Alunas de Ciências Florestais apresentaram trabalhos na Rússia

Com projetos sobre o Pinus taeda e a madeira de laranjeira, estudantes ganharam destaque no 11º International Junior Forest Contest.

Raiza Tronquin / Assessoria de Comunicação da Esalq

Do Brasil para o mundo. Esse foi o sentimento vivido por duas alunas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) da USP de Piracicaba no último mês. De 8 a 12 de setembro, Caroline Kravetz e Rafaela Freitas Pavani, ambas graduandas do curso de Engenharia Florestal, participaram do 11º International Junior Forest Contest. Realizado em São Petersburgo, na Rússia, o congresso reuniu o conhecimento e a experiência em silvicultura de jovens estudantes de várias partes do mundo.

Pelo quarto ano consecutivo, o professor Luiz Carlos Estraviz Rodriguez, do Departamento de Ciências Florestais (LCF), promoveu uma seleção com os graduandos, a fim de escolher dois participantes para o congresso. Os alunos apresentaram seus projetos, em inglês, para uma banca composta por seis pessoas. A partir desta etapa, Caroline e Rafaela foram escolhidas, partindo para o exterior com todas as despesas pagas pelo governo russo.

O evento contou com a participação de estudantes de 27 países, entre 14 e 22 anos de idade e as pesquisas desenvolvidas pelos participantes foram apresentadas em inglês e outras em russo, com tradução simultânea do último idioma.

Com um estudo sobre a avaliação do potencial químico e energético da madeira de laranjeira, Caroline levou ao congresso suas experiências acerca da quantidade e qualidade identificadas a partir da espécie. “Esse projeto foi iniciado por meio de uma demanda da Citrosuco, que queria saber o que poderia ser feito com toda a madeira que é erradicada atualmente, já que este é um problema que tem crescido muito por causa de contaminações e doenças, como o greening principalmente”, observa.

Realizadas no Laboratório de Química Celulose e Energia e orientadas pelo professor José Otávio Brito, do LCF, as análises feitas pela estudante comprovaram que o potencial químico da madeira de laranjeira, em comparação com outras espécies nativas e até mesmo com o eucalipto, e a quantidade de extrativos são relativamente altos. “A partir daí, a empresa pode pensar em uma forma de aproveitamento de toda essa biomassa. O próximo passo agora é descobrir quais são os componentes que se tem nesses extrativos para saber em quais áreas pode ser usado”.

Já Rafaela, apresentou um trabalho sobre o efeito da fertilização do replantio tardio de Pinus taeda no Brasil. “A pesquisa acompanhou a dinâmica das grandes empresas, pois elas não conseguem fazer um plantio uniforme. Às vezes, por conta da chuva ou problemas operacionais, as companhias atrasam no replantio e isso interfere na produtividade da área”. A proposta principal, portanto, foi recuperar essa perda por meio da fertilização, mesmo com o atraso ao replantar.

O projeto faz parte do programa Produtividade Potencial do Pinus no Brasil (PPPIB) e está vinculado ao Instituto de Pesquisa de Estudos Florestais (IPEF). Rafaela concluiu positivamente a pesquisa, sabendo que sua hipótese pôde ser comprovada. “Para as empresas isso é muito bom, porque, apesar de terem um gasto maior com a parte de fertilização, se der qualquer problema operacional eles terão uma recuperação nessa perda de produtividade”.

Experiências

Segundo as estudantes, o congresso permitiu um conhecimento vasto de muitas áreas que, até então, elas não dominavam. Em contrapartida, as esalqueanas também inovaram com suas apresentações. “Eu levei um disco de Pinus taeda com seis anos de idade, medindo 80 cm de circunferência. Isso causou um alvoroço, porque o Pinus deles só atingem esse tamanho por volta dos 25 a 30 anos. O júri até pediu o disco de presente para ficar com o comitê”, relembra Rafaela.

O projeto de Caroline também ganhou destaque em meio às apresentações, justamente pela novidade apresentada. “Meu projeto é pioneiro na área, pois não há pesquisas sobre o potencial químico da madeira de laranjeira. Só existem trabalhos sobre o uso da fruta na extração de produtos químicos. Sendo assim, podemos ajudar os produtores a usarem a madeira para outros fins, ao invés da queima”, afirma.

Segundo as graduandas, durante os dias que permaneceram em São Petersburgo, elas também exploraram ao máximo a parte cultural. “Brincamos que agora temos um amigo em cada parte do mundo. Conhecemos pessoas do Cazaquistão, Quirguistão, Malásia, Indonésia, e outros países que nunca ouvimos falar”, conta Rafaela. Os organizadores do congresso promoveram visitas dos alunos aos pontos turísticos da cidade, além de realizarem dinâmicas de interação.

“Participamos de uma espécie de show de talentos. O professor Estraviz comentou que ninguém nunca havia apresentado dança e se tivéssemos alguma ideia podíamos fazer. Nós dançamos com uma calça azul anil, uma camiseta branca, uma cartola verde cheia de glitter e um lenço amarelo. Foi muito divertido”, comenta Rafaela. Além das amizades que fizeram, as alunas voltaram para casa com a sensação de dever cumprido e garantem que se sentem mais confiantes para enfrentar os novos desafios. “É indescritível o sentimento de chegar lá e se deparar com o seu sonho sendo realizado, sabendo que os professores e o júri acreditaram no seu trabalho a ponto de você ir para a Rússia se apresentar perante várias nações”, finaliza Caroline.

O congresso mantém uma política de premiar todos os participantes com certificado, medalha, flâmula e algum objeto eletrônico que ressalta a posição atingida. Rafaela ganhou um leitor de livros eletrônico e Caroline recebeu um aparelho celular.

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