Estudo da Esalq revela como teste F modificado contribui para o melhoramento genético

Na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, um grupo de pesquisadores liderados pelo professor Carlos Tadeu dos Santos Dias desenvolveu um estudo que possibilita aos profissionais do setor conhecer qual é a variabilidade de genótipos e ambientes para a interação desses fatores, contribuindo assim para a melhoria dos programas de melhoramento genético.

Valéria Dias / Agência USP de Notícias

Na área de melhoramento genético, é preciso levar em conta as características genéticas das plantas, pois elas podem ser influenciadas pelas condições ambientais afetando a produtividade. Na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP, em Piracicaba, um grupo de pesquisadores liderados pelo professor Carlos Tadeu dos Santos Dias desenvolveu um estudo que possibilita aos profissionais do setor conhecer qual é a variabilidade de genótipos e ambientes para a interação desses fatores, contribuindo assim para a melhoria dos programas de melhoramento genético.

Os pesquisadores fizeram uma modificação no Teste Estatístico F, uma ferramenta desenvolvida na década de 1940 pelo pesquisador inglês Ronald Fischer (1890-1962) — considerado um dos pais da Estatística Moderna. O teste é usado comumente para determinar, por meio de uma série de expressões numéricas, o resultado geral da interação genótipos x ambientes. Os pesquisadores da Esalq propuseram uma expressão diferente para a estatística F. Nela, constam influências sobre as fontes que não podem ser controladas como vento, chuva, insolação, temperatura, umidade, mancha de solo, relevo, latitude, longitude, doenças, pragas, etc.

A mudança resultou na possibilidade de se conhecer qual é a variabilidade de genótipos e ambientes para interação. “Se varia muito, significa que o genótipo tem um comportamento imprevisível, ou seja, muda muito de um ambiente para outro. Os genótipos que não contribuem significativamente para a interação são os melhores, pois não apresentam variação de acordo com o ambiente”, explica o professor.

É como se fosse uma tabela: as linhas são os genótipos; as colunas, os ambientes. No Teste F tradicional, as análises levam em conta apenas os efeitos principais dessa interação. Já na modificação desenvolvida pelos pesquisadores, é possível conhecer as variações para cada linha de genótipo e para cada coluna relativa ao ambiente.

Inovação

“Não existe nada semelhante atualmente”, aponta o professor, destacando o caráter inovador da pesquisa. Segundo ele, o modelo matemático-estatístico AMMI, por exemplo, permite estudar a interação entre genótipo e ambiente, mas a ferramenta apenas modela a interação. “No nosso caso, testamos cada um dos componentes dessa interação”, diz. No último mês de julho, um artigo sobre o tema foi publicado na revista científica INTERCIENCIA.

Para realizar o estudo, o grupo utilizou um ambiente de programação denominado Statistical Analysis System (SAS) desenvolvido inicialmente na Universidade da Carolina do Norte (Estados Unidos), sendo hoje uma empresa independente. O programa desenvolvido pelos pesquisadores está disponível para os interessados por meio deste link. É possível ter acesso ao programa de simulação utilizado para os experimentos e também ao programa para aplicação do Teste F modificado a partir da página 108 (anexos).
Os testes foram realizados com cultivares de trigo. No entanto, de acordo com o docente, o programa poderia ser utilizado em outras culturas e até mesmo pensando-se no melhoramento genético de animais. “Trata-se de um teste universal. Ele pode ser usado em qualquer pesquisa que envolva dois fatores de interação”, destaca.

Agora, os pesquisadores pretendem estender as pesquisas para que o Teste F Modificado possa mostrar a variabilidade entre três fatores, como genótipo x ambiente x ano, por exemplo. Outra intenção é dar outro nome a esse teste, como Teste MLPT, em alusão às letras iniciais dos pesquisadores que participaram do estudo: os matemáticos Mirian Fernandes Carvalho Araújo, Lúcio Borges de Araújo e Priscila Neves Faria, além do professor Carlos Tadeu dos Santos Dias.

Mais informações: (19) 3429-4127 / 4144 / 4145, ramal 215, o e-mail ctsdias@usp.br, com o professor Carlos Tadeu dos Santos Dias

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