Estudo da FSP relaciona consumo excessivo de carne com impacto ambiental

Objetivo do estudo é descrever a tendência de consumo individual de carne em São Paulo na última década, e avaliar a relação entre o consumo excessivo de carne, qualidade da dieta e impacto ambiental

Da Assessoria de Comunicação Institucional da FSP

Descrever a tendência de consumo individual de carne em São Paulo na última década, e avaliar a relação entre o consumo excessivo de carne, qualidade da dieta e impacto ambiental  é o objetivo da dissertação de mestrado Tendência temporal do consumo de carne no município de São Paulo: estudo de base populacional – ISA Capital 2003/2008, de autoria da nutricionista Aline Martins de Carvalho, no último dia 21 de setembro na Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP, sob orientação da professora Dirce Maria Lobo Marchioni.

O que motivou a pesquisadora a realizar tal pesquisa foi a observação que tinha de que as  carnes são boas fontes nutricionais para o homem, porém devem ser consumidas com moderação, pois seu consumo excessivo tem sido relacionado ao aumento do risco de doenças crônicas. Além de agravos à saúde, a carne promove grande impacto no meio ambiente a partir da sua produção. No Brasil, a disponibilidade de carnes vem aumentando na alimentação domiciliar, entretanto, dados de consumo alimentar individual de carnes são escassos no país.

A pesquisadora utilizou dados de 2361 indivíduos coletados em 2003 e 1662 indivíduos coletados em 2008 de ambos os sexos, com idade de 12 anos ou mais, incluídos no estudo transversal de base populacional: Inquérito de Saúde de São Paulo (ISA – Capital). A amostragem se deu probabilisticamente em dois estágios, setor censitário e domicílio. O consumo alimentar foi verificado em cada ano com o uso dois recordatórios alimentares de 24 horas. A estimativa de ingestão habitual das carnes foi feita pelo Multiple Source Method. A qualidade da dieta foi analisada pelo Índice de Qualidade da Dieta Revisado e o impacto ambiental pela estimativa de equivalentes de gás carbônico (CO2) a partir do consumo de carne.

Os resultados encontrados por Aline, indicam que  consumo de carnes em São Paulo aumentou em cerca de 20% na população estudada. O consumo excessivo de carne foi observado em quase 75% das pessoas e o tipo de carne mais consumido nos dois períodos foi a bovina, seguida de aves, porco e peixe. Verificou-se que o consumo de carne processada vem crescendo, principalmente entre os adolescentes. A qualidade da dieta foi inversamente relacionada com o consumo excessivo de carne de vermelha e processada em homens. O impacto ambiental do consumo de carne em São Paulo foi estimado em 18 milhões de toneladas de equivalentes de CO2, representando cerca de 5% do total de CO2 emitido pela agropecuária brasileira em 2003. .

Considerando tais resultados, a pesquisadora, concluiu que  consumo excessivo de carne foi verificado em grande parte da população, com aumento significativo ao longo dos anos, relacionado com pior qualidade da dieta em homens e considerável impacto ambiental. Assim, é fundamental o estabelecimento de políticas públicas para redução do consumo de carne, dentro dos limites recomendados, como parte de uma alimentação saudável e ambientalmente sustentável.

Segundo Aline, os pontos que achou mais interessante em sua pesquisa foi a constatação de que: “as carnes são boas fontes nutricionais para o homem, porém devem ser consumidas com moderação; as carnes vermelhas e processadas têm sido relacionadas com aumento do risco de câncer de cólon e reto, doenças cardiovasculares, diabetes e ganho de peso; o consumo de carne vermelha e processada foi considerado excessivo em quase ¾ da população residente no município de São Paulo em 2003 e apresentou aumento significativo do consumo de 2003 para 2008; os adolescentes apresentaram alto consumo de carnes, principalmente vermelha e processada; a qualidade da dieta foi inversamente relacionada com o consumo excessivo de carne de vermelha e processada nos homens estudados e que o impacto ambiental do consumo de carne vermelha e processada em São Paulo no ano de 2003 foi estimado em 18 milhões de toneladas de CO2, equivalente a poluição”.

Sua dissertação já resultou no artigo científico “Excessive meat consumption in Brazil: diet quality and environmental impacts”, publicado na revista científica inglesa Public Health Nutrition.

Aline também produziu uma peça de comunicação para promoção de saúde ineditamente utilizado em defesas de teses, que consiste em uma História em Quadrinhos (HQ) com o resumo de sua pesquisa em uma linguagem de fácil acesso, não científica, distribuida ao público que assistiu a sua defesa. A pesquisadora pretende também distribuir tal HQ em outras ocasiões e eventos relativos ao tema, como forma de conscientização da população.

Mais informações: (11) 3661-7884 / 97225-3856, email: alinenutri@usp.br, com Aline Martins de Carvalho

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