Pesquisa da FO utiliza fluorescência para determinar idade dos dentes

Técnica demonstrou potencial para ser utilizada em investigações realizadas por peritos forenses.

Júlio Bernardes / Agência USP de Notícias

A análise da fluorescência dental foi utilizada em pesquisa da Faculdade de Odontologia (FO) da USP para fazer a determinação da idade de pessoas. No estudo coordenado pelo professor Rogério Nogueira de Oliveira, a avaliação de fotografias dos dentes em um software de computador permitiu obter os níveis de fluorescência, que variam conforme a idade. O método teve seu potencial comprovado em análises com pacientes entre 7 e 63 anos e novos experimentos irão ajustar sua utilização para análises de cadáveres e esqueletos por peritos forenses.

A pesquisa procurou obter estimativas de idade a partir da fluorescência dental, adaptando para a área de odontologia forense uma técnica usada em dentística para avaliar o clareamento dos dentes. “Havia pacientes que não ficavam satisfeitos com o resultado do tratamento e chegavam até a processar os dentistas”, conta Oliveira. “Isso levou ao desenvolvimento de um software que indica o quanto o dente é clareado”. O programa, chamado de Scan White, foi desenvolvido na Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara (interior de São Paulo), e após ser patenteado, aguarda liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para uso clínico.

Para registrar as imagens dos pacientes é utilizada uma câmera fotográfica (que pode ser semiprofissional) e uma caixa com duas lâmpadas negras, numa sala escura, de modo a gerar a fluorescência. “Os dentes são feitos de um material poroso, e possuem pequenos canais que vão fechando com a idade, o que diminui o reflexo da luz”, aponta o professor. “Quando a luz é ligada, é feita uma fotografia dos dentes, que depois terá a fluorescência medida no computador. A análise é feita com base na imagem do dente incisivo central, e a partir de um nível de branco padronizado é obtido o nível de clareamento”.

Durante pesquisa de doutorado, a dentista Ricarda Duarte da Silva fotografou 66 pacientes, divididos em seis grupos, com idades entre 7 e 63 anos. “O experimento conseguiu estabelecer os níveis de fluorescência correspondentes a cada idade, separadas em faixas de aproximadamente 10 anos”, ressalta Oliveira. “Novos estudos, envolvendo um maior número de pacientes, irão aumentar a precisão e reduzirão os intervalos entre essas faixas”.

Ciência forense

Os resultados da pesquisa de Ricarda foram descritos em artigo publicado na revista Forensic Science International. De acordo com o professor da FO, apesar de o potencial da técnica estar comprovado, será necessária a sua validação para o uso forense. Os novos testes seriam feitos em cadáveres e nos esqueletos da coleção do Centro de Estudos do Instituto Médico Legal (IML) de Guarulhos, na Grande São Paulo.

A análise dos dentes nos trabalhos de perícia permite facilitar a identificação da pessoa, determinando se era do sexo masculino ou feminino e qual a sua idade aproximada. “Quando se trata de dentes em formação, de crianças, já existem métodos que possuem precisão de semanas”, afirma Oliveira. “No entanto, há uma grande dificuldade entre os peritos para estimar a idade de adultos”.

O professor pretende que a técnica possa ter utilização efetiva e imediata nos serviços periciais. “Uma vez que o software esteja disponível, seria preciso apenas uma câmera fotográfica, uma caixa com as lâmpadas negras e um computador para fazer a análise das imagens”, destaca. “Mas para isso será preciso desenvolver um protocolo para utilização da técnica pelos peritos”.

O artigo Dental fluorescence: Potential forensic use, publicado neste ano pela revista Forensic Science International pode ser acessado neste link. O programa Scan White, que serviu de base para a pesquisa, foi desenvolvido pelo professor Osmir Batista de Oliveira Junior, da Unesp.

Mais informações: email rogerion@usp.br, com o professor Rogério Nogueira de Oliveira

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