Jornal da USP: 28 anos em 16 imagens

A edição de n0 001, do Jornal da USP, de junho de 1985, traz em sua capa texto do então reitor Antonio Helio Guerra Vieira (18/01/1982 a 17/01/1986): “Esse Jornal da USP, que agora assoma na sua primeira edição, vem para servir, prioritariamente, à difusão das ideias e do saber produzidos na Universidade”. Segundo o…

A edição de n0 001, do Jornal da USP, de junho de 1985, traz em sua capa texto do então reitor Antonio Helio Guerra Vieira (18/01/1982 a 17/01/1986): “Esse Jornal da USP, que agora assoma na sua primeira edição, vem para servir, prioritariamente, à difusão das ideias e do saber produzidos na Universidade”. Segundo o texto, apesar de o público-alvo ser o corpo docente, jornal deverá trazer temas de interesse de toda a sociedade.

Em 1990, a então ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello era a principal imagem da capa da edição 129 do Jornal da USP. O motivo era a aula magna que ela iria apresentar no Anfiteatro de Convenções e Congressos da USP para uma plateia de alunos, professores e autoridades. Zélia era professora da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) mas estava licenciada para ocupar o cargo ministerial no governo Ferrnando Collor de Mello (15.03.1990 a 02.10.1992). Dias depois da aula magna, a equipe econômica encabeçada por ela anunciaria o Plano Collor, um dos mais polêmicos já vivenciado pelos brasileiros.

O dia 1. de abril é conhecido como o Dia da Mentira. Algumas revistas ao redor do mundo, como a britânica New Science, dedicada à divulgação científica, utilizam a data para publicar notícias inventadas. É uma forma que essas publicações têm de brincar com o leitor, geralmente explicando, posteriormente, que trata-se de uma brincadeira. O Jornal da USP já teve uma experiência bastante interessante com a data. Moisés Dorado, editor de arte do Jornal há 18 anos, recorda que em 1991, a capa da edição 165, datada de 1. de abril, estampava a notícia de que pesquisadores da USP teriam desenvolvido uma tecnologia capaz de realizar o hiperempacotamento de água. Segundo o texto, o equipamento era de médio porte e em 10 minutos conseguia transformar 10 litros de água em pó. As pessoas poderiam carregar um comprimido de água no bolso, o equivalente a um copo d’água. Mas bastava ler o texto para perceber que havia algo errado…..…… a explicação vinha na página 13, com um sugestivo “Parem as rotativas!!!!” abrindo a nota explicativa.


Para Moisés Dorado, uma das inúmeras capas marcantes que ele teve a oportunidade de acompanhar o nascimento foi a da edição 178, de 1991, que apresentou a figura do Super Homem como chamada para uma reportagem a respeito da fantasia de alguns alunos de jornalismo da Escola de Comunicações e Artes (ECA) de se considerarem o jornalista Clark Kent, disfarce utilizado pelo super herói dos quadrinhos. Ou dos alunos de Arqueologia em serem como o Indiana Jones.


A edição 207, de 1991, chamou a atenção dos leitores não pela capa, mas por um “poster-enigma” nas páginas internas do jornal. Foi apresentada a primeira parte de uma montagem do quadro L.H.O.O.Q., de Marcel Duchamp. A obra é uma releitura da Monalisa, de Leonardo da Vinci: Duchamp acrescentou bigode e cavanhaque ao famoso quadro. Durante quatro edições, foi apresentado um novo pedaço do quadro L.H.O.O.Q. “O poster enigma chamava a atenção para a arte em jornal, arte do jornal, para as muitas possibilidades que esse espaço oferece. Somente na quarta edição o leitor descobriria a obra e a intenção do jornal”, lembra Dorado.



Moisés Dorado e o editor de fotografia Jorge Maruta destacam a edição 219. As araras-azuis da capa acabaram saindo na cor preta, apesar de terem sido fechadas coloridas, por falta de material adequado durante a impressão. A reportagem interna abordava as araras-azuis do Pantanal: em 1992, Maruta e o repórter Itamar Cavalcante acompanharam o trabalho da bióloga Neiva Guedes em companhia de seu orientador, o professor Álvaro de Almeida, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), em uma expedição ao Pantanal matogrossense para estudar as aves. “Naquela época as arara-azuis, que eram contrabandeadas para os Estados Unidos por 16 mil dólares e custavam o dobro na Europa, estavam na lista vermelha dos animais ameaçados de extinção”, conta Maruta.

Em 1992, a edição 222 tinha como manchete a reunião anual da Sociedade Brasileira para Progresso da Ciência (SBPC) que naquele ano ocorria na USP. “Durante uma semana, fizemos o Jornal diariamente pra cobrir a reunião. A redação encarou com um profissionalismo de dar orgulho!”, destaca o diagramador Flavio Alves Machado.

O mundo ficou horrorizado com os ataques terroristas à torres gêmeas em 11 de setembro de 2001. O diretor de redação, Marcelo Rollemberg, destaca o papel do Jornal da USP em produzir textos reflexivos sobre os grandes temas do cotidiano, não só da USP, como do Brasil e do mundo. As várias reportagens publicadas sobre o 11 de setembro (como as da edição 567) são um exemplo da tendência do Jornal da USP em trazer os intelectuais da Universidade para contribuírem com essas discussões.

Desde 2004, um grupo de alunos e professores da Faculdade de Odontologia de Bauru (FOB) da USP realiza uma expedição para a cidade de Monte Negro, em Rondônia, onde o Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da USP mantêm, desde o ano 2000, um posto avançado. Duas vezes ao ano, a equipe da FOB atravessa o Brasil para levar atendimento odontológico à população local. Em 2007, o fotógrafo Francisco Emolo e a repórter Sylvia Miguel acompanharam a expedição. O resultado está na edição 803. “A imagem que mais me marcou foi o olhar satisfeito de uma criança querendo me dizer: ‘Hoje, finalmente, estão olhando meus dentinhos’”, diz o fotógrafo.


Em 2009, a fotógrafa Cecília Bastos e o repórter Paulo Hebmüller acompanharam um grupo de quarenta alunos da USP e da Universidade de Rennes 2, na França, em uma viagem de estudos à Amazônia. A expedição resultou em um especial de 12 páginas. “Presenciar o nascer do sol em plena floresta amazônica…… Nunca vou esquecer esse dia!”, destaca Cecília Bastos.

A edição atual do Jornal da USP, a de número 999, apresenta como matéria de capa os desafios do diplomata brasileiro Roberto Azevêdo, recém designado como diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). O ex-reitor Jacques Markovitch, da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA) e o professores Umberto Celli, da Faculdade de Direito (FD), e João Paulo Cândia Veiga, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) foram os especialistas ouvidos.

Ficou curioso? A milésima edição do Jornal da USP começa a circular no dia 3 de junho…

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