Pecuaristas diversificam aquisição de material genético, conclui pesquisa da FEARP

Produtores de gado de corte seguem recomendação técnica e mantém relacionamento com diversos fornecedores de material genético, aponta pesquisa da FEARP.

Rita Stella / Serviço de Comunicação Social da Prefeitura do Campus de Ribeirão Preto

Os produtores de gado de corte no Brasil mantém relacionamento com diversos fornecedores de material genético e, conforme recomendação técnica, trocam de empresa fornecedora de sêmen a cada nova compra. A conclusão é de pesquisa do Programa de Pesquisa em Agronegócio (Agrofea) da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto (FEARP) da USP. O estudo verificou quais são os interesses dos produtores quanto à aquisição de sêmen para o incremento de seus negócios.

Os pesquisadores avaliaram os fatores de decisão das compras efetuadas por pecuaristas de São Paulo e Mato Grosso do Sul, praticantes de inseminação artificial em seus rebanhos há pelo menos três anos. Eles concordam que o processo de compra de sêmen já integra uma nova busca por fornecedores. As maiores preocupações são o valor genético, o preço, a marca do revendedor e serviços que receberão com a compra. No plano financeiro, a compra de sêmen é colocada em primeiro plano entre as atividades da fazenda, pois os pecuaristas ressaltam que inseminar é essencial para a sobrevivência na atividade.

Esses produtores estão satisfeitos com os resultados das inseminações e, em geral, relatam que suas expectativas de produtividade e rentabilidade foram alcançadas. O mesmo é confirmado pelos pecuaristas que trabalham com gado de elite e visam ganho de carga genética de seus animais. Para manter os ganhos, na hora da compra do sêmen, o que mais importa é a experiência anterior com o manuseio e controle da atividade com o gado.“Pecuaristas maiores possuem mais tecnologias e são capazes de desempenhar uma série de atividades que produtores de porte médio ou pequeno demandariam como serviço pelas centrais de inseminação”, aponta o professor da FEARP, Roberto Fava Scare, um dos pesquisadores responsáveis pelo Agrofea.

Os produtores de maior porte buscam um material genético adequado às necessidades do seu rebanho e critérios técnicos se sobressaem na tomada de decisões sobre os aspectos de marca. Porém, nitidamente reconhecem o nível de qualidades das centrais de inseminação que são líderes de mercado. Já os médios e pequenos proprietários escolhem os fornecedores pelo suporte dos consultores das centrais e qualidade genética dos touros. Segundo dados de 2012 da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carne (Abiec), o Brasil possui um rebanho bovino de cerca de 209 milhões de cabeças.

Crescimento

Segundo os pesquisadores da Agrofea, o mercado de genética animal no País obteve proporções comerciais apenas nos últimos 30 anos. Assim, eles avaliam como promissor e crescente o mercado de inseminação artificial no Brasil. Hoje, apenas 8,5% de toda a produção pecuária brasileira é resultado de inseminação artificial, um indicador baixo se comparado a outros países, como Grã-Bretanha, onde a inseminação artificial é utilizada em até 80% dos criadores. A Associação Brasileira de Inseminação Artificial (Asbia) estima que, em 2013, 12% dos bovinos do Brasil serão inseminados.

Com esse cenário e com a concorrência global do mercado de carne, os especialistas veem na inovação tecnológica um diferencial competitivo das empresas, sejam elas produtoras ou consumidoras de tecnologias novas. E mais, afirmam que essas inovações podem ser resultado direto de observação dos mercados. No que diz respeito ao mercado de carne bovina, garantem que as informações sobre as transações comerciais de pecuaristas no consumo de tecnologias podem ajudar a melhorar as práticas de inovação.

Scare observa que as empresas fornecedoras de material genético à pecuária nacional precisam considerar o aspecto de que os produtores, dependendo do estágio de seu rebanho, são orientados tecnicamente a buscar novos fornecedores de sêmen. “Elas também devem oferecer canais de serviço, realizando as chamadas vendas consultivas”, acrescenta.

Em casos de dúvida, o pecuarista deve optar pela compra de sêmen de centrais de vendas renomadas e com maior aparato tecnológico, recomenda Scare. Também é sugerido repetir a compra de sêmen de touros que possuem “filhos provados”, aqueles cujo sêmen gerou resultados de qualidade visível e reconhecida. A análise genética por amostragem é sugerida como forma de confirmar a veracidade da composição do sêmen vendido pelas centrais, mesmo sendo esta uma prática incomum.

Mais informações: (16) 3602-3936; email rfava@usp.br, com o professor Roberto Fava Scare

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