Faixas exclusivas aumentaram a velocidade média dos ônibus

A pesquisa foi feita na Poli pelo atual Secretário de Transporte da capital paulistana, Jilmar Augustinho Tatto.

Entre 2013 e 2014 foram implantados, na cidade de São Paulo, cerca de 400 quilômetros de faixas exclusivas para ônibus. Pesquisa apresentada na Escola Politécnica (Poli) da USP constatou um aumento da velocidade média desses veículos de 13,7 quilômetros (km) por hora (h), antes da implantação, para 20 km/h, em 2014, na média nos picos da manhã e da tarde. Ainda, de acordo com a pesquisa, o uso de tecnologias e a reestruturação dos semáforos também contribuíram de forma positiva para a melhoria da mobilidade urbana.

Os dados estão na dissertação de mestrado Mobilidade urbana em São Paulo: aplicação de soluções imediatas e eficazes, apresentada no último dia 15 de junho pelo pesquisador Jilmar Augustinho Tatto, atual Secretário Municipal de Transportes da capital paulista, sob a orientação do professor Eduardo Mario Dias, do Departamento de Engenharia de Energia e Automação Elétricas da Poli.

“As faixas exclusivas foram benéficas pois proporcionaram, em média, uma economia de tempo de 40 minutos diários aos usuários, contribuindo com o aumento da qualidade de vida da população”, afirma Tatto. No período da manhã, a velocidade média dos ônibus na cidade era de 14,3 km/h e passou para 21,5 km/h; já no período da tarde, era de 13,2 km/h e foi para 18,6 km/h.

Até 2012, a cidade contava com 60 km de faixas exclusivas. Nos dois anos seguintes, elas foram implantadas do lado direito de vias com circulação de mais de 30 ônibus por hora e em vias arteriais com mais de duas faixas por sentido. O horário de funcionamento e os dias da semana dependem das características de cada região, podendo funcionar em horários de pico pela manhã e no final da tarde e à noite, ou ao longo de todo o dia.

A pesquisa mostra a experiência nacional e internacional da mobilidade urbana em cidades como Barcelona (Espanha), Nova York (Estados Unidos), Bogotá (Colômbia) e Londres (Inglaterra), sendo que Tatto foi até a capital inglesa conhecer o Centro Integrado de Transporte londrino. No Brasil, escolheu as cidades de Belo Horizonte (Minas Gerais), Curitiba (Paraná) e Rio de Janeiro (Rio de Janeiro).

Resultados

Em São Paulo, Tatto analisou a velocidade média dos ônibus antes e depois da implantação de faixas exclusivas com destaque para as Avenidas Dona Belmira Marin (na zona sul), Corifeu de Azevedo Marques e Jaguaré (zona oeste), Aricanduva e Radial Leste (zona leste), Brigadeiro Luis Antonio (centro), e Cruzeiro do Sul (zona norte). Em todos os pontos analisados houve aumento da velocidade média dos ônibus nos horários de pico.

Na Avenida Dona Belmira Marin, a velocidade média aumentou 165,7%: foi de 9,5 km/h para 25,2 km/h. A avenida comporta 23 linhas de ônibus que transportam cerca de 200 mil passageiros por dia. São 159 ônibus por hora nos horários de pico.

Já na Avenida Jaguaré, o aumento foi de 307,3%. A velocidade passou de 10,8 km/h para 44,9 km/h. Circulam pela avenida 12 linhas de ônibus que transportam cerca de 50 mil passageiros ao dia, sendo 52 ônibus por hora no horário de pico.

Tecnologias e semáforos

A pesquisa destaca a importância de integrar soluções tecnológicas para a melhoria da mobilidade urbana. Um desses recursos, de acordo com Tatto, foi a criação do Laboratório de Tecnologia e Protocolos Abertos para Mobilidade Urbana, em março de 2014, pela Secretaria Municipal de Transportes. Trata-se de um centro de excelência que reúne especialistas para a discussão e o desenvolvimento de alternativas para a mobilidade da cidade, como aplicativos para os usuários e gestores. A ideia é reunir o setor público e o privado, além de universidades. Atualmente, o Laboratório mantêm parceria com a USP.

Outro recurso, segundo Tatto, é o Sistema Nacional de Identificação Automática de Veículos (SINIAV), instituído pelo Conselho Nacional de Trânsito (Contran). O sistema, que ainda não foi implantando, visa identificar os veículos automotores por meio de um chip.

Tatto lembra que, a exemplo do que viu em Londres, está sendo criado na cidade de São Paulo um Centro Integrado de Mobilidade Urbana (Cimu) com o objetivo de reunir, em um só local, diversos dados ligados ao transporte e à mobilidade urbana, visando auxiliar a otimização da tomada de decisões pelos gestores. Nele estarão integradas a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) e a São Paulo Transporte (SPTrans), responsáveis pelo trânsito e transporte na capital, respectivamente.

A pesquisa mostra ainda que, desde o segundo semestre de 2013, está em andamento uma revitalização semafórica na cidade. Dentro desse programa, até o momento, a CET interveio em 4.350 cruzamentos com semáforos, instalando 1.800 nobreaks e 614 controladores. Também estão sendo implantados semáforos inteligentes (que oferecem a possibilidade de operação à distância, o que contribui para melhorar a mobilidade).

Para Tatto, a quantidade de vias existentes em São Paulo é suficiente para a circulação dos veículos. O problema está no modo como a cidade foi ocupada: individual e privatizado. “É possível para a cidade conviver de forma harmônica com vários os tipos de transportes. Se democratizar, haverá espaço para todos”, conclui.

*Foto: Marcos Santos / USP Imagens
**Foto: CET e SPTrans (cedidas pelo pesquisador)
***Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Mais informações: (11) 3396-8002 /08

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