Pesquisa da Esalq avalia efeitos da arborização no conforto e saúde humana

O projeto avaliou o conforto térmico e o bem estar dos usuários de quatro áreas de Campinas com características distintas em relação à tipologia das edificações, cobertura arbórea, população residente e outras características físico-espaciais.

Ana Carolina Brunelli / Assessoria de Comunicação da Esalq 

Populações de diversas regiões, há anos, modificam o espaço natural que habitam para atender necessidades individuais e coletivas. Essas transformações provocam impactos ambientais negativos e afetam os usuários do espaço urbano. A redução de áreas verdes no ambiente urbano é hoje, um dos principais problemas causados por alterações humanas prejudicando a qualidade de vida das pessoas.

Determinar as influências da arborização urbana no bem estar físico (conforto térmico) e no bem estar psicológico foi a proposta da pesquisa de Léa Yamaguchi Dobbert, pós-graduada em Recursos Florestais pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP. O estudo, orientado pelo professor Demóstenes Ferreira da Silva Filho, do Departamento de Ciências Florestais, propõe também, qualificar espaços urbanos em relação à arborização existente.

“O objetivo foi avaliar a interferência de áreas verdes inseridas nas cidades, corroborando outros estudos realizados sobre os efeitos da arborização urbana no conforto e na saúde humana”, afirma Léa.

O projeto, desenvolvido na cidade de Campinas, avaliou o conforto térmico e o bem estar dos usuários de quatro áreas com características distintas em relação à tipologia das edificações, à cobertura arbórea, à população residente e outras características físico-espaciais: o Centro, o Cambuí, o Jardim das Paineiras e a Comunidade Vila Brandina.

“Entrevistas foram realizadas com as populações das diferentes áreas sendo aplicados dois tipos de questionários. O primeiro, analisando à sensação térmica, e o segundo, relacionado à percepção”, explica a pesquisadora.

Outro relevante aspecto, que contribui para a realização da pesquisa, é a utilização de dois índices de avaliação de conforto térmico (PMV Predicted Mean Vote e PET- Physiological Equivalent Temperature) obtidos por meio do modelo Ray Man Pro. A realização das entrevistas ajudou a verificar se os resultados obtidos por meio dos índices PMV e PET correspondiam à real sensação de conforto térmico relatada pelos entrevistados. Uma estação meteorológica portátil aferiu os dados climáticos ( temperatura do ar, umidade relativa do ar, temperatura de globo e velocidade do vento) utilizados no cálculos de ambos os índices.

Entre as quatros áreas analisadas, o bairro Jardim das Paineiras, que possui maior quantidade de cobertura arbórea, apresentou temperatura ambiente mais baixa e umidade relativa mais alta que as demais. Segundo a pesquisadora, foi realizado um estudo de simulação por meio do programa ENVImet e pôde-se constatar que a cada acréscimo de 10% de copa de árvore, obtêm-se redução de 1 ˚C.

Até o momento, não existe um valor especifico de área verde adequada padrão, mas alguns estudos indicam a quantidade desejada de áreas verdes por habitante. Outros estudos podem ser realizados com a finalidade de apresentar um índice mais adequado às realidades específicas de cada local avaliado. “O que esta pesquisa conseguiu comprovar foi a estreita relação entre aumento de quantidade de cobertura arbórea e redução da temperatura do ar”, além de maior sensação de bem estar em áreas providas de vegetação finaliza Léa. 

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