também empregadas para esse fim, se fossem melhor estudadas. Dessa forma, a pesquisa destacou a importância de se manter o conhecimento etnobotânico vivo e ativo. De acordo com a Política Nacional sobre plantas medicinais brasileiras e fitoterápicos, o objetivo principal do panorama foi resgatar o conhecimento tradicional, em associação com a correta identificação botânica das espécies mencionadas, especialmente, neste ano de 2012, eleito como o ano da sustentabilidade, durante o qual tais preocupações entraram em evidência. Durante 2009 e 2010, foram feitas visitas mensais a uma fazenda (469,50 hectares), localizada em Registro (SP), cuja área mantém intactos vários quilômetros quadrados de Mata Atlântica, o bioma mais ameaçado do Brasil, também reduto de uma das maiores taxas de biodiversidades no País. Ao final, as coletas foram mantidas no Laboratório de Plantas Medicinais, do Departamento de Ciências Biológicas (LCB) da Esalq.

O segundo trabalho, apresentado por Aleoni, relata que dadas as dimensões continentais de seu território (8.514.876 km ²) e ao clima favorável, o Brasil está dividido em seis grandes biomas (Amazônia, Mata Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pantanal e Pampa), e é o país mais rico em biodiversidade. Esta vasta riqueza biológica se reflete pelo potencial medicinal de espécies de plantas diversas. O pesquisador alemão Carl Friedrich Philipp von Martius, em seu Brasiliensis Systema Materiae Medicae Vegetabilis (1874), descreve 470 plantas brasileiras. Nele, o cientista afirmou que “as plantas brasileiras não curam, fazem milagres”. Dessa forma, para categorizar e relatar seus usos, nesse trabalho foram selecionadas 25 espécies de 17 famílias diferentes amplamente utilizadas no Brasil, especialmente por farmácias de manipulação. Elas apresentam propriedades como imunomoduladoras, anti-oxidantes e anti-inflamatórias, anti-tumorais, ansiolíticas, ajudam no processo de cicatrização e defesa contra a síndrome metabólica.

Sobre a experiência, os alunos, que são estagiários em Botânica Aplicada, afirmam que foi uma apresentação muito proveitosa. “Muitas pessoas se interessaram pelos nossos trabalhos, já que a flora brasileira possui uma diversidade enorme. Fizemos muitos contatos com pesquisadores de outros países como República Tcheca, Austrália, Índia e até mesmo do Brasil”, ressaltou Melli. “O congresso estava com um número elevado de indianos e brasileiros, mostrando grande interesse dessas duas grandes nações em aprofundar seus conhecimentos nessa área. Havia numerosos trabalhos sobre levantamentos etnobotânicos para resgatar o conhecimento popular das plantas e, também, muitos sobre substâncias específicas”, conclui Aleoni.

O orientador, Lindolpho Capellari Junior, professor do LCB, destacou a colaboração da farmacêutica Walterly Moretti Accorsi, filha do professor Walter Radamés Accorsi, durante a realização dos trabalhos. Ao final, o docente acrescentou que “essa foi mais uma oportunidade de divulgar pesquisas sobre a flora brasileira e, também, dar oportunidade a alunos de graduação de uma experiência inédita”.

Mais informações: site www.esalq.usp.br

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