Cena estuda impactos da agricultura na fauna

Puma é um dos animais pesquisados em área de cana-de-açúcar e eucalipto, em estudo de Luciano Verdade.

Quando se fala em Mata Atlântica, é fato que pouco resta de áreas preservadas desse bioma no estado de São Paulo, também pouco se sabe sobre a diversidade biológica existente em 75% do Estado, onde predominam os agroecossistemas, mas que ainda contém espécies da fauna silvestre.

De olho nessa fauna, um projeto do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), da USP, busca compreender como funcionam esses sistemas biológicos em áreas tomadas por plantações de cana-de-açúcar na bacia do rio Piracicaba e por reflorestamentos de eucalipto na bacia do rio Paranapanema.

Para tanto, Luciano Verdade, pesquisador do Cena, escolheu a onça-parda, também conhecida como suçuarana ou puma, para focar seus estudos. A pesquisa visa conhecer um pouco mais sobre esse felino, um dos inúmeros animais que compõe a fauna dessa região do Estado. “Estamos iniciando um projeto para analisar as respostas da natureza frente às atividades humanas desenvolvidas em áreas agrícolas, incluindo Reservas Legais e Áreas de Preservação Permanente (APP)”, informa.

Segundo maior felídeo neotropical, cujo nome científico é Puma concolor, há muitas informações técnicas sobre esse animal. Entretanto, o modo de vida que foi criado nessas novas condições ainda é pouco explorado, mesmo porque o tamanho populacional e a distribuição de uma espécie em determinada área são parâmetros ecológicos de difícil estimativa.

Para isto, Verdade usa amostras de fezes da espécie, coletadas nas áreas de estudo, para determinação da dieta, com o auxílio de técnicas de ecologia isotópica, de demografia e uso do espaço, com o auxílio da ecologia molecular. “A análise das fezes é um método não invasivo que auxilia sua identificação, caracterização e monitoramento populacional de espécies raras e difíceis de capturar. Estas estimativas fornecerão subsídios para a elaboração de estratégias de manejo e conservação dessas espécies em paisagens agrícolas”, explica o pesquisador.

Deste modo, serão pesquisadas a ecologia populacional (tamanho e razão sexual) e a ecologia comportamental (sistema de acasalamento, dieta e uso do espaço) da onça-parda. Para Verdade, este estudo é essencial para a compreensão do real valor conservacionista de tais áreas e para a conservação de tais espécies fora de unidades de conservação.

“Trabalhamos para mudar a realidade não apenas de uma espécie, neste caso o puma, mas de toda a fauna de áreas alteradas e que foram se adaptando às condições impostas pelo homem”, completa.

Com informações da Assessoria de Imprensa do Cena

Mais informações: (19) 3302-0100, email contato@engenhodanoticia.com.br

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