Pesquisa da ECA mostra que uso de meios de comunicação é desafio em escolas de Barueri

Estudo analisa o uso de textos jornalísticos e propagandas no ensino fundamental.

Rúvila Magalhães / Agência USP de Notícias 

Textos jornalísticos, como crônicas, notícias e editoriais, são usados no estudo das estruturas do jornalismo, enquanto as mensagens publicitárias são mais utilizadas em estudos referentes ao seu caráter persuasivo, sedutor e mantenedor da sociedade de consumo. Essas são algumas conclusões à que a pesquisadora e jornalista Elisangela Rodrigues da Costa chegou em sua dissertação de mestrado Linguagens da comunicação: jornalismo e publicidade no ensino fundamental de Barueri/SP. A pesquisa, desenvolvida na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, também observou a plataforma utilizada para o estudo desses gêneros, identificando os hábitos midiáticos do professor.

Na busca do entendimento de como as linguagens da comunicação, no caso o jornalismo e a publicidade, são utilizadas nas práticas pedagógicas dos docentes de Língua Portuguesa dos anos finais do Ensino Fundamental (oitavo e nono) na rede municipal de Barueri, município de São Paulo, Elisangela iniciou o seu mestrado em 2010. Além de ser jornalista, ela atuava na educação como coordenadora dos cursos de formação continuada de docentes daquele município.

Buscas e resultados

Entre os objetivos da pesquisa estão identificar os hábitos midiáticos do professor e a percepção que ele tem da recepção dos alunos, verificar se o sistema utilizado influencia na comunicação no universo da sala de aula, investigar a apropriação que o docente de Língua Portuguesa faz das linguagens da comunicação em sua ação pedagógica, verificar as linguagens comunicacionais preferidas pelos docentes e os motivos que legitimam essas escolhas, assim como as dificuldades que eles enfrentam ao trabalhar essas linguagens. A pesquisa também busca verificar como o docente se relaciona com as duas linguagens diante do ensino de Língua Portuguesa e, por fim, identificar a relação do professor com os alunos nas atividades propostas em sala de aula quanto a estes tipos de linguagens.

“Em relação ao jornalismo, identificamos que ele é predominante quanto aos textos comunicacionais em sala; da notícia ao editorial, são estudos propostos aos alunos de forma a direcionar a aprendizagem de suas estruturas, variando de acordo com a metodologia do profissional docente”, explica Elisangela.“Nas comparações entre as linguagens, a publicidade parece ser introduzida nas atividades para além do simples estudo estrutural, pois,em sua utilização, são acoplados outros recursos que permitem maior amplitude de sua dimensão, e até a inserção de aparatos tecnológicos por conta disto”, continua.

O estudo também permitiu concluir que ainda restam dúvidas quanto ao lugar das tecnologias no âmbito educacional: o posicionamento dos aparatos tecnológicos ainda é um desafio para a relação de comunicação e educação. O uso próprio das tecnologias comunicacionais representa a emancipação dos estudantes,“pois permite a construção de ideias,valores e conceitos que circulam pelos suportes comunicacionais, circulação esta não tão adequada do ponto de vista pedagógico, mas que resulta em novas leituras e interpretações das mensagens”, relata a jornalista. Ela aponta um paradoxo: os professores mostram angústia por não darem maior autonomia aos alunos, mas assustam-se ao percebê-los independentes diante das tecnologias comunicacionais.

“Dentro do contexto, o município de Barueri, pelos índices verificados, apresenta condições (educacionais, culturais e econômicas) para implementar ações voltadas à interface comunicação e educação”, aponta Elisangela. De modo a aproveitar mais plenamente os recursos disponíveis, a pesquisadora sugere algumas abordagens como a melhoria dos cursos de formação docente continuada, reflexões sobre a estrutura curricular e orientações didáticas para o uso dos gêneros jornalísticos e publicitários da esfera digital.

Orientada por Adilson Citelli, a pesquisa contou com um levantamento bibliográfico e coleta e análise de dados. A coleta de dados aconteceu por meio de questionários e entrevistas com docentes e alunos, sendo que esses dados foram analisados sob a base teórica recolhida na orientação metodológica proposta por Maria Immacolata Vassalo de Lopes. Por fim, a pesquisa mostra que os maiores benefícios são obtidos por meio da boa formação dos docentes diante de plataformas tecnológicas e comunicacionais, melhoria no currículo escolar e das graduações dos docentes em detrimento de um investimento puro e simples em formas de tecnologia.

Mais informações: email lisacosta@usp.br, com Elisangela Rodrigues da Costa

Scroll to top