Exposição no IO mostra a beleza dos microorganismos marinhos

A mostra é composta por painéis com fotografias de alta definição que revelam a beleza escondida de variadas espécies de seres marinhos.

Silvana Salles / Jornal da USP

Foto: Cecília Bastos / Jornal da USP
Foto: Cecília Bastos / Jornal da USP
Da esq. para a dir.: Jean-Pierre Garino, Maria Arminda Arruda, Michel Mahiques, Gérard Chuzel e Elisabete Braga

Foi a bordo de um veleiro de 36 metros de comprimento que uma equipe formada por 126 cientistas e 70 tripulantes de 35 países realizou uma expedição oceanográfica dedicada a explorar a vastidão de águas salgadas em proporções que não se viam desde que o HMS Challenger partiu de Portsmouth, na Inglaterra, em 1872. Entre 2009 e 2012, a escuna francesa Tara navegou pelo Mar Mediterrâneo e os oceanos Índico, Pacífico, Antártico e Atlântico. O objetivo era investigar o plâncton e suas interações com os efeitos da mudança climática. A odisseia durou 938 dias no mar, o equivalente a dois anos e meio. Um resumo do que os pesquisadores encontraram durante a expedição está aberto à visitação do público na exposição itinerante “Tara Oceans – Um Panorama do Plâncton Marinho Mundial”, inaugurada no dia 26 de maio no Instituto Oceanográfico (IO) da USP.

A mostra é composta por painéis com fotografias de alta definição que revelam a beleza escondida de variadas espécies de seres marinhos – muitos microscópicos, alguns não. O que se chama de plâncton corresponde a todo organismo marinho que não nada nem fica fixo, mas que é arrastado pelas correntes marítimas. Esse grupo de seres vivos inclui animais (o zooplâncton), bactérias, vírus, vírus gigantes e fitoplâncton. O último se alimenta por meio de fotossíntese e é entendido como responsável por 90% da produção de oxigênio disponível na atmosfera do planeta. Mais do que a Amazônia, é ele o pulmão do mundo.

As fotos receberam tratamento especial de engenheiros ópticos, sob coordenação de Emmanuel G. Reynaud, da University College Dublin, na Irlanda, e com layout do fotógrafo científico Luis Gutiérrez-Heredia. A maior parte do material foi instalada no Conjunto Didático do IO. Oito painéis, no entanto, estão no Museu Oceanográfico. A exposição procura, ainda, mostrar os métodos e instrumentos que os pesquisadores usaram durante a expedição, bem como registros fotográficos do dia a dia da tripulação. Também estão em exibição imagens de corais e animais que vivem nesses ambientes.

A mostra “Tara Oceans” é itinerante e tem passado por diversos países. Antes de chegar a São Paulo, esteve na Bolívia e, daqui, partirá para a Irlanda. A passagem pelo Instituto Oceanográfico é fruto de parceria entre a USP e o Consulado Geral da França em São Paulo. A entidade, que é dona da embarcação, a Tara Expeditions, é uma organização sem fins lucrativos baseada em Paris. Para a expedição Tara Oceans, ela contou com o apoio do Centro Nacional para a Pesquisa Científica francês. Durante a viagem, os cientistas também coletaram amostras de corais e chegaram mesmo a encontrar mais de uma dúzia de novas espécies, incluindo um coral de águas rasas no Arquipélago de Gambier, na Polinésia Francesa.

“Desde 2003, com a ajuda do mítico barco Tara, a entidade organiza expedições para entender o impacto das mudanças climáticas na ecologia dos oceanos”, explica Jean-Pierre Garino, do Consulado da França, que esteve presente na solenidade de abertura da exposição, ao lado de seu colega Gérard Chuzel, da pró-reitora de Cultura e Extensão Universitária da USP, Maria Arminda do Nascimento Arruda, do vice-diretor do IO, Michel Michaelovich de Mahiques, e da professora Elisabete Braga, presidente da Comissão de Cultura e Extensão Universitária da unidade que abriga os painéis.

Segundo Elisabete, apesar de os trabalhos que compõem a exposição serem científicos, eles também passaram pelo crivo da avaliação da Faculdade de Belas Artes de Paris, o que revela a existência de uma linha tênue entre a produção científica e a cultural. A relação entre arte e ciência que se materializa na exposição também foi algo ressaltado por Maria Arminda. “Quem pensa, no mundo contemporâneo, que ciência é ficar fechado em laboratório não está entendendo o movimento do tempo. Vivemos em um mundo que valoriza a difusão do conhecimento e isso é hoje parte inexcedível da cidadania. É nesse caudal de cultura contemporâneo, que é infinito, que se inserem os museus e as universidades”, disse a pró-reitora, reafirmando a vocação da Universidade para a divulgação do conhecimento.

portal20140604_4Para o vice-diretor do IO, as atividades de cultura e extensão da Universidade têm um enorme potencial de expor mais pessoas à produção do conhecimento científico, além de instigar os estudantes da própria unidade. “Estamos em uma situação complicada atualmente e, às vezes, as pessoas esquecem quanta coisa boa a Universidade de São Paulo já trouxe ao Brasil e ao mundo. É fundamental, nesse momento, que defendamos a Universidade e levemos a mensagem de que ela está mais viva do que nunca”, disse Mahiques, emendando um pedido para que todos “curtam e compartilhem” a mostra.

A exposição “Tara Oceans – Um Panorama do Plâncton Marinho Mundial” fica aberta para visitação no IO (Praça do Oceanográfico, 191, Cidade Universitária, São Paulo) até o dia 30 de julho, das 9 às 17 horas.

Mais informações: (11) 3091-6587.

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