Dimensão de dentes permite fazer distinção entre os sexos

Medida pode ser usada em apoio a processos de identificação, como em casos de descoberta de ossadas.

Júlio Bernardes / Agência USP de Notícias

Pesquisa da Faculdade de Odontologia (FO) da USP revela que a medida da dimensão dos dentes pode ser utilizada como forma de diferenciação entre homens e mulheres (dimorfismo sexual). O estudo foi realizado pelo cirurgião-dentista Ismar Eduardo Martins Filho a partir da análise de modelos dos arcos dentários de 200 pessoas, nos Estados de São Paulo e da Bahia. O método pode ser utilizado como apoio em processos de identificação, por exemplo em casos de descoberta de ossadas.

O trabalho procurou identificar diferenciação sexual em adultos brasileiros por intermédio das medidas dentárias. “Especificamente, foram verificadas as medidas dentárias, analisando as diferenças entre os sexos e as medições”, afirma Martins Filho. “Também foram identificados quais características dentárias e indicadores identificam melhor o dimorfismo sexual e analisadas diferentes técnicas estatísticas para a contribuição do estudo do dimorfismo sexual”.

A amostra utilizou modelos de gesso de 200 pessoas de ambos os sexos (100 em São Paulo e 100 na Bahia), com idade entre 20 a 30 anos, obtidos por meio da colaboração de dois ortodontistas, que cederam gentilmente os modelos para medição. “O objetivo de limitar a amostra foi assegurar que as dentições estejam relativamente intactas, livres de patologia”, conta o pesquisador.

Caninos e molares superiores

Em cada pessoa, foram mensurados 28 dentes de um total de 32, sendo excluídos da amostra os terceiros molares. “As medidas dentais dos participantes masculinos apresentaram médias maiores que as das participantes do sexo feminino”, ressalta. “Os melhores indicadores para verificar o dimorfismo sexual foram as dimensões dos dentes caninos e molares superiores, pois indicaram com maior fidelidade a diferença entre os sexos”.

“O método por si só não constitui uma forma de identificação”, explica Martins Filho. “No entanto, ele pode ser um método auxiliar, podendo distinguir com facilidade homens de mulheres”. Entre as possibilidades de aplicação da técnica, estão a identificação de ossadas e casos em que os corpos estão carbonizados.

A pesquisa foi orientada pelo professor Edgar Michel Crosato, do Departamento de Odontologia Social da FO. O trabalho é descrito em tese de doutorado defendida em junho do ano passado. Atualmente, Ismar é professor de Odontologia Legal na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), em Jequié, na Bahia.

Mais informações: email iemfilho@uesb.edu.br, com Ismar Eduardo Martins Filho

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