Análise de imagens de satélite sustenta ações de conservação e zoneamento

Interpretação de fotos de satélite, tratamento de dados e elaboração de mapas fazem parte do trabalho do Laboratório de Aerofotogeografia e Sensoriamento Remoto, na FFLCH.
Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Acervo do Lasere é utilizado para interpretação de imagens de satélite, além de servir de base para a elaboração de mapas

Um rico acervo de mais de 35 mil imagens aéreas e feitas por satélite está sob a guarda de um grupo de pesquisadores no Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP. Este material, porém, não está apenas engavetado, mas serve de fonte para interpretação das fotos de satélite, tratamento de dados e elaboração de mapas – trabalho do Laboratório de Aerofotogeografia e Sensoriamento Remoto (Lasere).

As pesquisas desenvolvidas no local são, majoritariamente, oriundas da comunidade USP, porém o laboratório extrapola este limite e apóia pesquisadores de outros locais, quando estes necessitam utilizar seus materiais, além de realizar trabalhos por encomenda, em especial sob demanda de órgãos públicos.

Um dos projetos do Lasere é a digitalização este material, com o intuito de disponibilizar as fotos na internet para a comunidade acadêmica e os institutos de pesquisa. No repositório, constam arquivos do estado de São Paulo, fotos aéreas da grande São Paulo, imagens feitas em 2003 pelo satélite Ikonos, além de fotografias aéreas de 2007 e 2008.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Apesar de detentor dessas imagens, o laboratório não possui meios de produzir novas, restringindo-se unicamente a adquiri-las de terceiros e a arquivá-las. As imagens de satélite são obtidas por meio de acordos entre o governo brasileiro e governos estrangeiros, dado que o Brasil não possui um satélite próprio. Já existe uma parceria entre Brasil e China para produção e lançamento de satélite de ambos os países. O projeto, entretanto, ainda não foi bem sucedido.

As fotografias aéreas são adquiridas junto a empresas especializadas que, proprietárias das aeronaves, câmeras e todos os demais equipamentos necessários para a realização dos voos, possuem certificação do Estado Maior das Forças Armadas (EMFA) autorizando-as a realizar tal atividade.

Rio Tietê e Rodoanel

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Foto: Marcos Santos / USP Imagens

Um dos trabalhos recentes realizado no laboratório a partir de imagens aéreas foi o mapeamento da Área de Preservação Ambiental do rio Tietê. Partindo da fonte de dados – as fotografias -, os participantes do projeto finalizaram o zoneamento da região sobrepondo padrões à imagem original. Tais padrões, acompanhados por legendas, possibilitam a compreensão do trabalho. Desse modo, os órgãos competentes têm a possibilidade de identificar áreas industriais, áreas residenciais, áreas de residências horizontais, áreas de favelas, áreas preservadas (como a planície de inundação do Tietê) e áreas com terraplenagem, dentre outras.

O professor Ailton Luchiari, coordenador do laboratório, ressalta que as atividades postas em prática no Lasere seguem uma normatização: “por trás dessas legendas existe um relatório escrito, não é só um mapa. O mapa é a síntese, mas há toda uma explicação acerca da metodologia utilizada”. Luchiari também explica que, apesar de não ser função do laboratório propor ações práticas ao governo, a normatização prévia das características elencadas, por si só, já é indicativa de tomada de decisões.

Foto: Marcos Santos / USP Imagens
Foto: Marcos Santos / USP Imagens

O projeto do rio Tietê teve origem em um convênio entre o Lasere e a Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo – a Fundação Florestal – da Secretaria do Meio Ambiente (SMA) do Estado de São Paulo, com financiamento da Petrobras.

Outro trabalho realizado pelo laboratório, um convênio com a empresa Dersa Desenvolvimento Rodoviário, teve participação de outras unidades, entre elas a Escola de Artes e Ciências Humanas (EACH) e a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU). A empresa, responsável pela implantação do trecho norte do Rodoanel em São Paulo, solicitou à USP que fizesse um estudo dos parques do Rodoanel, que possui áreas de compensação ambiental e, especificamente ao Lasere, que produzisse um mapeamento do entorno da terra desses parques. Para o estudo, foram utilizados padrões residenciais anteriormente construídos pelo professor Ailton Luchiari.

Também relacionada ao Rodoanel, a dissertação de mestrado de Larissa Lucciane Volpe, realizada com o auxílio da estrutura do laboratório e finalizada em 2009, utilizou técnicas de sensoriamento remoto para o mapeamento do trecho viário oeste – como imagens do satélite IKONOS e fotografias aéreas – possibilitando a construção de mapas temáticos para a compreensão das alterações da paisagem urbana decorrentes da instalação do eixo viário.

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