Sistema no Instituto Oceonográfico coloca a ciência em uma esfera

O "Sistema Science on a Sphere" é uma ferramenta educacional destinada a ilustrar a Terra e seus diferentes fenômenos para públicos de todas as idades.

Com um toque em seu aplicativo para iPhone ou um controle de Nintendo Wii, o diretor do Instituto Oceanográfico (IO) da USP, Michel Mahiques , faz começarem a girar projeções em um gigantesco globo de policarbonato, posicionado no centro de uma sala escura e recebendo imagens de quatro equipamentos localizados nos cantos da sala. As animações mostram como será o degelo na Terra até o ano de 2100, mas podem ser modificadas caso o professor vá até o computador e coloque outro modelo gráfico, como a movimentação das correntes marítimas, a temperatura dos oceanos ou da propagação das ondas do tsunami que atingiu o Japão em 2011. E não são só os assuntos “oceanográficos” que têm espaço. Os modelos podem representar explosões solares, pousos em Marte, locais de biodiversidade e até mesmo a migração de tartarugas marcadas com chips no Pacífico.

O sistema Science on a Sphere, responsável pelas animações, está desde abril de 2012 no Museu Oceanográfico, no IO. Desenvolvido pela Agência Americana de Oceanos e Atmosfera (NOAA, na sigla em inglês), o globo é o primeiro do hemisfério sul e recebe atualizações diárias das bases de dados da Agência, que têm representações visuais. “Ao invés de projetá-las em uma superfície plana, as imagens vão para uma superfície que se assemelha ao formato do planeta”, explica a aparente simplicidade do que é, na verdade, o segredo do impacto visual gerado pelo sistema.

Graduação e pesquisa

A esfera, segundo Mahiques, além da aplicação para o próprio museu, pode ser utilizada para o ensino em nível de graduação. “Nós temos professores que hoje já dão aulas na sala escura se utilizando das informações projetadas na esfera. Com isso, os alunos percebem melhor, por exemplo, as conexões que acontecem entre os oceanos”, aponta. Além disso, pesquisadores do IO já criaram seus primeiros modelos matemáticos próprios, a exemplo das bases enviadas pelo NOAA, para serem representados na esfera.

Pela diversidade de animações possíveis, a esfera têm potencial, também, para uso por outras unidades, como o Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosférias (IAG) ou o Instituto de Geociências (IGc) da USP. “As unidades podem utilizá-la tanto para estudar as bases de dados existentes quanto para criar seus próprios modelos”, comenta o professor. No momento, entretanto, o uso ainda é limitado. “Mas nós estamos sempre abertos. As unidades que quiserem, podem fazer uso do sistema”, ressalta.

Extensão

Um dos principais usos da esfera atualmente são as visitas promovidas por colégios e outras instituições de ensino. Pensando nisso, os monitores do Museu já têm animações pré-definidas para que os alunos vejam. “Nós falamos principalmente de mudanças climáticas, que é um assunto importante e atual”, diz o professor. “As crianças vêem essas animações e ficam impressionadas”.

As crianças vêem essas animações e ficam impressionadas.

Uma outra possibilidade cogitada pelo IO, segundo o professor, é disponibilizar o globo para professores de colégios, que poderiam utilizá-las para dar aulas específicas para seus alunos, como do movimento de placas tectônicas.

Além das animações, o sistema também apresenta narrações explicativas conforme as imagens aparecem na esfera. O problema, entretanto, é que as bases de dados são americanas e as narrações são em inglês. Mas o IO pretende realizar a tradução destes textos para o português. “É trabalhoso realizar a tradução de cerca de 500 textos e depois narrá-los, mas é possível fazer, então é um passo que nós poderemos dar”, declara.

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