Pesquisador do IP demostra como a autofala ajuda a melhorar desempenho esportivo de iniciantes

IP pesquisa o desempenho esportivo de pessoas que se utilizam da autofala para concentração.

Victor Francisco Ferreira / Agência USP de Notícias

A utilização do controle verbal da autofala ajuda a melhorar o desempenho de iniciantes em simulações esportivas. Segundo o psicólogo Eduardo Neves Pedrosa de Cillo, atletas ou praticantes que se utilizam da autofala, seja ela instruída ou modelada, têm desempenho significativamente melhor que aqueles que não se utilizam de controle verbal. A diferença nos resultados pode chegar a até 12,5%.

Autofala é uma das técnicas utilizadas na psicologia do esporte para aumento de concentração. Pode ser usada por atletas principalmente antes da execução de tarefas como por exemplo a cobrança de pênalti no futebol, o lance livre no basquete ou a rebatida no beisebol. A autofala instruída é aquela imposta pelo treinador, na qual o praticante apenas reproduz o que lhe for instruído. Já a modelada é construída a partir de um diálogo entre o orientador da tarefa e o praticante.

“Verificou-se que o importante é a presença ou ausência de autofala. Entre os tipos, instruída ou modelada, não houve diferenças de resultados”, explica Cillo, autor da tese de doutorado defendida em abril no Departamento de Psicologia Experimental do Instituto de Psicologia (IP) sob orientação da professora Maria Martha Costa Hübner.

O estudo analisou o desempenho de sete jovens entre 12 e 14 anos em duas modalidades esportivas, beisebol e boliche, presentes no jogo Wii Sports, para o console Nintendo Wii. “Observamos o desempenho nas tarefas de rebatedor no jogo de beisebol e de lançamento no jogo de boliche. Um dos critérios para a seleção dos jovens era escolher aqueles que nunca haviam tido contado com esses jogos”, conta Eduardo. Todos os adolescentes também eram moradores de regiões próximas à USP e participantes do Projeto de Desenvolvimento Humano Através do Esporte, realizado no Centro de Práticas Esportivas da USP (Cepeusp).

Foram realizadas 28 sessões de 11 de setembro de 2009 a 30 de outubro de 2009. Em cada uma das sessões experimentais os participantes foram testados primeiro no beisebol e depois no boliche. A duração de cada sessão era de cerca de 20 minutos.

Ambiente laboratorial

O pesquisador conta que a proposta inicial era fazer os estudos em campo aberto, com prática esportiva real. Nessas condições, porém, a atividade ficaria suscetível a fatores como vento, umidade, temperatura e outras dificuldades. “A utilização do videogame permitiu criar um ambiente laboratorial, ficando mais fácil analisar o desempenho. Além disso, a motivação dos participantes também era muito maior pelo contato com os jogos virtuais”, afirma.

O objetivo do trabalho era saber se o uso do procedimento verbal melhora o desempenho e de que forma ele é usado. Por isso, os participantes foram divididos em três grupos. Três jovens realizaram as atividades sem a utilização da autofala. Dois utilizaram a autofala instruída e outros dois utilizaram a modelada. “Se a pessoa começa a utilizar o procedimento verbal é difícil de reverter o processo. Por isso, os que a utilizaram o fizeram durante todo o experimento. Não é possível testar o desempenho da mesma pessoa com a autofala e depois sem ela”, explica Cillo.

Esta é uma das primeiras pesquisas sobre os efeitos da autofala isolada. O psicólogo conta que grande parte dos estudos de que se tem notícia relacionam os efeitos da autofala em conjunto com outros procedimentos, como por exemplo, o relaxamento instruído. “Estou inclusive preparando um artigo internacional para a divulgação dos resultados no meio acadêmico”, afirma.

Mais informações: (11) 9454-9774, email edcillo@yahoo.com

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