USP e UFSCar utilizam técnica de terapia fotodinâmica para exterminar mosquitos

O projeto, de autoria da mestranda em biotecnologia da UFSCar, Larissa Marila de Souza, sob orientação de pesquisadores do Grupo de Óptica (GO) do IFSC, é vinculado a vetores urbanos, especificamente ao Aedes aegypti.

Da Assessoria de Comunicação do IFSC

Você já deve ter cansado de escutar que qualquer local que possibilite o acúmulo de água limpa e parada serve de “residência” para o mosquito Aedes aegypti, causador da dengue, e que essa proliferação se dá em maior quantidade no ambiente doméstico (90%), graças à água limpa acumulada nos vasos de plantas, garrafas plásticas, pneus etc. Você também já deve saber que cobrindo caixas d´água, esvaziando garrafas, latas e baldes e guardando-os num local coberto e não deixar pneus expostos são pequenas ações que podem evitar a reprodução do inseto.

Mesmo que a população tenha ciência de como evitar a propagação do mosquito da dengue, casos da doença continuam tendo número considerável no Brasil e no mundo. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 80 milhões de novos casos de dengue são registrados anualmente e suas manifestações clínicas podem ir desde uma simples síndrome viral até quadros graves de hemorragias e choques, levando à morte do infectado.

Para conter essa antiga (e notória) epidemia, pesquisadores do Instituto de Física de São Carlos (IFSC) em parceria com o Departamento de Hidráulica da USP e com o Departamento de Hidrobiologia da UFSCar têm utilizado a terapia fotodinâmica para eliminar o mosquito.

O projeto, de autoria da mestranda em biotecnologia da UFSCar, Larissa Marila de Souza, sob orientação dos pesquisadores do Grupo de Óptica (GO) do IFSC, Natália Mayumi Inada e Vanderlei Salvador Bagnato, é vinculado a vetores urbanos, especificamente ao Aedes aegypti.

Em um de seus experimentos, Larissa mergulhou larvas de diferentes estágios do mosquito da dengue em uma solução na qual se encontrava dissolvida uma droga fotossensibilizadora (Photogem®). Depois disso, expôs a solução com as larvas a diferentes fontes de luz (solar, lâmpadas fluorescentes e LEDs) e foi quando verificou que a mortalidade das arvas foi bastante significativa: acima de 90% quando expostas à luz solar e a lâmpadas fluorescentes e entre 70 e 80% quando expostas aos LEDs.

A Terapia Fotodinâmica é resultado da interação do fotossensiblizador com a luz e com o oxigênio, e é uma técnica constantemente utilizada pelo Grupo de Óptica no tratamento de lesões malignas e no controle microbiológico, e agora também no controle das larvas do Aedes aegypti. “Estamos, paralelamente, testando outras substâncias químicas fotossensibilizadoras: a clorina, que mata fungos e
bactérias com uma eficiência quântica muito grande, e a curcumina produzida a partir das raízes do açafrão”, explica Natália.

Mas, os bons resultados não param por aí: além dos testes com larvas, Larissa realizou experimentos com os mosquitos adultos da dengue. Ela dissolveu o Photogem® em sangue de carneiro e açúcar e alimentou fêmeas e machos do Aedes aegypti criados em laboratório. “Os mosquitos são atraídos pela temperatura, então aqueci o sangue, mas não adiantou. Então, adicionei o açúcar e deu certo”, conta a mestranda.

Através de microscopia óptica confocal de fluorescência, Larissa pôde observar a presença do Photogem® no trato digestório e glândulas salivares das larvas. Além disso, os ovos resultantes do acasalamento dos mosquitos com Photogem® no organismo não eclodiram. “Ainda precisamos fazer mais experimentos para saber, com certeza, se a não eclosão dos ovos está relacionada à presença do fotossesibilizador no organismo dos vetores”, ressalta Larissa.

O principal objetivo da pesquisa em questão é a produção de um composto capaz de eliminar o mosquito da dengue, mas estudos de impacto ambiental também serão realizados simultaneamente, já que os larvicidas utilizados atualmente para o extermínio do Aedes aegypti contaminam o ambiente. “Uma das grandes preocupações desse projeto é conseguir, além da morte de larvas e mosquitos causadores da dengue, oferecer uma nova terapia que seja ecologicamente correta, ou seja, que a água ou solo, nos quais será dissolvida a substância química, não sejam contaminados”, explica Natália.

O trabalho, mesmo em seu início, já oferece resultados animadores. Inclusive, quando apresentado no 14º World Congress of the International Photodynamic Association, foi premiado como o melhor poster do congresso. Com isso, muito em breve, um novo método será encontrado para o extermínio da dengue, o que fará com que o Aedes aegypti pense duas vezes antes de colocar “as asinhas de fora”.

Mais informações: email comunicifsc@ifsc.usp.br

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