IGc analisa viabilidade de poços e qualidade das águas subterrâneas

O CEPAS é uma instituição que reúne pesquisadores para estudar as águas subterrâneas nos seus vários aspectos relacionados ao ciclo hidrológico da água.
Foto: Marcos Santos / USP Imagens
O diretor do Cepas e professor do IGc, Ricardo Hirata

Todos sabem que a água é uma substância vital para a vida humana, além de ser utilizada em atividades domésticas, industriais, comerciais, agropecuárias, energéticas, sanitárias e recreativas – ou seja, a sociedade como um todo depende dela. Mas o que muita gente não imagina é que grande parte do abastecimento para tudo isso é feito a partir das águas subterrâneas.

Dirigido pelo docente Ricardo Cesar Aoki Hirata, o Centro de Pesquisas de Águas Subterrâneas (Cepas) é uma instituição que reúne pesquisadores para estudar as águas subterrâneas nos vários aspectos relacionados ao ciclo hidrológico.

“As águas subterrâneas se concentram dentro dos pequenos espaços que existem entre os grãos e sedimentos, ou nas fraturas das rochas. Assim, formam-se os aquíferos – que são nada mais que corpos de águas subterrâneas”, explica o pesquisador do Instituto de Geociências (IGc) da USP. “Todos conhecem o que são os rios, os lagos, ou seja as águas superficiais, mas isso é diferente em relação aos aquíferos. As pessoas consideram as águas subterrâneas algo distante delas, e isso não é verdade”, afirma.

Os corpos de água subterrânea são o grande reservatório de água do planeta. Uma super caixa d’água.

95% de toda água doce e líquida do planeta está nos aquíferos. Doce porque se desconsidera a água dos oceanos, e líquida porque não se contabiliza nessa conta a água das calotas polares – que são constituídas de água doce, porém congelada. “Os corpos de água subterrânea são o grande reservatório de água do planeta. Uma super caixa d’água”, define o professor.

Abastecimento público e privado

Foto: Wikimedia
Pesquisadores do Centro prestam serviço de análise de poços artesianos

Uma das linhas de atuação do Cepas é a prestação de serviços em análise de extração de água em poços artesianos. Ou seja, o Centro pode ser acionado para avaliar a formação geológica de uma área específica e, a partir disso, determinar se a extração de água na região é viável. “Nós estudamos e elaboramos projetos para, por exemplo, melhorar o abastecimento de água de uma cidade, ou otimizar o abastecimento de água de uma empresa, visando a diminuição de gastos”, diz o pesquisador.

Como 75% dos municípios do Estado de São Paulo usam água subterrânea, esse serviço se mostra muito importante. As cidades podem utilizar as águas de modo ou total ou parcial.  “Há cidades como São José dos Campos, em que cerca de 30% do abastecimento é feito com águas subterrâneas. E há cidades como Ribeirão Preto e Jales, que são abastecidas 100% com águas subterrâneas” afirma.

O professor indica, inclusive, que a região Sudeste do Brasil apresenta um período cada vez maior de estiagem, com chuvas concentradas em períodos relativamente curtos. Nesse sentido, as águas subterrâneas podem ser utilizadas como alternativa para o abastecimento durante essa época – já que o fluxo dos rios diminui nos períodos de seca.

Visto que a otimização da extração de água em poços artesianos resulta na diminuição de gastos, tem-se que essa pode ser uma consequência benéfica tanto para o setor público, quanto para o privado. Para a definição dos custos necessários para extrair água de uma região específica, o Cepas realiza os seguintes procedimentos: primeiramente, busca-se entender a geologia do lugar, afinal a água está nas rochas. Em seguida, é feito o reconhecimento de quais são os tipos de rochas da área e de como elas se formaram. “Em resumo, temos que saber como aquela água ocorre abaixo da superfície terrestre do local”, explica Hirata.

Após estas etapas, estuda-se a atividade que será realizada com a água retirada, a demanda de água que se pode extrair do local logo no início, e uma possível evolução no volume da extração. “Imagine, por exemplo, um aeroporto que utiliza ‘tantos’ mil litros de água e que vai sofrer uma expansão – e, portanto, vai precisar de mais água disponível. Será que a água subterrânea pode acompanhar esse desenvolvimento? É esse tipo de coisa que nós do Cepas estudamos”, comenta.

Composição química

Outra atividade extremamente importante desenvolvida pelo Cepas, além do estudo da extração de água, é a avaliação da qualidade da água extraída.

Foto: WikimediaAquífero Guarani
Foto: Wikimedia
Aquífero Guarani

Pelo fato de água estar em constante contato com as rochas no subsolo, ela ganha características químicas que podem tanto ser benéficas quanto prejudiciais ao ser humano. “A água mineral engarrafada tem toda uma composição química descrita no rótulo. Essa composição química, de onde ela vem? Por que é que aquela água tem cálcio, magnésio? É por causa da rocha, pois a água passa através dela e ganha essas características minerais”, esclarece Ricardo Hirata.

No entanto, por vezes as rochas fornecem elementos perigosos para o ser humano, como flúor, arsênico, cromo, bário, entre outros elementos, tirando assim a potabilidade da água. O pesquisador afirma que, inclusive, existem “vários contaminantes muito tóxicos que não influenciam no gosto, na cor e nem no cheiro da água” – por isso a importância da análise.

No caso de contaminação, perfuram-se poços de monitoramento, e a partir da análise da água desses poços, o Cepas pode definir a fonte da poluição, quem são os receptores, e quais são os riscos para a população, explica.

Mais informações: (11) 3091-4230, email rhirata@usp.br

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