Estudo premiado da FCFRP traz nova abordagem na produção de enzimas

A técnica recebeu prêmio na Alemanha e mostra o potencial econômico ecológico do Brasil.

Tauana Boemer e Marcela Baggini / Assessoria de Imprensa do Campus de Ribeirão Preto

Atualmente, investir em uma economia ecológica e socialmente sustentável, que promova o desenvolvimento econômico e a preservação do meio ambiente, tem sido prioridade. Reduzir o uso de catalisadores químicos, que causam grandes danos à natureza, é, portanto, um dos atuais objetivos da indústria, em seus diferentes seguimentos. Várias técnicas possibilitam esta redução, entre elas a utilização de enzimas, substituindo catalisadores químicos.

O uso dessas substâncias, proteínas especializadas e aceleradoras de reações químicas, foi também o tema da premiada pesquisa de doutorado do biólogo Tales Costa-Silva, na Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (FCFRP) da USP, intitulada Enzyme bioencapsulation using magnetic Fe3O4-chitosan. O trabalho está entre os vencedores do prêmio The Best Contribution, concedido pelo Bioencapsulation Research Group, grupo sediado na França e responsável pela pesquisa científica na área de bioencapsulação.

O trabalho traz uma nova abordagem para os processos de secagem e imobilização de enzimas, mostrando ser viável unir esses dois processos, ambos vantajosos, em uma só etapa, utilizando micropartículas de quitosana magnetizadas e secagem em spray dryer.

Segundo Costa-Silva, uma das grandes dificuldades na produção de proteínas para fins comerciais é sua baixa estabilidade em soluções aquosas, uma vez que a água facilita uma série de degradações físicas e químicas durante o processo de extração, purificação e armazenamento da proteína, tornando vantajoso, portanto, o processo de secagem.

Desidratar as enzimas possibilita também maior prazo de validade e torna mais prático o manuseio, facilitando o transporte e a estocagem à temperatura ambiente. A imobilização, por sua vez, auxilia a recuperação da enzima, possibilitando que ela seja reutilizada.

O estudo evidenciou a possibilidade da utilização da quitosana magnetizada como um suporte para imobilização de enzimas. Por conter partículas magnéticas, pode ser atraído por um imã, o que facilita a etapa de separação do biocatalisador do meio reacional. Já a secagem em spray dryer é uma alternativa a outros equipamentos de secagem, como o liofilizador, por ser mais econômica e desidratar uma maior quantidade de produtos.

Vale ressaltar que o Brasil, particularmente, é um dos países que mais pode se beneficiar com o desenvolvimento da tecnologia enzimática nacional. Isso se deve a enorme quantidade de matérias-primas renováveis que podem ser transformadas, por via enzimática, em produtos com alto valor agregado e úteis para setores estratégicos da economia.

O trabalho de Costa-Silva foi selecionado entre os 10 melhores apresentados no XXI International Conference on Bioencapsulation, realizado na Alemanha, em agosto de 2013. Ele foi o único representante brasileiro na premiação e seu trabalho foi orientado pelo professor Wanderley Pereira de Oliveira, coordenador do Laboratório P & D em Processos Farmacêuticos (LAPROFAR) da FCFRP.

Mais informações: (16) 3602-4188 ou (16) 3602-4437

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