Pesquisa da ECA aborda trajes cênicos como documentos históricos

A dissertação de mestrado de Marcello Girotti, da ECA, trata do traje de cena como documento, ou seja, quando ele já não é mais usado num espetáculo e tem potencial de memória para a reconstrução da história do teatro.

Por Meire Kusumoto / Laboratório Agência de Comunicação (LAC) da ECA

Quando a temporada de um espetáculo de teatro se encerra, os atores e a produção descansam ou se dedicam a outros projetos, o cenário é desmontado e o teatro se prepara para receber uma peça diferente. Mas o que acontece com o figurino usado pelo elenco nem sempre é determinado. Os trajes, que tiveram importante papel na caracterização dos personagens, têm o destino incerto e, por vezes, são esquecidos em salas atulhadas de materiais cênicos.

A dissertação de mestrado de Marcello Girotti, do Departamento e Artes Cênicas (CAC) da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, trata do traje de cena como documento, ou seja, quando ele já não é mais usado num espetáculo e tem potencial de memória para a reconstrução da história do teatro. Ele estudou três acervos, o conjunto de trajes do Teatro Lírico de Equipe (TLE), o acervo do CAC / Escola de Arte Dramática (EAD) e o conjunto de trajes do Teatro Popular do Serviço Social da Indústria (SESI).

No acervo que está na ECA podem ser encontrados trajes feitos para peças de Alfredo Mesquita, idealizador da EAD. Um vestido usado por Aracy Balabanian para o espetáculo Macbeth, de 1962, por exemplo, ainda está conservado na EAD. Para Marcello, os trajes são por vezes evidências de determinados momentos do teatro brasileiro e fazem parte da história de respeitáveis diretores, como o próprio Mesquita. “O guarda-roupa tem material de antes da criação do CAC, inclusive”, comenta o pesquisador.

De acordo com Marcello, seu trabalho mostrou um aspecto interessante do guarda-roupa da ECA, que é a importância do trabalho conjunto entre CAC e EAD para sua manutenção. O acervo pode ser usado por toda a unidade e é alimentado pelos dois departamentos, mas sem critérios que definam o que deve ser preservado. “Vemos um crescimento desordenado desse guarda-roupas, pois ele recebe qualquer tipo de doação, até mesmo fantasias de carnaval”.

A dissertação, além de estudar os acervos, propõe um sistema de catalogação de trajes para os três casos, mas que pode ser aplicável em outros locais. A sugestão veio a partir da observação de Marcello que os guarda-roupas nem sempre estavam devidamente organizados.

Quando entrou no mestrado, incorporou à pesquisa uma coleção de trajes da EAD armazenada no acervo do guarda-roupas da ECA e o conjunto do TLE, doado ao guarda-roupas da ECA pelo professor Fausto Viana, orientador de Marcello.


 

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